Nestes
últimos tempos tenho dado comigo a colocar-me esta questão: porque
há-de um jovem do nosso tempo ser cristão? Porque há-de ir à Missa todos
os domingos? Porque há-de participar nalgum grupo? Porque há-de rezar
todos os dias? Porque há-de falar de Jesus Cristo? E confessar-se com
frequência?
Todo
o ambiente à sua volta é contrário a tudo isto. E, convenhamos, por
muito animado que seja o diálogo na igreja, lá por fora é muito mais, e
mais interessante. Por muito vivas que sejam as celebrações, as
discotecas são-no muito mais. E o futebol. E os outros desportos. E os
tempos passados com os amigos…
Será
que os muitos jovens que (apesar de tudo) encontro nas nossas igrejas
lá estão porque há alguém que os ouve? Será que têm algum complexo de
inferioridade em relação aos outros, e ali encontram um qualquer
refúgio? Será que não se conseguiram libertar dos pais, que os obrigam?
Sinceramente, a grande maioria dos jovens que encontro nas nossas
comunidades são gente normal, livre e alegre.
Se
quisermos, creio que a questão pode ser colocada de outro modo: que tem
a Igreja para oferecer aos jovens que eles não encontram noutro lugar?
O
quarto evangelho descreve o momento em que dois discípulos de João
Baptista foram ter com Jesus. Sabemos, pelo texto, que um era André.
Segundo a tradição, o outro seria o próprio jovem João (evangelista). É
assim o texto: “No dia seguinte, João (Baptista) encontrava-se de novo
ali com dois dos seus discípulos. Então, pondo o olhar em Jesus, que
passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus!» Ouvindo-o
falar desta maneira, os dois discípulos seguiram Jesus. Jesus voltou-se
e, notando que eles o seguiam, perguntou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe: «Rabi – que quer dizer Mestre – onde moras?» Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia” (Jo 1,35-39).
Hoje
como naquele dia, um jovem só é cristão quando alguém lhe mostra Jesus e
ele se dispõe a segui-lo e a permanecer em Sua casa. O que os cristãos
têm para dar aos jovens (e a todos os outros) – e o que faz um jovem ser
e permanecer cristão – é Jesus. Tudo o resto, ou é uma consequência
deste encontro, ou é entusiasmo que depressa passa.
Por D. Nuno Brás
VOZDAVERDADE
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