Quando Ennio Morricone ofereceu “Uma Cruz” a Bento XVI

https://www.snpcultura.org/imagens/partitura_20200709_pc.jpgNa longa e celebrada carreira de Ennio Morricone, a partitura manuscrita “Uma cruz” constituiu a sua homenagem a Bento XVI, por ocasião do 60.º aniversário da sua ordenação sacerdotal, celebrada em 2011.

As notas sobre pentagramas que formam uma cruz, numa fascinante convergência entre aspetos compositivos e iconográficos, integraram o projeto “O esplendor da verdade. A beleza da caridade”, com o qual criadores de várias artes, incluindo o P. José Tolentino Mendonça, homenagearam as seis décadas de sacerdócio do papa emérito.

Para evocar o compositor, que foi sepultado esta quarta-feira, em Roma, o pároco de uma paróquia de Génova decidiu que no próximo domingo, 11 de julho, vão ser interpretadas obras da sua autoria numa das  missas da manhã no órgão da igreja da Santíssima Anunciada de Sturla.

Os trechos serão executados pelo organista Luca Carpiagiani, e, no fim, o próprio pároco, P. Valentino Porcile, interpretará o conhecido tema principal do filme “A missão”, “Gabriel’s Oboe”.

O diretor da Sala de Imprensa do Sagrado Convento  de Assis, também evocou o compositor no dia da sua morte, segunda-feira, 6 de julho: «Hoje deixa-nos um bom cristão, desejo recordá-lo com as suas palavras, quando nos disse “a vossa vida seja música, seja harmonia”, e com a partitura de “A missão” definiu a vida de S. Francisco».

«Hoje, uma nova luz do céu recordar-nos-á de  fazer da tua vida uma missão. Desde hoje no céu há uma nova estrela em forma de M, Missão, Maestro, Morricone», assinalou o P. Enzo Fortunato.

O religioso lembrou igualmente quando o compositor dirigiu, em Assis, uma orquestra na basílica de S. Francisco, para o concerto de Natal de 2012, na presença do então primeiro-ministro italiano.

«Na sugestiva cornija dos frescos de Giotto, a sua música invadiu e abraçou os corações e a alma de quem teve o privilégio de o escutar», referiu.

Esta quarta-feira a agência italiana ANSA anunciou que o papa teria telefonado, no dia anterior, à viúva do compositor, Maria, tendo-lhe transmitido que rezou pelo criador galardoado com dois Óscares e por toda a família, notícia que não foi confirmada pela Santa Sé.

Antes de morrer, Morricone tinha redigido um necrológio, agora tornado público, no qual agradeceu à família e, em particular, à esposa: «A ela renovo o amor extraordinário que nos manteve juntos e que lamento abandonar. A ela o mais doloroso adeus».



Imagem "Uma Cruz" | Ennio Morricone | 2011 | D.R.

 

Rui Jorge Martins
Fonte: ANSA
Imagem: Uma Cruz" (det.) | Ennio Morricone | 2011 | D.R.
Publicado em 09.07.2020

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