A gravidez avançava
tranquila, e cada vez mais evidente. Nas ruas, as mulheres idosas
sorriam-me, perguntavam-me quando chegava a criança. Agradava-me a
ternura das desconhecidas. Quase como que aquele filho fosse também
delas, e um pouco de todos.
Mas dentro de mim estava inquieta. Antes
de adormecer, perguntava-me o que lhe haveria de dizer, eu que venho de
uma família atormentada, que só tenho uma fé incerta, e estava sempre
ansiosa.
Disse-o a um velho médico que me
visitava. «Professor, tenho medo. Não tenho nada a ensinar a esta
criança.» Ele, um homem aparentemente duro e de poucas palavras, ficou
calado um momento, e depois respondeu-me com inabitual doçura: «Não se
preocupe. Será ele a ensinar-lhe cada coisa».
Foi verdade. Foram muito mais as coisas
que os filhos, desde pequeninos, me ensinaram, do que aquelas que eu
lhes ensinei. A confiança, a gratidão, a alegria, voltei a aprendê-las
deles.
Há três anos, numa noite de verão, o
Pedro ergueu os olhos pela primeira vez para as estrelas. Silencioso,
estupefacto. Depois: «Mamã, quem fez as estrelas?».
Para ele era uma evidência que as
estrelas tinham sido feitas por alguém, que não tinham sido fabricadas
por si próprias. O olhar das criaturas, isto me ensinaram os meus
filhos.
[Marina Corradi | In Avvenire]
IMISSIO
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