O elogio das crises de fé (1/5)

A pergunta ouve-se aqui e ali, repete uma inquietação milenar: onde está Deus neste tempo em que morrem milhares de pessoas por causa da pandemia?
Onde está Deus nas multidões de crianças, adultos e idosos que desde há muito – desde sempre? – perdem a vida por causa da fome, guerra, migrações, exploração, fenómenos naturais…?
Voltamos a propor a conferência proferida há oito anos pelo P. José Tolentino Mendonça, no extinto convento das Dominicanas, em Lisboa, sobre o tema “O elogio das crises de fé”
A cada dia desta Semana Santa, até Sexta-feira, apresentamos um excerto de cerca de 10 minutos com a intervenção do agora cardeal arquivista e bibliotecário do Vaticano, à maneira de meditação para um retiro de silêncio, busca, esperança.
A palavra a D. Tolentino Mendonça:
«Mais do que uma palavra, “crise” é uma árvore de ramos incessantes». «A crise é uma espécie de assinatura humana.» «A crise é essencial para podermos crescer.» «Não há vida», «maturação pessoal», «crescimento espiritual» nem «consciência de si» que «não suponha a experiência» da crise.
«Não faz sentido alimentarmos uma visão puramente negativa da crise». O que nos é pedido, «antes de tudo, é que escutemos a sua voz», tornando-a um «lugar de aprendizagem». «A crise aparece como um apelo e uma mensagem que é preciso decifrar».
«O verdadeiro problema que a crise coloca é como geri-la, que uso fazer dela.» A vida é o perde-ganha. E nesta perde inscreve-se a possibilidade surpreendente» por onde o «imprevisto de Deus pode entrar».



Edição: Rui Jorge Martins
Imagem: digitalista/Bigstock.com
Publicado em 06.04.2020


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