A Irmandade de São Roque e da Misericórdia de Lisboa deu sepultura a
128 homens, mulheres e crianças na cidade de Lisboa, cujos corpos não
foram reclamados procurando dar “dar dignidade” a todas as pessoas.
“Não temos nenhum juízo de valor ou fazemos julgamento, antes pelo contrário. Para os voluntários é uma honra poder fazer este acompanhamento espiritual e participar na oração feita pelo sacerdote”, explica Ana Cristina Frias, voluntária há quatro anos nesta obra de misericórdia que a Irmandade desenvolve.
Professora e consultora decidiu ser voluntária quando há alguns anos participou numa celebração eucarística, a 17 de outubro, por alma de pessoas que morreram abandonadas.
“Achei que era algo que poderia fazer e me sentiria honrada”, recorda à Agência ECCLESIA.
A voluntária explica que o acompanhamento que fazem é “espiritual”, e, nesse sentido “não importa o passado e o contexto da pessoa”.
“Precisamos saber o nome da pessoa pela sua dignidade e, porque, faz parte da tarefa da Irmandade, garantir que os rituais são seguidos devidamente para conferir dignidade, mas é irrelevante o que a pessoa fazia, onde estava, se morreu na rua ou em que circunstância faleceu. Isso não nos importa”, enfatiza Ana Cristina Frias.
São cerca de 30 pessoas voluntárias que “simbolicamente” encomendam “a Deus aquela alma”.
Ana Cristina afirma não se sentir “excecional por ser voluntária nesta obra de misericórdia”.
“Alguns cristãos não sentir-se vocacionados pela este tipo de voluntariado porque, no geral, as pessoas fogem da morte, dos funerais… só o facto de ir a um cemitério ou funeral causa desconforto. É uma realidade para muitos cristãos também. Ultrapassado este ponto, todos o podem fazer”, dá conta a professora.
A Santa Casa da Misericórdia assume financeiramente os custos de sepultura juntamente com a funerária.
Após 30 dias sem reclamar o corpo a agência funerária entra em contacto com a Irmandade de São Roque e da Misericórdia de Lisboa dando conta que para determinado dia e hora está marcado um funeral, num dos quatro cemitérios em Lisboa, e pede o acompanhamento de um voluntário.
Na cerimónia está sempre um ministro de exéquias ou um sacerdote e um voluntário.
O número que a Irmandade dá conta, 128 pessoas, indica uma realidade anual, entre solenidade dos Fiéis Defuntos, sendo “um registo constante”.
Ana Cristina Frias não esconde maior emoção no caso de crianças: “acontece termos a cerimónia com nados-mortos e crianças também. É mais raro, mas acontece”.
As dificuldades económicas podem estar na origem para não se reclamar o corpo e, dessa forma, não pagar o serviço fúnebre, avança Ana Cristina Frias, dentro de um quadro que caracteriza socialmente as grandes cidades e, em concreto, Lisboa.
“Surgiu a ideia de desenvolver esta obra também no Porto mas percebeu-se que não valia a pena, porque há sempre laços de vizinhança ou relação. Nas cidades grandes é mais usual isto acontecer”, explica a voluntária.
Sepultar os mortos é uma das sete obras de misericórdia corporais.
LS
Lisboa, 31 out 2019 (Ecclesia)
ECCLESIA
“Não temos nenhum juízo de valor ou fazemos julgamento, antes pelo contrário. Para os voluntários é uma honra poder fazer este acompanhamento espiritual e participar na oração feita pelo sacerdote”, explica Ana Cristina Frias, voluntária há quatro anos nesta obra de misericórdia que a Irmandade desenvolve.
Professora e consultora decidiu ser voluntária quando há alguns anos participou numa celebração eucarística, a 17 de outubro, por alma de pessoas que morreram abandonadas.
“Achei que era algo que poderia fazer e me sentiria honrada”, recorda à Agência ECCLESIA.
A voluntária explica que o acompanhamento que fazem é “espiritual”, e, nesse sentido “não importa o passado e o contexto da pessoa”.
“Precisamos saber o nome da pessoa pela sua dignidade e, porque, faz parte da tarefa da Irmandade, garantir que os rituais são seguidos devidamente para conferir dignidade, mas é irrelevante o que a pessoa fazia, onde estava, se morreu na rua ou em que circunstância faleceu. Isso não nos importa”, enfatiza Ana Cristina Frias.
São cerca de 30 pessoas voluntárias que “simbolicamente” encomendam “a Deus aquela alma”.
Ana Cristina afirma não se sentir “excecional por ser voluntária nesta obra de misericórdia”.
“Alguns cristãos não sentir-se vocacionados pela este tipo de voluntariado porque, no geral, as pessoas fogem da morte, dos funerais… só o facto de ir a um cemitério ou funeral causa desconforto. É uma realidade para muitos cristãos também. Ultrapassado este ponto, todos o podem fazer”, dá conta a professora.
A Santa Casa da Misericórdia assume financeiramente os custos de sepultura juntamente com a funerária.
Após 30 dias sem reclamar o corpo a agência funerária entra em contacto com a Irmandade de São Roque e da Misericórdia de Lisboa dando conta que para determinado dia e hora está marcado um funeral, num dos quatro cemitérios em Lisboa, e pede o acompanhamento de um voluntário.
Na cerimónia está sempre um ministro de exéquias ou um sacerdote e um voluntário.
O número que a Irmandade dá conta, 128 pessoas, indica uma realidade anual, entre solenidade dos Fiéis Defuntos, sendo “um registo constante”.
Ana Cristina Frias não esconde maior emoção no caso de crianças: “acontece termos a cerimónia com nados-mortos e crianças também. É mais raro, mas acontece”.
As dificuldades económicas podem estar na origem para não se reclamar o corpo e, dessa forma, não pagar o serviço fúnebre, avança Ana Cristina Frias, dentro de um quadro que caracteriza socialmente as grandes cidades e, em concreto, Lisboa.
“Surgiu a ideia de desenvolver esta obra também no Porto mas percebeu-se que não valia a pena, porque há sempre laços de vizinhança ou relação. Nas cidades grandes é mais usual isto acontecer”, explica a voluntária.
Sepultar os mortos é uma das sete obras de misericórdia corporais.
LS
Lisboa, 31 out 2019 (Ecclesia)
ECCLESIA
Comentários
Enviar um comentário