As férias surgem
como um tempo desejado depois de um ano de intenso trabalho e muitos
compromissos. De facto, é necessário interromper o ritmo de vida, muitas
vezes frenético, em que tantas vezes não temos tempo para tomarmos
consciência do que de verdade se passa connosco, com os nossos
familiares e com os colegas de estudo ou trabalho.
Se o trabalho, que caracteriza a
normalidade da vida, é para o cristão uma participação na obra criadora
de Deus, as férias são a participação do descanso do sétimo dia. Com
isto quero dizer que, tanto o trabalho como as merecidas férias, fazem
parte do todo que é a vida humana e a sua vocação divina. Se somos
responsáveis em levar à plenitude a obra que nos é confiada por Deus,
também devemos procurar, através do descanso, a significação máxima do
humano e a essência do nosso existir, Deus.
As férias, são um tempo importante onde
se insere um ritmo de vida diferente e que permite voltar a sentir e a
saborear a beleza das coisas simples, das relações familiares vividas
com uma calma que não é muito habitual no tempo do trabalho.
Não são o tempo do "dolce fare niente",
mas o de olhar para os nossos entes queridos de olhos nos olhos; de
gestos que curam as faltas ou as omissões feitas ao longo do ano; de
atenção e intimidade que na frenesia do quotidiano não temos…
«Os apóstolos reuniram-se a Jesus e
contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ele disse: "Vinde vós
sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco". Com efeito, os que
chegavam e os que partiam eram tantos que não tinham tempo nem de
comer.» (Marcos 6, 30-31)
«Estar de férias» deve traduzir um
«estar numa outra dimensão»: de gratitude e contemplação. Não é só um
repouso físico, mas uma maior intimidade connosco, com os outros e com
Deus. A simbologia do sétimo dia, o dia em Deus descansou de toda a sua
obra, é este tempo de férias, de uma forma mais específica e intensa.
Deus dá sentido a tudo, desde o nosso trabalhar ao nosso descanso.
Estar de férias, sair do ritmo frenético
do dia a dia, permite-nos olhar a vida e tudo o que nela vivemos, com
bondade redobrada. Permite-nos olhar para o outro com um olhar mais
reconciliado, como um "dom" que somos para a família e para com todos
aqueles que fazem parte da nossa vida quotidiana.
Votos de boas férias e que todos possam entrar nesta «outra dimensão».
Por Paulo Victória
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