Quem manda no teu coração?

Há um vento que sopra dentro de cada um de nós e ao qual devíamos dar mais tempo e espaço. Não se vê, mas conhece-se pelo que faz e pelo que pode fazer.

O nosso coração não está às ordens da vontade, mas é possível encontrar formas para que ele não nos domine nem escravize.
Quem habita no teu coração?
Há um espaço imenso no interior de cada um de nós. No entanto, há quem decida fechar todas as suas portas e manter os outros do lado de fora. Outros permitem visitas, mais ou menos longas, mas que nunca deixam de ser isso mesmo: visitas que começam e que devem acabar algum tempo depois.
Talvez o mais comum seja termos um coração onde há espaço para muitos, mas que não deixamos de tentar controlar sozinhos, como se fossemos capazes de compreender a nossa vida ao ponto de determinar o que é melhor para nós próprios.
O maior em mim não sou eu. Não posso sê-lo, não sequer devo perder tempo a tentar sê-lo.
Nem sempre o exterior reflete o interior. Há gente que parece perfeita, mas cujo coração está degradado, gasto e escuro. Outros há que, parecendo tristes e sujos por fora, vivem com uma luz enorme, terna e suave, dentro de si.
Há um mar em cada coração. Quem se preocupa em conhecer o seu? Quem navega nele, respeitando-o, sem naufragar vezes sem conta?
Serás capaz de admirar o mar que há no teu coração?
Se quisermos mesmo o melhor para nós, então devemos fazer-nos mais pequenos, na sábia humildade de reconhecermos a verdade absoluta que não somos o criador do mundo, nem de nós mesmos e, assim, alcançaremos a verdade da nossa real posição no mundo e, também, da importância da nossa existência.
Quem quer submeter tudo e todos, dentro e fora de si, apenas consegue destruir-se. Arrastando consigo mais alguns para a escuridão.
Há um vento que sopra dentro de cada um de nós e ao qual devíamos dar mais tempo e espaço. Não se vê, mas conhece-se pelo que faz e pelo que pode fazer.
Quem quer mesmo ter paz tem de saber quem é, quem pode ser e quem deve ser.
Tenho de me abrir aos outros, arriscando-me a navegar noutros mares, sair de mim e ver-me aí, bem diante dos meus próprios olhos!
Admirar o mar que me enche o coração e o vento que me escuta e me sussurra... que dá sentido a cada instante da minha vida.
 
 
Por José Luís Nunes Martins

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