Num espaço da casa dedicado à oração familiar, pode colocar-se a
Bíblia aberta, a cruz ou uma imagem de Cristo crucificado, uma vela e
um vaso com alguns ramos de oliveira, palma ou outra planta verde que,
eventualmente, se tenha à disposição.
A oração pode ser orientada por um dos familiares mais velhos. Pode também ter-se à mão uma folha com cânticos, talvez ensaiados nos dias anteriores, e que podem ser entoados no início e na conclusão desta oração.
Introdução
Guia: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Ámen.
Guia: Hossana ao Filho de David. Bendito aquele que vem em nome do Senhor.
Todos: A Ele glória e louvor pelos séculos dos séculos.
Guia: A comunidade cristã faz, hoje, memória da entrada de Jesus em Jerusalém. Noutras circunstâncias, haveríamos de nos reunir todos juntos, na nossa igreja, com a nossa comunidade, para viver o sinal da procissão com as palmas e os ramos de oliveira abençoados, imitando as multidões que acolheram Jesus e o aclamaram Rei e Senhor. E depois, participaríamos na celebração da Eucaristia. Este ano não é possível viver isto todos juntos, mas também da nossa casa queremos aclamar Cristo neste dia. Queremos acolher o Senhor Jesus na nossa habitação e confiar-lhe a oração por nós, pelos nossos amados e por toda a humanidade. Pedimos para o seguir até à cruz e à ressurreição. A sua paixão mude o nosso coração, e torne a nossa vida rica de frutos de boas obras.
Um membro da família leva para a mesa o vaso com as plantas verdes.
Guia: Deus todo-poderoso e eterno, através de um ramo de oliveira anunciaste a Noé e aos seus filhos a tua misericórdia e a aliança com toda a criatura, e através dos ramos de árvores quiseste que o teu Filho Jesus fosse aclamado Messias, Rei da paz, humilde e manso, que veio para cumprir a aliança definitiva: olha para esta tua família, que deseja acolher com fé o nosso Salvador, e concede-nos segui-lo até à cruz, para participarmos da sua ressurreição. Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Todos: Ámen.
Proclamação da Palavra e meditação
Guia
Rezemos juntos com o Salmo 46.
O Salmo pode ser rezado alternando dois leitores, ou alternando um leitor e todos, ou distribuindo as estrofes por cada membro da família, ou confiando as estrofes a um leitor enquanto os outros repetem o refrão.
Todos: (refrão)
Louvor e glória a ti, Cristo salvador
Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é temível;
Ele é o grande rei de toda a terra.
Ele submeteu os povos ao nosso poder,
pôs as nações a nossos pés.
Para nós escolheu a nossa herança,
a glória de Jacob, seu predileto.
Deus subiu por entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai a Deus, cantai!
Cantai ao nosso rei, cantai!
Pois Deus é o rei de toda a terra,
cantai-lhe um poema de louvor!
Deus reina sobre as nações,
Deus está sentado no seu trono santo.
Reuniram-se os príncipes dos povos
ao povo do Deus de Abraão.
Pois dependem de Deus os potentados da terra;
Ele está acima de todas as coisas!
Um dos membros da família pode acender a vela. A seguir, proclama-se o Evangelho: por uma só pessoa, ou distribuindo as vozes do narrador, de Jesus (que pode ser lida pelo pai) e dos intervenientes.
Narrador: Do Evangelho segundo Mateus (21,1-11)
Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes:
Jesus: Ide à povoação que está em frente e encontrareis uma jumenta presa e, com ela, um jumentinho. Soltai-os e trazei-mos. E se alguém vos disser alguma coisa, respondei que o Senhor precisa deles, mas não tardará em devolvê-los.
Narrador: Isto sucedeu para se cumprir o que o Profeta tinha anunciado: «Dizei à filha de Sião: “Eis o teu Rei, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho de uma jumenta”».
Os discípulos partiram e fizeram como Jesus lhes ordenara: trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram-lhes em cima as suas capas e Jesus sentou-se sobre elas.
Numerosa multidão estendia as capas no caminho; outros cortavam ramos de árvores e espalhavam-nos pelo chão. E, tanto as multidões que vinham à frente de Jesus como as que o seguiam, diziam em altos brados:
Interveninete: Hossana ao Filho de David! Bendito O que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas!
Narrador: Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou em alvoroço.
Interveniente: Quem é Ele?,
Narrador: Perguntavam. E a multidão respondia:
Interveniente: É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia.
Momento de silêncio para reflexão. Pode ler-se por inteiro ou parcialmente a meditação que se propõe a seguir; ou, lendo-a ou não, extrair algumas pistas para a partilha pessoal sobre o que mais sensibilizou os participantes. Nos artigos relacionados, após a conclusão deste artigo, encontram-se mais reflexões.
Guia: Com a celebração do Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor, o itinerário quaresmal introduz-nos naquela Semana cujos dias são denominados santos. São os dias nos quais se realiza o grande mistério da Salvação: o ser humano pecador é unido à vida de Cristo, o Santo, e por Ele é redimido. O ser humano é santificado mediante Jesus Cristo e a sua obediência ao Pai até à morte de cruz. A vida do Filho oferecida em sacrifício reporta-nos à nossa dignidade de filhos do Pai.
Para participar na alegria da Páscoa devemos viver, a cada ano, em toda a sua plenitude os mistérios destes dias, que têm o auge no Tríduo de Cristo crucificado, sepultado e ressuscitado, coração de todo o ano litúrgico.
Com o papa S. Paulo VI podemos repetir: «O mistério pascal, que encontra na Semana Santa a sua mais alta e comovida celebração, não é simplesmente um momento do ano litúrgico; ele é a fonte de todas as outras celebrações do próprio ano litúrgico, porque todas se referem ao mistério da nossa redenção, isto é, ao mistério pascal».
Na página evangélica escutámos a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém, segundo a narração de Mateus, o evangelista que nos acompanha este ano.
A antífona de entrada, que introduz a missa de hoje quando não se realiza a procissão, diz assim: «Seis dias antes da Páscoa, o Senhor entrou em Jerusalém e as crianças vieram ao seu encontro, com ramos de palmeira, cantando com alegria: “Hossana nas alturas. Bendito sejais, Senhor, que vindes trazer ao mundo a misericórdia de Deus”».
O mesmo canto ressoa neste dia nos nossos lábios, e o nosso coração quer abrir-se para acolher no meio de nós, na nossa casa, Jesus, a quem pedimos a graça de o acompanhar não só nesta hora, mas de o seguir até à cruz, para participarmos na sua ressurreição. É por isso que, neste domingo, após a evocação festiva daquela entrada na cidade santa, a liturgia dá lugar à narrativa da paixão do Senhor.
O que a Igreja proclama neste dia não é só o relato dos acontecimentos. A paixão de Cristo é o caminho que o Pai traçou para o Filho, prefigurado no sacvrifício do servo sofredor evocado na primeira leitura da missa (Isaías 50,4-7). Na segunda leitura, o maravilhoso hino a Jesus Cristo contido na Carta aos Filipenses (2,6-11) desvela o segredo da nossa salvação: o grande mistério do amor daquele que, apesar de ser Deus, se esvazia de si, se faz nosso servo, obediente ao Pai até à morte de cruz, fazendo sua a paixão e a cruz de toda a humanidade sofredora.
Santo Agostinho, retomando a imagem evangélica do grão, dizia: «Se o grão de trigo não tivesse caído na terra, não teria frutificado, teria ficado só. Cristo, ao contrário, caído à terra na paixão, a que se seguiu a frutificação na ressurreição».
A Ele queremos confiar sobretudo eeste momento de provação e sofrimento no nosso país e em toda a humanidade. Pedimos-lhe que dê a sua força aos médicos, aos enfermeiros, a todos os agentes de saúde que estão a tratar os muitos doentes. Pedimos-lhe que sustente os doentes e os seus familiares.
A nossa oração sobe ao Pai a partir da nossa família, unindo-se à oração de toda a grande família da Igreja, da quel fazemos parte, para que, pela paixão de Cristo, o coração de cada pessoa regresse ao Pai que o criou e redimiu, a vida de todos seja rica de frutos de boas obras, e em nós resplandeça a beleza da filiação divina e da nossa fraternidade.
A ti sobe a nossa oração
Guia: Olhando para a cruz colocada sobre a mesa, aclama-se a Cristo, morto pela nossa salvação.
Interveniente: Voltemos o olhar para aquele que por nós foi trespassado.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, Tu precedes-nos a cada dia, e nós seguir-te-emos passo após passo. Qualquer que seja o caminho, é maravilhoso caminhar contigo.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, os nossos olhos prescrutam o teu rosto, estão seduzidos pela tua infinita e misteriosa beleza. Qualquer que seja a maneira como te revelas, é maravilhoso contemplar-te.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, a nossa boca balbucia o teu Nome, Tu inspiras as suas palavras e sons. Qualquer que seja a língua que te canta, é maravilhoso orar-te e louvar-te.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, a nossa mão está estendida diante de ti, mais não somos do que mendigos de amor. Qualquer que seja o dom que nos ofereces, é maravilhoso recebê-lo de ti.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, o nosso coração procura-te e anseia-te: não queremos outra coisa a não ser morar em ti. Qualquer que seja o lugar onde habites, é maravilhoso encontrar-te e estar contigo.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Cada membro da família pode apresentar as suas preces, espontâneas, ou preparadas antes de começar a oração.
Guia: Deus todo-poderoso e eterno, que deste como modelo aos seres humanos Cristo, teu Filho, nosso Salvador, feito homem e humilhado até à morte de cruz, faz com que tenhamos sempre presente o grande ensinamento da sua paixão, para participar na glória da ressurreição. Ele que é Deus e vive e reina contigo, na unidade do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.
Todos: Ámen.
Guia: Agora, com os mesmos sentimentos de Jesus Cristo, trazemos no coração os sofrimentos e as aspirações de todos os seres humanos, e unidos a Ele rezamos:
Guia: Pai nosso…
Invocação da bênção do Pai
Guia: Pai, dirige o olhar para a nossa família e para toda a humanidade: o nosso Senhor Jesus Cristo, que não hesitou em entregar-se às mãos dos malfeitores e a sofrer o suplício da cruz, nos acompanhe com a sua misericórdia, e abra o nosso coração à esperança. Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Todos: Ámen.
Sugestões para a celebração com crianças
Pode explicar-se que está a começar uma semana muito importante para os cristãos, porque recorda os factos mais importantes da vida de Jesus, que ocorreram precisamente nesses oito dias.
Após a leitura do Evangelho, reserva-se um tempo de silêncio. Depois, explica-se às crianças que a família quer fazer como as pessoas de Jerusalém: cada pessoa pega num ramo verde (se não houver, podem ser desenhados numa folha, nos dias anteriores, um para cada membro da família).
A seguir, faz-se uma pequena procissão pelos espaços da casa, que pode ter alguns momentos de pausa para erguer e agitar os ramos, e/ou repetindo um refrão simples – por exemplo: «Obrigado, Senhor! Tu queres-nos bem, Senhor! Tu és bom, Senhor! A ti, o nosso louvor, Senhor! Hossana no alto dos céus!».
Partindo da cozinha, pode agradecer-se a Deus porque não nos faz faltar o alimento de cada dia; na casa de banho (banheiro) agradece-se a Deus por nos ter dado o nosso corpo, e os pais, que ensinam a tê-lo bonito e limpo. Nos quartos de dormir agradece-se a Deus por dar a noite para repousar e pessoas que nos querem bem, quando somos obrigados a ficar de cama por estarmos doentes – e aqui podemos recordar as pessoas atingidas pelo vírus. A terminar, na sala de estar, agradece-se a Deus pela família, por nos querermos bem uns aos outros e a Jesus.
Se os ramos forem autênticos, podem colocar-se num vaso com água; juntamente com a cruz, a Bíblia e a vela pode criar-se um “lugar belo” dentro de casa, que permaneça durante os próximos dias.
A oração pode ser orientada por um dos familiares mais velhos. Pode também ter-se à mão uma folha com cânticos, talvez ensaiados nos dias anteriores, e que podem ser entoados no início e na conclusão desta oração.
Introdução
Guia: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Ámen.
Guia: Hossana ao Filho de David. Bendito aquele que vem em nome do Senhor.
Todos: A Ele glória e louvor pelos séculos dos séculos.
Guia: A comunidade cristã faz, hoje, memória da entrada de Jesus em Jerusalém. Noutras circunstâncias, haveríamos de nos reunir todos juntos, na nossa igreja, com a nossa comunidade, para viver o sinal da procissão com as palmas e os ramos de oliveira abençoados, imitando as multidões que acolheram Jesus e o aclamaram Rei e Senhor. E depois, participaríamos na celebração da Eucaristia. Este ano não é possível viver isto todos juntos, mas também da nossa casa queremos aclamar Cristo neste dia. Queremos acolher o Senhor Jesus na nossa habitação e confiar-lhe a oração por nós, pelos nossos amados e por toda a humanidade. Pedimos para o seguir até à cruz e à ressurreição. A sua paixão mude o nosso coração, e torne a nossa vida rica de frutos de boas obras.
Um membro da família leva para a mesa o vaso com as plantas verdes.
Guia: Deus todo-poderoso e eterno, através de um ramo de oliveira anunciaste a Noé e aos seus filhos a tua misericórdia e a aliança com toda a criatura, e através dos ramos de árvores quiseste que o teu Filho Jesus fosse aclamado Messias, Rei da paz, humilde e manso, que veio para cumprir a aliança definitiva: olha para esta tua família, que deseja acolher com fé o nosso Salvador, e concede-nos segui-lo até à cruz, para participarmos da sua ressurreição. Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Todos: Ámen.
Proclamação da Palavra e meditação
Guia
Rezemos juntos com o Salmo 46.
O Salmo pode ser rezado alternando dois leitores, ou alternando um leitor e todos, ou distribuindo as estrofes por cada membro da família, ou confiando as estrofes a um leitor enquanto os outros repetem o refrão.
Todos: (refrão)
Louvor e glória a ti, Cristo salvador
Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é temível;
Ele é o grande rei de toda a terra.
Ele submeteu os povos ao nosso poder,
pôs as nações a nossos pés.
Para nós escolheu a nossa herança,
a glória de Jacob, seu predileto.
Deus subiu por entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai a Deus, cantai!
Cantai ao nosso rei, cantai!
Pois Deus é o rei de toda a terra,
cantai-lhe um poema de louvor!
Deus reina sobre as nações,
Deus está sentado no seu trono santo.
Reuniram-se os príncipes dos povos
ao povo do Deus de Abraão.
Pois dependem de Deus os potentados da terra;
Ele está acima de todas as coisas!
Um dos membros da família pode acender a vela. A seguir, proclama-se o Evangelho: por uma só pessoa, ou distribuindo as vozes do narrador, de Jesus (que pode ser lida pelo pai) e dos intervenientes.
Narrador: Do Evangelho segundo Mateus (21,1-11)
Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes:
Jesus: Ide à povoação que está em frente e encontrareis uma jumenta presa e, com ela, um jumentinho. Soltai-os e trazei-mos. E se alguém vos disser alguma coisa, respondei que o Senhor precisa deles, mas não tardará em devolvê-los.
Narrador: Isto sucedeu para se cumprir o que o Profeta tinha anunciado: «Dizei à filha de Sião: “Eis o teu Rei, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho de uma jumenta”».
Os discípulos partiram e fizeram como Jesus lhes ordenara: trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram-lhes em cima as suas capas e Jesus sentou-se sobre elas.
Numerosa multidão estendia as capas no caminho; outros cortavam ramos de árvores e espalhavam-nos pelo chão. E, tanto as multidões que vinham à frente de Jesus como as que o seguiam, diziam em altos brados:
Interveninete: Hossana ao Filho de David! Bendito O que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas!
Narrador: Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou em alvoroço.
Interveniente: Quem é Ele?,
Narrador: Perguntavam. E a multidão respondia:
Interveniente: É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia.
Momento de silêncio para reflexão. Pode ler-se por inteiro ou parcialmente a meditação que se propõe a seguir; ou, lendo-a ou não, extrair algumas pistas para a partilha pessoal sobre o que mais sensibilizou os participantes. Nos artigos relacionados, após a conclusão deste artigo, encontram-se mais reflexões.
Guia: Com a celebração do Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor, o itinerário quaresmal introduz-nos naquela Semana cujos dias são denominados santos. São os dias nos quais se realiza o grande mistério da Salvação: o ser humano pecador é unido à vida de Cristo, o Santo, e por Ele é redimido. O ser humano é santificado mediante Jesus Cristo e a sua obediência ao Pai até à morte de cruz. A vida do Filho oferecida em sacrifício reporta-nos à nossa dignidade de filhos do Pai.
Para participar na alegria da Páscoa devemos viver, a cada ano, em toda a sua plenitude os mistérios destes dias, que têm o auge no Tríduo de Cristo crucificado, sepultado e ressuscitado, coração de todo o ano litúrgico.
Com o papa S. Paulo VI podemos repetir: «O mistério pascal, que encontra na Semana Santa a sua mais alta e comovida celebração, não é simplesmente um momento do ano litúrgico; ele é a fonte de todas as outras celebrações do próprio ano litúrgico, porque todas se referem ao mistério da nossa redenção, isto é, ao mistério pascal».
Na página evangélica escutámos a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém, segundo a narração de Mateus, o evangelista que nos acompanha este ano.
A antífona de entrada, que introduz a missa de hoje quando não se realiza a procissão, diz assim: «Seis dias antes da Páscoa, o Senhor entrou em Jerusalém e as crianças vieram ao seu encontro, com ramos de palmeira, cantando com alegria: “Hossana nas alturas. Bendito sejais, Senhor, que vindes trazer ao mundo a misericórdia de Deus”».
O mesmo canto ressoa neste dia nos nossos lábios, e o nosso coração quer abrir-se para acolher no meio de nós, na nossa casa, Jesus, a quem pedimos a graça de o acompanhar não só nesta hora, mas de o seguir até à cruz, para participarmos na sua ressurreição. É por isso que, neste domingo, após a evocação festiva daquela entrada na cidade santa, a liturgia dá lugar à narrativa da paixão do Senhor.
O que a Igreja proclama neste dia não é só o relato dos acontecimentos. A paixão de Cristo é o caminho que o Pai traçou para o Filho, prefigurado no sacvrifício do servo sofredor evocado na primeira leitura da missa (Isaías 50,4-7). Na segunda leitura, o maravilhoso hino a Jesus Cristo contido na Carta aos Filipenses (2,6-11) desvela o segredo da nossa salvação: o grande mistério do amor daquele que, apesar de ser Deus, se esvazia de si, se faz nosso servo, obediente ao Pai até à morte de cruz, fazendo sua a paixão e a cruz de toda a humanidade sofredora.
Santo Agostinho, retomando a imagem evangélica do grão, dizia: «Se o grão de trigo não tivesse caído na terra, não teria frutificado, teria ficado só. Cristo, ao contrário, caído à terra na paixão, a que se seguiu a frutificação na ressurreição».
A Ele queremos confiar sobretudo eeste momento de provação e sofrimento no nosso país e em toda a humanidade. Pedimos-lhe que dê a sua força aos médicos, aos enfermeiros, a todos os agentes de saúde que estão a tratar os muitos doentes. Pedimos-lhe que sustente os doentes e os seus familiares.
A nossa oração sobe ao Pai a partir da nossa família, unindo-se à oração de toda a grande família da Igreja, da quel fazemos parte, para que, pela paixão de Cristo, o coração de cada pessoa regresse ao Pai que o criou e redimiu, a vida de todos seja rica de frutos de boas obras, e em nós resplandeça a beleza da filiação divina e da nossa fraternidade.
A ti sobe a nossa oração
Guia: Olhando para a cruz colocada sobre a mesa, aclama-se a Cristo, morto pela nossa salvação.
Interveniente: Voltemos o olhar para aquele que por nós foi trespassado.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, Tu precedes-nos a cada dia, e nós seguir-te-emos passo após passo. Qualquer que seja o caminho, é maravilhoso caminhar contigo.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, os nossos olhos prescrutam o teu rosto, estão seduzidos pela tua infinita e misteriosa beleza. Qualquer que seja a maneira como te revelas, é maravilhoso contemplar-te.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, a nossa boca balbucia o teu Nome, Tu inspiras as suas palavras e sons. Qualquer que seja a língua que te canta, é maravilhoso orar-te e louvar-te.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, a nossa mão está estendida diante de ti, mais não somos do que mendigos de amor. Qualquer que seja o dom que nos ofereces, é maravilhoso recebê-lo de ti.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Interveniente: Senhor, o nosso coração procura-te e anseia-te: não queremos outra coisa a não ser morar em ti. Qualquer que seja o lugar onde habites, é maravilhoso encontrar-te e estar contigo.
Todos: Louvor e glória a ti, Senhor Jesus!
Cada membro da família pode apresentar as suas preces, espontâneas, ou preparadas antes de começar a oração.
Guia: Deus todo-poderoso e eterno, que deste como modelo aos seres humanos Cristo, teu Filho, nosso Salvador, feito homem e humilhado até à morte de cruz, faz com que tenhamos sempre presente o grande ensinamento da sua paixão, para participar na glória da ressurreição. Ele que é Deus e vive e reina contigo, na unidade do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.
Todos: Ámen.
Guia: Agora, com os mesmos sentimentos de Jesus Cristo, trazemos no coração os sofrimentos e as aspirações de todos os seres humanos, e unidos a Ele rezamos:
Guia: Pai nosso…
Invocação da bênção do Pai
Guia: Pai, dirige o olhar para a nossa família e para toda a humanidade: o nosso Senhor Jesus Cristo, que não hesitou em entregar-se às mãos dos malfeitores e a sofrer o suplício da cruz, nos acompanhe com a sua misericórdia, e abra o nosso coração à esperança. Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Todos: Ámen.
Sugestões para a celebração com crianças
Pode explicar-se que está a começar uma semana muito importante para os cristãos, porque recorda os factos mais importantes da vida de Jesus, que ocorreram precisamente nesses oito dias.
Após a leitura do Evangelho, reserva-se um tempo de silêncio. Depois, explica-se às crianças que a família quer fazer como as pessoas de Jerusalém: cada pessoa pega num ramo verde (se não houver, podem ser desenhados numa folha, nos dias anteriores, um para cada membro da família).
A seguir, faz-se uma pequena procissão pelos espaços da casa, que pode ter alguns momentos de pausa para erguer e agitar os ramos, e/ou repetindo um refrão simples – por exemplo: «Obrigado, Senhor! Tu queres-nos bem, Senhor! Tu és bom, Senhor! A ti, o nosso louvor, Senhor! Hossana no alto dos céus!».
Partindo da cozinha, pode agradecer-se a Deus porque não nos faz faltar o alimento de cada dia; na casa de banho (banheiro) agradece-se a Deus por nos ter dado o nosso corpo, e os pais, que ensinam a tê-lo bonito e limpo. Nos quartos de dormir agradece-se a Deus por dar a noite para repousar e pessoas que nos querem bem, quando somos obrigados a ficar de cama por estarmos doentes – e aqui podemos recordar as pessoas atingidas pelo vírus. A terminar, na sala de estar, agradece-se a Deus pela família, por nos querermos bem uns aos outros e a Jesus.
Se os ramos forem autênticos, podem colocar-se num vaso com água; juntamente com a cruz, a Bíblia e a vela pode criar-se um “lugar belo” dentro de casa, que permaneça durante os próximos dias.
D.R.
D.R.
Sugestões para a celebração por um casal
Diante de um espaço previamente preparado (com a cruz, Bíblia, vela e ramagens), o casal recolhe-se em silêncio.
Ele/ela: Começamos hoje, juntos, a Semana que mais nos fala ao coração, que dá luz a todas as semanas da nossa vida. Acolhamo-la com esta invocação: Semana Santa, cacho de dias de sabor antigo e sempre novo! És dom inestimável do Senhor para toda a Igreja.
Ele/ela: Os teus dias trazem esperança e luz a todas as horas que vivemos.
Ele/ela: Tu escancaras as portas do bem:
Ele/ela: O bem do Senhor para nós, e de nós para todos.
Ele/ela: Chamas-nos a contemplar quanto é grande o amor de Deus,
Ele/ela: que no seu Filho Jesus tudo nos disse e tudo nos deu”
Ele/ela: Semana bendita e santa:
Ele/ela: Em vão não passará. Desça a tua paz sobre a nossa família, sobre a nossa comunidade, sobre o nosso país!
Ele/ela: Preenche-nos o coração de comoção e admiração!
Ele/ela: Reforça a fé, dá-nos coragem, traz-nos futuro! Graças a ti há Páscoa também este ano, para todos e para cada um.
Ele/ela: Para quem está só e para quem está doente, para quem dá a sua vida para tratar e curar, e para quem chega ao fim do seu caminho.
Juntos: Por todos, por cada família, para sempre, o teu mistério seja consolação e futuro.
Acende-se a vela e lê-se o Evangelho (Mateus 21,1-11). A seguir, faz-se um momento de silêncio. Depois, pode fazer-se uma pequena procissão pelas divisões da casa, a começar pela cozinha.
Ele/ela: Não podendo recordar a entrada de Jesus em Jerusalém juntamente com a nossa comunidade, fazemo-lo dentro das paredes da nossa casa, para reconhecer que Ele é o Rei e o Senhor dos nossos dias e das nossas vida. Com a sua cruz queremos dar alguns passos nos espaços em que vivemos diariamente. Connosco levamos os ramos, como o povo de Jerusalém.
Um dos membros do casal leva a cruz; o outro os ramos.
Ele/ela: Partimos da cozinha, onde o Senhor não nos faz faltar o pão, e onde dia após dias partilhamos alegrias e dores. Erguemos os nossos ramos e dizemos: Vem até aqui Jesus, rei da nossa vida!
Ele/ela: Também a casa de banho (banheiro) é importante: ajuda-nos a compreender a nossa fragilidade, a beleza e a importância do nosso corpo, e a compromisso de o respeitar. Erguemos os nossos ramos e dizemos: Vem até aqui Jesus, rei da nossa vida!
Ele/ela: O nosso quarto de dormir ajuda-nos a repousar, a amar-nos, a auxiliar-nos. Erguemos os nossos ramos e dizemos: Vem até aqui Jesus, rei da nossa vida!
Se há um quarto/quartos que pertencem/pertenceram a filhos que já saíram de casa:
Ele/ela: Estamos no quarto do(a) N. Quantas recordações guarda este quarto, e quanto temos de agrdecer ao Senhor pelos nossos filhos… Erguemos os nossos ramos e dizemos: Vem até aqui Jesus, rei da nossa vida!
Ele/ela: Terminamos na sala de estar. Neste espaço queremos agradecer pelo nosso casamento, porque nos queremos bem e queremos bem a Jesus. Erguemos os nossos ramos e dizemos: Vem até aqui Jesus, rei da nossa vida!
Ambos acomodam-se e leem a narrativa da Paixão, cada qual em partes intercaladas (Mateus 26,14 – 27,66), omitindo os títulos de cada secção.
O acordo de Judas para trair Jesus
Naquele tempo, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes:
«Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».
Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para o entregar.
Preparativos para a ceia pascal
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-lhe:
«Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».
Ele respondeu:
«Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: “O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos”».
Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa.
Anúncio da traição de Judas
Ao cair da noite, sentou-se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, declarou:
«Em verdade vos digo: um de vós há de entregar-me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-he:
«Serei eu, Senhor?».
Jesus respondeu:
«Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há de entregar-me. O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido».
Judas, que o ia entregar, tomou a palavra e perguntou:
«Serei eu, Mestre?».
Respondeu Jesus:
«Tu o disseste».
Instituição da Ceia do Senhor
Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:
«Tomai e comei: Isto é o meu Corpo».
Tomou em seguida um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo:
«Bebei dele todos, porque este é o meu Sangue, o Sangue da aliança, derramado pela multidão, para remissão dos pecados. Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira,
até ao dia em que beberei convosco o vinho novo no reino de meu Pai».
Predição da negação de Pedro
Cantaram os salmos e seguiram para o monte das Oliveiras. Então, Jesus disse-lhes:
«Todos vós, esta noite, vos escandalizareis por minha causa, como está escrito: “Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho”. Mas, depois de ressuscitar, preceder-vos-ei a caminho da Galileia».
Pedro interveio, dizendo:
«Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu não me escandalizarei».
Jesus respondeu-lhe:
«Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes de o galo cantar, me negarás três vezes».
Pedro disse-lhe:
«Ainda que tenha de morrer contigo, não te negarei».
E o mesmo disseram todos os discípulos.
No Getsémani
Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade, chamada Getsémani, e disse aos discípulos:
«Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».
E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então:
«A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai comigo».
E adiantando-se um pouco mais, caiu com o rosto por terra, enquanto orava e dizia:
«Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice. Todavia, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres».
Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
«Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo! Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
De novo se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo:
«Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade».
Voltou novamente e encontrou-os a dormir, pois os seus olhos estavam pesados de sono. Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes:
«Dormi agora e descansai. Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos. Aproxima-se aquele que me vai entregar».
Traição e prisão de Jesus
Ainda Jesus estava a falar, quando chegou Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor tinha-lhes dado este sinal:
«Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-o».
Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-lhe:
«Salve, Mestre!».
E beijou-o. Jesus respondeu- lhe:
«Amigo, a que vieste?».
Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-no. Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada, desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus disse-lhe:
«Mete a tua espada na bainha, pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada. Pensas que não posso rogar a meu Pai que ponha já ao meu dispor mais de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim tem de acontecer?».
Voltando-se depois para a multidão, Jesus disse:
«Viestes com espadas e varapaus para me prender como se fosse um salteador! Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar e não me prendestes... Mas, tudo isto aconteceu
para se cumprirem as Escrituras dos profetas».
Então todos os discípulos o abandonaram e fugiram.
Jesus diante do sinédrio
Os que tinham prendido Jesus levaram-no à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido. Pedro foi-o seguindo de longe, até ao palácio do sumo-sacerdote. Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas, para ver como acabaria tudo aquilo. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho falso contra Jesus para o condenarem à morte, mas não o encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por fim, apresentaram-se duas que disseram:
«Este homem afirmou: “Posso destruir o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias”».
Então o sumo-sacerdote levantou-se e disse a Jesus:
«Não respondes nada? Que dizes ao que depõem contra Ti?».
Mas Jesus continuava calado. Disse-Lhe o sumo-sacerdote:
«Eu te conjuro pelo Deus vivo, que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».
Jesus respondeu-lhe:
«Tu o disseste. E Eu digo-vos: vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso,
vindo sobre as nuvens do céu».
Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo:
«Blasfemou. Que necessidade temos de mais testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?».
Eles responderam:
«É réu de morte».
Cuspiram-lhe então no rosto e deram-lhe punhadas. Outros esbofeteavam-no, dizendo:
«Adivinha, Messias: quem foi que te bateu?».
Pedro nega Jesus
Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe:
«Tu também estavas com Jesus, o galileu».
Mas ele negou diante de todos, dizendo:
«Não sei o que dizes».
Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:
«Este homem estava com Jesus de Nazaré».
E, de novo, ele negou com juramento:
«Não conheço tal homem».
Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro:
«Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».
Começou então a dizer imprecações e a jurar:
«Não conheço tal homem».
E, imediatamente, um galo cantou.
Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera: «Antes de o galo cantar, tu me negarás três vezes». E, saindo, chorou amargamente.
O suicídio de Judas
Ao romper da manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram em conselho contra Jesus, para lhe darem a morte. Depois de lhe atarem as mãos, levaram-no e entregaram-no ao governador Pilatos. Então Judas, que entregara Jesus, vendo que Ele tinha sido condenado, tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
«Pequei, entregando sangue inocente».
Mas eles replicaram:
«Que nos importa? É lá contigo».
Então arremessou as moedas para o santuário, saiu dali e foi-se enforcar. Mas os príncipes dos sacerdotes apanharam as moedas e disseram:
«Não se podem lançar no tesouro, porque são preço de sangue».
E, depois de terem deliberado, compraram com elas o Campo do Oleiro, que servia para a sepultura dos estrangeiros. Por este motivo se tem chamado àquele campo, até ao dia de hoje, «Campo de Sangue». Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta:
«Tomaram trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram e deram-nas pelo Campo do Oleiro, como o Senhor me tinha ordenado».
Jesus interrogado por Pilatos
Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador, que lhe perguntou:
«Tu és o Rei dos judeus?».
Jesus respondeu:
«É como dizes».
Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Disse-lhe então Pilatos:
«Não ouves quantas acusações levantam contra ti?».
Mas Jesus não respondeu coisa alguma, a ponto de o governador ficar muito admirado. Ora, pela festa da Páscoa, o governador costumava soltar um preso, à escolha do povo. Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás. E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
«Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
Ele bem sabia que o tinham entregado por inveja. Enquanto estava sentado no tribunal, a mulher mandou-lhe dizer:
«Não te prendas com a causa desse justo, pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus. O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
«Qual dos dois quereis que vos solte?».
Eles responderam:
«Barrabás».
Disse-lhes Pilatos:
«E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
Responderam todos:
«Seja crucificado».
Pilatos insistiu:
«Que mal fez Ele?».
Mas eles gritavam cada vez mais:
«Seja crucificado».
Pilatos, vendo que não conseguia nada e aumentava o tumulto, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
«Estou inocente do sangue deste homem. Isso é lá convosco».
E todo o povo respondeu:
«O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
Soltou-lhes então Barrabás. E, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-lho para ser crucificado.
A coroa de espinhos
Então os soldados do governador levaram Jesus para o pretório e reuniram à volta dele toda a coorte. Tiraram-lhe a roupa e envolveram-no num manto vermelho. Teceram uma coroa de espinhos e puseram-lha na cabeça e colocaram uma cana na sua mão direita. Ajoelhando diante dele, escarneciam-no, dizendo:
«Salve, Rei dos judeus!».
Depois, cuspiam-lhe no rosto e, pegando na cana, batiam-lhe com ela na cabeça. Depois de o terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto, vestiram-lhe as suas roupas e levaram-no para ser crucificado.
A crucificação
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus. Chegados a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do Calvário, deram-lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber. Depois de o terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, e ficaram ali sentados a guardá-lo. Por cima da sua cabeça puseram um letreiro, indicando a causa da sua condenação:
«Este é Jesus, o Rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam insultavam-no e abanavam a cabeça, dizendo:
«Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz».
Os príncipes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e os anciãos, também troçavam dele, dizendo:
«Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz e acreditaremos nele. Confiou em Deus: Ele que o livre agora, se o ama, porque disse: “Eu sou Filho de Deus”».
Até os salteadores crucificados com Ele o insultavam.
A morte de Jesus
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra. E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
«Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
«Está a chamar por Elias».
Um deles correu a tomar uma esponja, embebeu-a em vinagre, pô-la na ponta duma cana e deu-lhe a beber. Mas os outros disseram:
«Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-lo».
E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
Ambos os membros do casal se ajoelham, fazem silêncio, e depois um deles diz:
Senhor, a cada domingo a Eucaristia permite-nos anunciar a tua morte, proclamar a tua ressurreição, na expetativa da tua vinda. Queremos estar por alguns momentos em silêncio, para nos unirmos profundamente a ti, morto, sepultado e ressuscitado, presente na Eucaristia, de que sentimos a nostalgia, e que agora queremos espiritualmente adorar e desejar.
Silêncio.
A seguir, o outro membro do casal diz:
Ele/ela: Rezemos juntos com as palavras de S. Francisco de Assis.
Juntos: Adoramos-te, Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as tuas igrejas que há no mundo inteiro, e bendizemos-te, porque com a tua santa cruz remiste o mundo.
Ambos se sentam e retomam a leitura
Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram aterrados e disseram:
«Este era verdadeiramente Filho de Deus».
Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia,
para o servirem. Entre elas encontrava-se Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
A sepultura de Jesus
Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também se tinha tornado discípulo de Jesus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. E Pilatos ordenou que lho entregassem. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no seu sepulcro novo, que tinha mandado escavar na rocha. Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro e retirou-se. Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas em frente do sepulcro. No dia seguinte, isto é, depois da Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos e disseram-lhe:
«Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse quando ainda era vivo: “Depois de três dias ressuscitarei”. Por isso, manda que o sepulcro seja mantido em segurança até ao terceiro dia, para que não venham os discípulos roubá-lo e dizer ao povo: “Ressuscitou dos mortos”. E a última impostura seria pior do que a primeira».
Pilatos respondeu:
«Tendes à vossa disposição a guarda: ide e guardai-o como entenderdes».
Eles foram e guardaram o sepulcro, selando a pedra e pondo a guarda.
Silêncio
Ele/ela: Ergamos ao céu as nossas mãos, juntamente com as de todas as de quem no mundo está a sofrer e à espera, e rezemos com as palavras que Jesus nos deixou.
Juntos: Pai nosso…
Ele/ela: Senhor Deus, faz com que tenhamos sempre presente o grande ensinamento da Paixão do teu Filho, para participar na alegria da sua ressurreição.
Em nome do Pai + e do Filho e do Espírito Santo.
Os ramos, juntamente com a cruz, a Bíblia e a vela, podem criar um “lugar belo” dentro de casa, que permaneça durante os próximos dias.
A partir de propostas do Secretariado da Liturgia da Conferência Episcopal Italiana e da paróquia de S. Boaventura em Cadoneghe (Itália)
Trad. / edição: Rui Jorge Martins
Imagem: "Entrada de Jesus em Jerusalém"
Publicado em 03.04.2020
SNPC
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