Abre os teus os bolsos cosidos: Dá tudo o que tens, dinheiro, conselhos, sorrisos

Dar tudo, do dinheiro aos conselhos passando pelos sorrisos, não julgar e ter presente a misericórdia de Deus para perdoar os outros, sem esquecer de se perdoar a si próprio, foram as propostas para a Quaresma e para a vida que o papa sugeriu hoje, na missa a que presidiu, no Vaticano.

«O Senhor ensina-nos: “Dá”. “Dá e ser-vos-á dado”: sede generosos no dar. Não tenhais os “bolsos cosidos”; sede generosos no dar aos pobres, àqueles que precisam», apontou Francisco, reiterando uma das atitudes penitenciais, a esmola, que marcam os 40 dias de preparação para a Páscoa.
E quem não tem dinheiro para dar, ficará de fora? «Dar muitas coisas: dar conselhos, dar sorridos às pessoas, sorrir. Dar sempre, dar», frisou o papa, que relembrou a promessa de Cristo: «Dai e ser-vos-á dado».
«Nós damos um, e Ele dar-nos-á cem de tudo aquilo que damos. E esta é a atitude que blinda o não julgar, o não condenar e o perdoar. A importância da esmola, mas não só a esmola material, mas também a esmola espiritual; perder tempo com um outro que precisa, visitar um doente, sorrir», assinalou.
Antes, Francisco lembrou que «a misericórdia de Deus é uma coisa tão grande, tão grande»: «Não esqueçamos isto. Quanta gente diz: “Fiz coisas muito más. Comprei o meu lugar no inferno, não poderei voltar atrás”».
«Mas já pensaste na misericórdia de Deus? Recordemos aquela história da pobre senhora viúva que foi confessar-se ao cura d’Ars (o marido tinha-se suicidado, lançou-se da ponte para o rio). E chorava», evocou o papa.
Depois de explicar ao padre João Maria Vianney, mais tarde santo, que a tristeza que dela se apoderava derivava da consciência de que o suicídio é um pecado moral, e que, por isso, o marido estaria no inferno, o pároco replicou: «Pare, minha senhora, porque entre a ponte e o rio há a misericórdia de Deus». Por isso, acrescentou o papa: «Até ao fim, até ao fim, há a misericórdia de Deus».
Uma das estratégias para permanecer na sintonia da misericórdia divina é não julgar, um «mau hábito» que se incrusta na vida sem que a pessoa se dê conta, e que se manifesta quando se começa uma simples conversa: «Viste aquilo que ele fez?».
«O juízo sobre o outro. Pensemos quantas vezes ao dia nós julgamos. Por favor! Parecemos juízes falhados, todos! Todos. Sempre que se começa uma conversa há um comentário sobre outro: “Olha, fez uma cirurgia estética! Ficou mais feia do que antes”», observou.
O Evangelho proclamado nas missas desta segunda-feira (Lucas 6,36-38), Jesus apela: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».


Rui Jorge Martins
Fonte: Vatican News
Imagem: Sosiukin/Bigstock.com
Publicado em 18.03.2019


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