Sim!

Foi desse modo que a jovem acolheu o projeto de Deus. «Sim», um sim para sempre. «Sim», um sim inteiro e definitivo. O consentimento de Maria transformou o curso da história dos Homens. Antes era uma sucessão de acontecimentos escravos do não de Eva e Adão, intervalados com alguns «sins» muito limitados e de fraco impacto temporal.

Assim sim, vale a pena. Mas sejamos honestos, há muitos sins grávidos de nãos. «Sim, logo se vê», «se tiver tempo, não sei bem, deixa-me falar primeiro com…», «penso que sim, claro, confirmo amanhã», e a curva do sim entra em declínio, ultrapassa o «talvez», continua em queda, nada o consegue deter de tão pesado, até repousar num «não definitivo». «Desculpa, mas não foi possível… nunca pensei», dizemos quando já tínhamos tudo bem pensado.
Com a pobre de Nazaré tudo foi à primeira. Assim sim. Um sim incondicional, cheio, pronunciado com todas as letras, em maiúsculo. «SIM» como quem grita de alegria porque um sonho amadurecido durante séculos torna-se realidade. «SIM» dito para dentro porque o importante é que Deus ouça e não os homens.
E com uma avalanche de graças, motivada por mil bênçãos, ela foi habitada pelo Mistério. O invisível forma-se silenciosamente no ventre da jovem. Células que se dividem e multiplicam, órgãos que crescem em segredo, no escuro de um seio puro e imaculado de uma mulher que se alimenta da vontade de Deus.
Um coração novo começa a palpitar. Rapidamente aprende a conhecer e a amar através do coração materno. O ritmo acelera quando se aproxima dos aflitos e atribulados. Um coração em permanente ação e que… no calvário, enquanto o coração materno ainda persiste, invariavelmente puro, apesar de torturado pela loucura e a crueldade dos homens. O sim da juventude é repetido em cada batimento. O sim exemplar, para sempre.
O coração das mães diz tudo sobre Deus. É, em especial, o coração imaculado e infinitamente generoso da jovem Maria que, neste advento, nesta solenidade, voltamos a contemplar com gratidão.


P. Nélio Pita, CM
Imagem: "A anunciação" (det.) | Francisco Goya | 1785
Publicado em 07.12.2019


SNPC

Comentários