No passado
domingo, 20 de outubro, a primeira sessão da Escola de Famílias encheu a sala
Emaús do Centro Pastoral da Arquidiocese de Braga.
Este projeto do Departamento
Arquidiocesano da Pastoral Familiar tem como objetivo ajudar as famílias a
enfrentar com sucesso os principais desafios com que se deparam nos dias de
hoje. Ninguém tem dúvidas que um deles é a educação dos filhos, que foi o tema
desta sessão: «Família com Valor(es): o
Desafio de Educar», com a
convidada Teresa Tomé Ribeiro*.
Definindo
educar como sendo «um jogo para pais», a conferencista começou por salientar
que temos de dar aos filhos uma forte base, que lhes permita vencer os desafios
novos que vão ter. Existem inúmeros estudos que documentam que o que fica nos
filhos é o que aprenderam, viram e sentiram em casa! É certo que os filhos têm
liberdade de escolher e pensar, e fazem as suas escolhas, mas fica-lhes gravado
o olhar dos pais, os sentimentos, a forma como se posicionam e atuam.
Assim, a base
da afetividade e da relação com os outros encontra-se nas vivências familiares.
Aqui, é imprescindível cuidar a relação de casal, pois ela vai ser o contexto
onde os filhos vão estar. Cuidar a relação a dois permite perceber em que é que
cada um dos membros do casal é assertivo (também na questão da educação), que
competências tem cada um… “Esta é uma gestão muito importante!” – referiu
Teresa Tomé Ribeiro.
Há ainda questões
fundamentais nas quais pai e mãe não podem deixar de refletir e interrogar-se,
tais como “Estarei a trabalhar demais?”,
“Tenho demasiadas atividades, até
apostólicas, e fico sem tempo para os filhos?” Foi salientado que os filhos
“não são o centro da vida do casal, mas
estão no centro da ação do casal no mundo.” “Os filhos são a nossa missão!” – referiu. Assim, todo o pai e toda
a mãe têm a capacidade de enfrentar e dar resposta ao desafio que é educar. É
necessário perseverar nos valores a transmitir, mostrar aos filhos o que é
amar, ter coerência de vida, mostrar o que verdadeiramente interessa!
Teresa Tomé Ribeiro fez questão
de lembrar que “hoje, em nossa casa,
temos «todo o mundo», vemos tudo o que se passa (TV, internet, redes sociais),
não temos uma casa fechada. Por isso, agora ainda é mais importante os filhos saberem
os valores essenciais!”
Prosseguindo com
a apresentação do tema, foram mostradas algumas regras para bem educar:
§
Conhecer bem os filhos; respeitar os espaços
deles; não acusar nem fazer juízos de valor.
§
Ter em atenção que todos os filhos são
diferentes (e todos enchem as medidas dos pais!); rapazes e raparigas são muito
diferentes.
§
Não comparar e confiar nos filhos.
§
Não nos apresentarmos como exemplo – mas ser um
exemplo seguro! (temos de ser consistentes; não podemos dizer uma coisa e fazer
outra, pois os filhos percebem).
§
Reconhecer os trajetos construtivos dos filhos.
§
Mostrar delicadeza na relação com os filhos.
§
Ter presente que compreender não é concordar.
§
Questionar é educar. Abrir o diálogo com os
filhos (importantíssimo na adolescência).
§
Os filhos necessitam de carinho: é importante
acarinhar!
§
Na educação afetiva, evitar a recompensa e a punição.
§
Educar para a felicidade e liberdade. Orientar
os comportamentos e depois «soltar» os filhos.
§
Escolher uma escola ajustada ao projeto
educativo e adaptada a cada filho (sobre as escolas públicas, foi sublinhado
que há uma janela de intervenção para os pais e nós temos de investir aí, sendo
interventivos).
§
Educar em tempo útil (pois as crianças crescem
mesmo muito depressa!). Ter em atenção a idade (0-3 anos: a criança adquire a
certeza de ser amada; 3-6 anos: construção da afetividade e generosidade; 6-10
anos: cultivo da verdade, da resiliência, da alegria; 13-17 anos: adoção de
projetos de vida e gestão das emoções; mais de 18 anos: escolha de referências
éticas e atitudes em sintonia com elas).
Seguiu-se uma rica partilha, com perguntas e respostas.
Todos testemunharam a riqueza do encontro, que terminou com algumas ideias
fundamentais:
- A
educação para o Amor de Deus também se baseia no exemplo dos pais.
- A
educação afetiva é o que verdadeiramente nos humaniza.
- É preciso mostrar a cada filho: “Estou aqui para ti!”. É fundamental amar,
estar, aconchegar.
- O investimento no amor é de solicitude: dar o
máximo sem nada esperar.
Em resumo, “Se não soubermos amar, secamos muito terreno à
nossa volta!”, concluiu Teresa Tomé Ribeiro.
* Mãe de
oito filhos; Professora do Ensino Superior e Doutorada em Bioética; fundadora
de várias iniciativas associativas, ligadas à defesa da mulher, da família e da
vida.
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