"Como me sinto chamado a ser Esperança"


Somos o casal Felisbela e Carlos Furtado, casados há 22 anos e temos duas filhas jovens. Perante o tema a que fomos chamados a dar testemunho enquanto casal, família e membros da nossa comunidade, ocorreu-nos de imediato as palavras do Papa Francisco:
"Eis o primeiro passo para crescer no caminho da fé: escutar. Antes de falar, escutar."

Sendo o nosso casamento um sacramento, consideramos que Deus faz parte da nossa vida de casal, e atua em nós pelo Espírito Santo. Comprometemo-nos num projeto a dois e o caminho faz-se caminhando sempre lado a lado. Temos colhido bons frutos, nessa caminhada, mas também vamos encontrando vários obstáculos. O respeito, o perdão, a fidelidade, a caridade, a misericórdia, o acolhimento e o diálogo, são valores que procuramos ter sempre presentes na nossa vida conjugal. Como nos alerta o Papa Francisco é preciso em primeiro lugar escutar.
 Escutar é para nós estarmos disponíveis a crescer juntos no nosso amor, procurando o bem comum e não atender somente às razões de cada um de nós. Escutar é para nós educarmos as nossas filhas segundo os valores que já referimos, dando exemplo de vida. Escutar é para nós sermos parte ativa na comunidade em que estamos inseridos, fazendo parte de alguns grupos apostólicos, através dos quais procuramos estar ao serviço dos outros, o que também nos enriquece, pois é dando que se recebe.
Com base em tudo o que consideramos anteriormente, somos chamados a ser esperança, através do nosso testemunho da escuta.
 Numa altura em que muitos casais enfrentam dificuldades, atravessando crises, pensamos que estas deveriam ser encaradas como oportunidades para refletir, valorizar e orientar o seu caminho de vida na relação com o outro. As crises em casal podem muitas vezes ser evitadas, através do reconhecimento de uma determinada dificuldade, prestando a devida atenção para que não evolua. É preciso escutar.
Outras vezes temos que ter a coragem de encarar a crises, não adiando a sua resolução e compreendendo e aceitando as nossas fragilidades inerentes à condição humana, sem perder a esperança e tentando uma mudança com vista à coesão familiar. É preciso escutar.
Finalmente, devemos tirar proveito das crises, tornando-as oportunidades para crescer, valorizando os recursos (às vezes ocultos) e capacidades, assim como os vínculos que são fortalecidos, quando devidamente enfrentadas. É preciso escutar.
Todos recebemos dons e talentos, que precisamos pôr a render. Primeiro temos de os reconhecer em nós, depois é preciso tomar decisões e empreender ações com a vista a aproveitá-los, resistindo à comodidade e, por fim, temos que aproveitar esses dons, colocando-os ao serviço dos outros. Assim seremos semente de esperança.

Pela equipa de pastoral familiar arciprestal de Vila Nova de Famalicão

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