A leitura, que conta com a participação de Sofia Alves, João de Carvalho, Diana Marquês Guerra, Diogo Lopes, Ana Catarina Afonso, Rita Cleto, Heitor Lourenço e Helena Veloso, vai decorrer à porta fechada no auditório Eunice Muñoz, em Oeiras.
«É desta forma que em Oeiras se celebra o nascimento desta personalidade, não só pela sua dimensão humana, mas também pelo seu trabalho e coragem de homem ligado ao teatro», anuncia um comunicado da autarquia.
A iniciativa, dirigida por Celso Cleto e com produção do Teatro Dramax, será transmitida em direto, às 21h00, no Facebook do Município de Oeiras, respeitando-se as normativas da Direção Geral de Saúde sobre as distâncias de segurança entre os intervenientes.
«Sentíamos que não podíamos deixar de celebrar o primeiro centenário do nascimento de João Paulo II, não só pela sua dimensão humana, mas também pelo seu trabalho e coragem de homem ligado ao teatro», destaca o encenador.
Em texto publicado na página do município, Celso Cleto enaltece a biografia do papa: «Talvez para muitos, este facto seja desconhecido, mas para nós pessoas que vivemos da e na arte de representar não o esquecemos, nem podíamos esquecer alguém que com risco da própria vida durante a ocupação nazi, não baixou os braços e continuou a fazer teatro».
«Para podermos realizar esta iniciativa o Vaticano cedeu os direitos em exclusivo, ao Teatro Dramax de Oeiras, nas regras que o Papa João Paulo ll deixou escritas em testamento»: «“Apenas autorizo a simples leitura da peça e não a criação de um espetáculo” – João Paulo II», assinala.
João Paulo II descobre, na juventude, «a paixão pelo teatro, e tem na arte de representar um forte empenho, como ator, como cenógrafo e, mais tarde, como dramaturgo. “…Foi nessa época que me apaixonei pelo teatro. A palavra ao vivo que dele fazia parte cativava-me. Conquistou-me a força que a palavra pode ter para modificar o mundo á nossa volta. O teatro e a palavra, a palavra e o teatro têm esse poder…”».
Celso Cleto recorda que, mesmo após a ocupação nazi da Polónia, Karol Wojtyla manteve o entusiasmo pelo teatro, criando «os seus próprios espetáculos na clandestinidade, improvisando palcos em caves e em casas particulares», tendo cofundado, em 1941, o Teatro Rapódico.
Na sequência das detenções de colegas seus, «Karol refugia-se durante a noite nos subterrâneos de uma residência episcopal onde vai passar a viver durante algum tempo… E lá descobre uma outra sua vocação que lhe estaria destinada. No entanto, o gosto pelo teatro e a consciência do que se pode fazer com a força das palavras no teatro, nunca esqueceu…».
Através do pseudónimo Andrzej Jawiém assinou «várias obras e resolveu, finalmente, editar em 1960, a obra “A loja do Ourives”», «considerada por muitos, vanguardista para a sua época, despreconcebida, sem retóricas nem divagações dispersivas. O tradicional diálogo entrecortado e rápido é substituído, nesta obra, por monólogos interiores e profundos, sem convencionalismos e sem artifícios cénicos», aponta Celso Cleto.
Traduzido em mais de duas dezenas de línguas, “A loja do ourives” tem como ponto de partida a cidade polaca de Cracóvia, onde João Paulo II nasceu, a partir de 1939, ano de início da segunda guerra mundial, refletindo em temas como o amor, casamento e a relação entre pais e filhos.
Fonte: Município de Oeiras
Imagem: S. João Paulo II | D.R.
Publicado em 16.05.2020 | Atualizado em 18.05.2020
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