Uma das acusações que fazem à
Igreja é de ser uma «agremiação» fechada, patriarcal e machista, tendo
como implícito que fora dela se respiram outros ares onde as mulheres
têm um papel muito mais relevante.
Se reduzirmos a vida na Igreja a ser-se sacerdote, então a Igreja é machista, humanamente falando, mas mesmo assim só em relação a uma vocação que, em 2015, correspondia apenas a 0,03% dos seus membros. (Será crível que se se deixasse as mulheres serem sacerdotes esta percentagem chegasse, por exemplo, ao 0,1%? Seria um aumento substancial e mesmo assim uma ínfima parte da população eclesial.)
Mas comparemos a Igreja com a sociedade ocidental, supostamente «avançada».
Dir-me-ão: na sociedade não há áreas em que a mulher não se possa integrar. Eu respondo: isso é uma falsidade de todo o tamanho. A Igreja é muito mais honesta: a mulher não pode ser sacerdote, ponto final. A sociedade não proíbe explicitamente, mas proíbe de facto. No século passado e neste século, nos reitores das universidades de Lisboa, Coimbra e Porto não houve uma mulher. (Nos últimos 50 anos, na Universidade Católica Portuguesa já houve duas reitoras.) Quantas houve, há ou se vislumbra que venha a haver nos governos, no parlamento? Nos lugares cimeiros da magistratura, da Defesa, dos bancos, das empresas, das academias, dos grémios, das corporações, dos sindicatos, dos partidos, das orquestras, dos clubes desportivos, etc.? Nas obras, nas minas, na pesca, na aviação, etc.?
A Igreja está a fazer um esforço sério para aumentar o número de mulheres na sua governação máxima, no Vaticano. Vejamos:
Entre 2005 e 2015, o número de mulheres a trabalhar nas instituições da Cúria Romana e do Estado da Cidade do Vaticano aumentou em 90 por cento; as mulheres representavam então cerca de 20 por cento do total de funcionários ao serviço do Papa no Estado da Cidade do Vaticano.
A presença feminina na Santa Sé inclui responsabilidades nos departamentos da Cúria Romana e nas áreas dos arquivos, da história e da comunicação social.
Atualmente, a jornalista espanhola Paloma García Ovejero é vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé; Margaret Archer é a segunda mulher a ocupar o cargo de presidente da Pontifícia Academia de Ciências Sociais. A Irmã Nicoletta Vittoria Spezzati é subsecretária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica e a leiga Barbara Jatta é diretora dos Museus Vaticanos desde janeiro de 2017.
Recentemente, o Papa Francisco nomeou duas mulheres como subsecretárias do novo Dicastério para os Leigos, Família e Vida. (Um dicastério é o equivalente, no Vaticano, a um ministério.) Além disso, o Papa já nomeou uma comissão para estudar a possibilidade de as mulheres serem ordenadas diaconisas.
Que outra organização entre as citadas – ou não citadas – faz um esforço sério e metódico como o da Igreja em relação à integração das mulheres nos seus órgãos máximos?
A Igreja será retrógrada?
Gonçalo Miller Guerra, s.j.
AO
Se reduzirmos a vida na Igreja a ser-se sacerdote, então a Igreja é machista, humanamente falando, mas mesmo assim só em relação a uma vocação que, em 2015, correspondia apenas a 0,03% dos seus membros. (Será crível que se se deixasse as mulheres serem sacerdotes esta percentagem chegasse, por exemplo, ao 0,1%? Seria um aumento substancial e mesmo assim uma ínfima parte da população eclesial.)
Mas comparemos a Igreja com a sociedade ocidental, supostamente «avançada».
Dir-me-ão: na sociedade não há áreas em que a mulher não se possa integrar. Eu respondo: isso é uma falsidade de todo o tamanho. A Igreja é muito mais honesta: a mulher não pode ser sacerdote, ponto final. A sociedade não proíbe explicitamente, mas proíbe de facto. No século passado e neste século, nos reitores das universidades de Lisboa, Coimbra e Porto não houve uma mulher. (Nos últimos 50 anos, na Universidade Católica Portuguesa já houve duas reitoras.) Quantas houve, há ou se vislumbra que venha a haver nos governos, no parlamento? Nos lugares cimeiros da magistratura, da Defesa, dos bancos, das empresas, das academias, dos grémios, das corporações, dos sindicatos, dos partidos, das orquestras, dos clubes desportivos, etc.? Nas obras, nas minas, na pesca, na aviação, etc.?
A Igreja está a fazer um esforço sério para aumentar o número de mulheres na sua governação máxima, no Vaticano. Vejamos:
Entre 2005 e 2015, o número de mulheres a trabalhar nas instituições da Cúria Romana e do Estado da Cidade do Vaticano aumentou em 90 por cento; as mulheres representavam então cerca de 20 por cento do total de funcionários ao serviço do Papa no Estado da Cidade do Vaticano.
A presença feminina na Santa Sé inclui responsabilidades nos departamentos da Cúria Romana e nas áreas dos arquivos, da história e da comunicação social.
Atualmente, a jornalista espanhola Paloma García Ovejero é vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé; Margaret Archer é a segunda mulher a ocupar o cargo de presidente da Pontifícia Academia de Ciências Sociais. A Irmã Nicoletta Vittoria Spezzati é subsecretária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica e a leiga Barbara Jatta é diretora dos Museus Vaticanos desde janeiro de 2017.
Recentemente, o Papa Francisco nomeou duas mulheres como subsecretárias do novo Dicastério para os Leigos, Família e Vida. (Um dicastério é o equivalente, no Vaticano, a um ministério.) Além disso, o Papa já nomeou uma comissão para estudar a possibilidade de as mulheres serem ordenadas diaconisas.
Que outra organização entre as citadas – ou não citadas – faz um esforço sério e metódico como o da Igreja em relação à integração das mulheres nos seus órgãos máximos?
A Igreja será retrógrada?
Gonçalo Miller Guerra, s.j.
AO
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