Como transmitir a fé aos jovens?

Num destes dias fui surpreendido por uma aluna adolescente: «O "Stôr" é católico praticante ou não? Fiz uma aposta com a minha mãe. Ela disse que você era e eu disse que não.»


Não fiquei em estado de choque, mas "andei lá por perto". Como é que fui capaz de "chegar" à mãe e não à filha, que é minha aluna? Como professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), um disciplina confessional, não deveria ser necessário fazer uma declaração de fé! A simples exposição dos conteúdos, a partilha dos valores e a defesa de atitudes cristãs-católicas, deveriam bastar para testemunhar o caminho de fé que procuro fazer…

Hoje, como e onde é que os jovens se tornam cristãos adultos? Que objetivos e que estilo devem ter os educadores da fé? Que atitudes perante as mudanças na Igreja, na sociedade e na forma de entender a fé? O que é que é sucesso ou insucesso na ação educativa?...

Foram muitas as perguntas e imensas as respostas que procurei nos dias seguintes, principalmente junto dos meus alunos mais velhos. Uma coisa ficou certa: o educador que impõe uma doutrina definitiva e imutável, tem poucas possibilidades de ser levado a sério. A lógica de que os ensinamentos são reconhecidos só por serem da Igreja, não é válido, nem para os jovens católicos. As afirmações do Magistério são, cada vez mais, avaliadas à luz dos valores pessoais e podem ser ou não aceites por eles.

Os jovens procuram adultos dispostos a serem companheiros de viagem. Adultos que procurem com eles a fé de forma humilde e dialógica. Estes educadores transformam-se para estes jovens em figuras significativas e referenciais, não tanto pela riqueza dos argumentos, mas pela força do testemunho convincente, coerente e concreto.

Os meus alunos do Secundário ou até do 9º Ano, já não têm tantas dúvidas sobre a minha fé. E por quê? Porque participam nas atividades de EMRC que vão além das simples aulas. Diálogos pessoais, experiências concretas e envolventes como o voluntariado ou momentos de oração diferentes, podem ajudar a mobilizar as energias espirituais que não lhes são estranhas, mas que querem viver como pessoas de hoje e não "cópias" dos jovens de "ontem".

Os jovens procuram uma fé pessoal, abraçada de forma crítica. Querem ter experiências significativas que permitam ver que a fé é uma relação com uma Pessoa e que a comunidade cristã é uma casa na qual eles também podem estar como protagonistas e não eternos menores.

Os jovens procuram pessoas que saibam fazer-lhes ver como é que é a vida depois de se encontrar o Evangelho. Precisam de "experimentar" na existência dos outros um percurso sério de vida cristã que não mortifica a sua vontade de viver, mas a realiza. Um educador cansado ou desiludido não consegue seduzi-los.

A paixão e a criatividade educativas são um caminho para despertar a fé nos nossos jovens.
 
 

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