O
fim da vida é uma “temática afastada do quotidiano”, que necessita de
“reflexão e preparação”, onde a “espiritualidade pode dar uma ajuda”,
como explicaram um psicólogo e uma socióloga à Agência Ecclesia.
“É necessário sensibilizar a população para refletir sobre o fim de vida, de pensar sobre estes temas, perceber que posso escolher com quem quero jantar todos os dias, com quem quero viver ou fazer férias mas tenho a responsabilidade, um compromisso ético comigo mesmo e com a minha família, de conseguir contribuir de algum modo sobre o fim da vida: não se pena como é que eu quero morrer? Como gostava que fosse a minha morte?”, diz Hugo Lucas, psicólogo clínico na Clínica São João d’Avila, em Lisboa, em declarações à Agência ECCLESIA.
Segundo este profissional as pessoas “tentam sempre adiar a temática” porque, naturalmente, há sempre tempo para o fazer.
“Segundo a estatística, em cada 100 pessoas, 10 a 13 morre de forma traumática e as restantes morre de doença crónica, progressiva e incurável e portanto se a não cura é a resposta do organismo, gera-se o fim de vida”, explica.
“É necessário sensibilizar a população para refletir sobre o fim de vida, de pensar sobre estes temas, perceber que posso escolher com quem quero jantar todos os dias, com quem quero viver ou fazer férias mas tenho a responsabilidade, um compromisso ético comigo mesmo e com a minha família, de conseguir contribuir de algum modo sobre o fim da vida: não se pena como é que eu quero morrer? Como gostava que fosse a minha morte?”, diz Hugo Lucas, psicólogo clínico na Clínica São João d’Avila, em Lisboa, em declarações à Agência ECCLESIA.
Segundo este profissional as pessoas “tentam sempre adiar a temática” porque, naturalmente, há sempre tempo para o fazer.
“Segundo a estatística, em cada 100 pessoas, 10 a 13 morre de forma traumática e as restantes morre de doença crónica, progressiva e incurável e portanto se a não cura é a resposta do organismo, gera-se o fim de vida”, explica.
Também
Susana Queiroga, socióloga da pastoral da saúde e animação do Instituto
São João de Deus, em Lisboa, afirma que o tema é adiado, “não se tem à
mesa nem num encontro” e ainda se considera ser “um tema tabu”.
“Vivemos a vida de forma
compartimentada, a morte é inevitável mas não há um pensamento racional
nem relacional sobre isso, só se pensa na morte quando acontece alguma
coisa perto de nós”.
A socióloga aponta que a condição humana é “construtiva” e a “morte é impeditiva disso, por se adiar o tema”.
“O tema não é conversa de café mas uma conversa mais profunda poderia ajudar a ter uma noção diferente da nossa morte e da morte dos outros, por exemplo quem tem uma vivência ativa da espiritualidade encaram de forma diferente, mais positiva, esta situação de sofrimento e desaparecimento de um ente-querido”, explica.
Também as gerações mais novas são afastadas do tema do fim de vida, por várias circunstâncias mas também, por se achar que é uma defesa.
“Antigamente os ciclos de vida eram vividos no seio da família, em casa e as crianças e adolescentes estavam mais próximos do processo de vida e de morte, entendiam de forma diferente; hoje as mediações são os filmes do youtube e o que dizem os amigos, mas como experiência própria são afastados dos processos”, afirma.
Susana Queiroga é da opinião que é impossibilitado o entendimento da “morte como uma fase do ciclo da vida”, que deve ser explicada à medida das crianças e adolescentes”.
“Quando há um enquadramento de espiritualidade, de fé ou de caráter religioso explicar-se através desse processo… quanto mais vivido e conversado for o tema, menos afastado do nosso quotidiano, melhor a adaptação à fase final da vida”, resume.
“O tema não é conversa de café mas uma conversa mais profunda poderia ajudar a ter uma noção diferente da nossa morte e da morte dos outros, por exemplo quem tem uma vivência ativa da espiritualidade encaram de forma diferente, mais positiva, esta situação de sofrimento e desaparecimento de um ente-querido”, explica.
Também as gerações mais novas são afastadas do tema do fim de vida, por várias circunstâncias mas também, por se achar que é uma defesa.
“Antigamente os ciclos de vida eram vividos no seio da família, em casa e as crianças e adolescentes estavam mais próximos do processo de vida e de morte, entendiam de forma diferente; hoje as mediações são os filmes do youtube e o que dizem os amigos, mas como experiência própria são afastados dos processos”, afirma.
Susana Queiroga é da opinião que é impossibilitado o entendimento da “morte como uma fase do ciclo da vida”, que deve ser explicada à medida das crianças e adolescentes”.
“Quando há um enquadramento de espiritualidade, de fé ou de caráter religioso explicar-se através desse processo… quanto mais vivido e conversado for o tema, menos afastado do nosso quotidiano, melhor a adaptação à fase final da vida”, resume.
O
psicólogo da clínica São João Ávila, do Instituto São João de Deus, em
Lisboa, trabalha diariamente com situações de fim de vida, que podem ser
encaradas de muitas formas, “aquilo que é o sistema de crenças e a
dimensão sociológica e antropológica de cada indivíduo, o percurso de
vida de cada família” tudo isso pesa no fim da vida; quando são doentes
jovens, “chegam já depois de terem lido tudo sobre a doença, muito
informados e conscientes do fim da vida”.
“A pessoa pode não querer sofrer, não querer ter dor, controlar sintomas, ter qualidade de vida até à hora da morte, o que é muito subjetivo, querem ser tratadas com dignidade e respeito, mas há também quem não queira saber da sua doença ou do seu estado… Uma coisa é certa por mais fé inabalável que possamos ter na tecnologia a morte faz parte da vida e a morte vai sempre acontecer”, explica Hugo Lucas.
Este profissional defende ainda que qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, pode “construir alternativa na forma como quer morrer”, o Testamento vital serve para isso e há um “número reduzido de pessoas” a fazer.
“A pessoa pode não querer sofrer, não querer ter dor, controlar sintomas, ter qualidade de vida até à hora da morte, o que é muito subjetivo, querem ser tratadas com dignidade e respeito, mas há também quem não queira saber da sua doença ou do seu estado… Uma coisa é certa por mais fé inabalável que possamos ter na tecnologia a morte faz parte da vida e a morte vai sempre acontecer”, explica Hugo Lucas.
Este profissional defende ainda que qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, pode “construir alternativa na forma como quer morrer”, o Testamento vital serve para isso e há um “número reduzido de pessoas” a fazer.
“Com o testamento vital eu
consigo fazer um conjunto de escolhas que me permitem perspetivar o que
quero e o que não quero para mim ou até nomear alguém que responda por
mim; mas há um número reduzido de pessoas que pede para fazer porque as
pessoas pensam que a morte não lhes bate à porta e recusam-se a pensar
nisso”.
Na
clínica de São João de Ávila, em Lisboa, onde trabalha, há o serviço de
cuidados paliativos que, além de se dedicar ao utente em fim de vida,
presta todo um acompanhamento aos familiares e amigos, bem como uma
preparação para o luto.
Hugo
Lucas contou à Agência ECCLESIA que a instituição ganhou um concurso
nacional onde pode disponibilizar estas consultas do luto a mais
pessoas.
“Surgiu
de uma parceria com a fundação La caixa, que impulsionou o programa
Humaniza e depois de ganharmos o concurso, uma equipa de apoio psico
social, está no Centro hospitalar e Universitário Lisboa Central, em
concreto integramos a equipa de cuidados paliativos, e houve a
possibilidade de se desenvolver e consubstanciar uma consulta de luto
que está aberta neste centro hospitalar e que serve para todos os
familiares de doentes enlutados terem acompanhamento no luto, este tempo
específico para as pessoas se sentirem acompanhadas”, explica o
psicólogo clínico.
Este acompanhamento de preparação do luto e apoio ao luto é uma das áreas que integra os cuidados paliativos e que dão nova esperança a quem perde os seus ente-queridos.
“Há a possibilidade de terem uma resposta integrada no processo de gestão da perda, os cuidados paliativos também têm a ver com o apoio no luto, no luto de quem está, esteve sempre e ficou; essa gestão começa pela aprendizagem e é também uma forma que eu tenho de me projetar no amanhã, que eu também vou deixar este mundo e posso perspetivar como quero viver sem a presença deste que amava”, sublinha.
Este acompanhamento de preparação do luto e apoio ao luto é uma das áreas que integra os cuidados paliativos e que dão nova esperança a quem perde os seus ente-queridos.
“Há a possibilidade de terem uma resposta integrada no processo de gestão da perda, os cuidados paliativos também têm a ver com o apoio no luto, no luto de quem está, esteve sempre e ficou; essa gestão começa pela aprendizagem e é também uma forma que eu tenho de me projetar no amanhã, que eu também vou deixar este mundo e posso perspetivar como quero viver sem a presença deste que amava”, sublinha.
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