Normalmente, quando nos deslocamos de um ponto para outro
conhecemos o motivo. Mas – temos de o reconhecer – uma viagem assim é
demasiado curta. Uma viagem que se faz conhecendo os seus motivos não é a
viagem.
A verdadeira viagem é aquela que interiormente dura tanto, que já não sabemos porque é que viemos ou porque é que estamos ali. As perguntas sobre aquilo que fazemos deixam de interessar.
Estamos ali, ponto final, e chega. Viemos. Demo-nos. Não são o saber ou a função que definem a vida, mas o próprio ser, a expressão profunda de si, o puro dom, e nada mais.
Escreve Rainer Maria Rilke naquele mapa indispensável que são as “Cartas a um jovem poeta”: «O tempo não é uma medida. Um ano não conta. Dez anos não são nada. Ser pessoa não quer dizer contar, quer dizer crescer, como a árvore que não instiga a sua seiva, que resiste confiante».
A beleza mais fecunda é aquela que não se deixa determinar pelas finalidades provisórias ou pelos utilitarismos de cada ocasião.
Antes, é aquela que, sem instigar a sua seiva, a degusta lentamente, deixando-se impregnar completamente por ela: até àquele horizonte em que já não se distingue o meu do teu, nem se separe o amor do objeto amado, nem o tempo seja dividido em passado, presente ou futuro.
Esta fecunda beleza, experimentá-la-emos unicamente no darmo-nos.
A verdadeira viagem é aquela que interiormente dura tanto, que já não sabemos porque é que viemos ou porque é que estamos ali. As perguntas sobre aquilo que fazemos deixam de interessar.
Estamos ali, ponto final, e chega. Viemos. Demo-nos. Não são o saber ou a função que definem a vida, mas o próprio ser, a expressão profunda de si, o puro dom, e nada mais.
Escreve Rainer Maria Rilke naquele mapa indispensável que são as “Cartas a um jovem poeta”: «O tempo não é uma medida. Um ano não conta. Dez anos não são nada. Ser pessoa não quer dizer contar, quer dizer crescer, como a árvore que não instiga a sua seiva, que resiste confiante».
A beleza mais fecunda é aquela que não se deixa determinar pelas finalidades provisórias ou pelos utilitarismos de cada ocasião.
Antes, é aquela que, sem instigar a sua seiva, a degusta lentamente, deixando-se impregnar completamente por ela: até àquele horizonte em que já não se distingue o meu do teu, nem se separe o amor do objeto amado, nem o tempo seja dividido em passado, presente ou futuro.
Esta fecunda beleza, experimentá-la-emos unicamente no darmo-nos.
D. José Tolentino Mendonça
In Avvenire
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: noblige/Bigstock.com
Publicado em 09.04.2019
SNPC
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