Na cómoda, no bolso, no telemóvel: Deixemos que o Evangelho «nos inspire todos os dias»

«Dêmos espaço à Palavra de Deus! Leiamos diariamente qualquer versículo da Bíblia. Comecemos pelo Evangelho: mantenhamo-lo aberto na cómoda de casa, tragamo-lo connosco no bolso, visualizemo-lo no telemóvel, deixemos que nos inspire todos os dias.
Descobriremos que Deus está perto de nós, ilumina as nossas trevas, amorosamente impele para o largo a nossa vida.»
Foi com este desafio que o papa concluiu a homilia da missa do primeiro Domingo da Palavra de Deus, celebrada hoje no Vaticano, durante a qual acentuou que a palavra  de Jesus quer chegar aos lugares, geográficos e íntimos, onde se pensa que Ele não vai.
A palavra inaugural da pregação de Jesus é dizer que «Deus está próximo», «removeu as barreiras, eliminou as distâncias», deseja dar a cada pessoa «o encanto de viver, a paz do coração, a alegria de ser perdoada e de se sentir amada».
Esta transformação pessoal requer a liberdade pessoal, uma opção consciente e determinada de conversão: «Mudai de vida, porque começou um modo novo de viver: acabou o tempo de viver para si mesmo, começou o tempo de viver com Deus e para Deus, com os outros e para os outros, com amor e por amor. Hoje Jesus repete o mesmo a ti: “Coragem, estou próximo de ti, dá- me espaço e a tua vida mudará!”.
Francisco acentuou que a pregação de Jesus começou «a partir das regiões então consideradas “tenebrosas”, habitadas «por pessoas muito diferentes entre si formando uma verdadeira amálgama de povos, línguas e culturas».

«A Ele que percorreu o caminho do mar, abramos os nossos caminhos mais tortuosos: deixemos entrar em nós a sua Palavra», convidou o papa, chamando a atenção para o facto de que «para seguir a Jesus, não bastam os bons propósitos

«Não era de certeza o lugar onde se encontrava o povo eleito na sua pureza religiosa melhor. Jesus começou de lá: não do átrio do templo de Jerusalém, mas do lado oposto do país, da Galileia dos gentios, dum local de fronteira, duma periferia», apontou.
De que forma é que este detalhe histórico converge para a existência humana de hoje e de todos os tempos? «A Palavra que salva não procura lugares refinados, esterilizados, seguros. Vem à complicação dos nossos dias, às nossas obscuridades. Hoje, como então, Deus deseja visitar aqueles lugares, onde se pensa que lá Ele não vai.»
«Quantas vezes, porém, somos nós que fechamos a porta, preferindo manter escondidas as nossas confusões, opacidades e duplicidades. Ocultamo-las dentro de nós, enquanto vamos encontrar o Senhor com qualquer oração formal, tendo cuidado para que a sua verdade não nos abale intimamente», afirmou.
«A Ele que percorreu o caminho do mar, abramos os nossos caminhos mais tortuosos: deixemos entrar em nós a sua Palavra», convidou o papa, chamando a atenção para o facto de que «para seguir a Jesus, não bastam os bons propósitos; é preciso ouvir dia a dia a sua chamada».
«Precisamos da sua Palavra: precisamos de escutar, no meio das infindas palavras de cada dia, a única Palavra que não nos fala de coisas, mas de vida», acentuou Francisco.


Rui Jorge Martins
Fonte (texto e imagem): Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: Papa Francisco com a Bíblia | D.R.
Publicado em 26.01.2020


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