A
obra que expomos esta semana traduz o ciclo de encontros organizados
pelo Pontifício Instituto João Paulo II para os Estudos sobre Matrimónio
e Família ao longo dos anos académicos 2009-2010 a 2010-2011. Este
livro é coordenado e apresentado pelo casal Stanisław e Ludmiła Grygiel.
O casal
Grygiel afirma que “o objectivo destes encontros era meditar a santidade
matrimonial, olhando para o exemplo de alguns casais já reconhecidos
pela Igreja como santos ou a caminho de o serem.” Consideram que “o fio
condutor das histórias dos santos e esposos (…) [reflecte] um grande,
forte e imutável amor recíproco, não fechado numa satisfação sentimental
de contentar-se com um feliz «hoje», mas sempre em tensão para o
aperfeiçoamento, para um «amanhã» melhor, um amanhã que prossegue na
eternidade.” Mais adiantam que “sem tensão para a santidade, privada da
dimensão ultraterrena, a vida matrimonial torna-se aborrecida e pesada
porque fechada no temporal com todos os seus limites e as suas
dificuldades prosaicas. O que se radica unicamente no temporal está
exposto a todas as crises que se encontram naturalmente no dia a dia. O
que passa velozmente não pode santificar, dizia Rilke. Ao contrário, o
que está enraizado em Deus, na eternidade, é durável e santificante.”
Assim,
os coordenadores deste livro anunciam que “cada um dos casais de esposos
que apresentamos é diferente dos outros e original, com uma história
pessoal irrepetível e um modo único de conquista da santidade, ligado a
situações e contextos históricos diversos. Ao mesmo tempo, cada um
desses casais tem alguma coisa a ensinar aos casais de todas as épocas e
lugares.”
O primeiro casal que é abordado nesta obra é fruto da investigação apresentada por Guilia Paola Di Nicola e Attililo Danese e tem como título: Raïssa e Jacques Maritain – Um caminho de amor e de fé em casal.
De uma forma sucinta apresentamos alguns traços biográficos deste
casal: Raïssa Oumançoff é de origem judia (1883-1960) e conhece Jacques
Maritain (1882-1973) de influência protestante, na Universidade Sorbonne
de Paris, no inverno de 1900. Casam-se no dia 26 de Novembro de 1904 e
convertem-se ao catolicismo em 1906 tendo os dois recebido baptismo e
bênção nupcial no dia 11 de Junho, dia de São Barnabé.
Para
Guilia e Attililo Danese: “Jacques e Raïssa fizeram um percurso de amor e
de verdade que, à medida que caminhavam, os levava à conversão pessoal e
de casal. Esta ligação intrínseca entre amor e fé evitou um
cristianismo bloqueado por excessos de moralismo, de imperativos
categóricos, de servilismo e de espiritualismo. (…) O seu testemunho
cristão tem a simplicidade dos filhos de Deus, longe do paternalismo e
do fanatismo de quem aponta para conquistar e converter a todo o custo.
Transmitiram a beleza do Evangelho com o testemunho do seu amor forte,
terno, respeitador dos talentos de cada um.”
Para
estes investigadores é fecunda a forma como começa a história deste
casal quando dizem: “é este o relato de Raïssa sobre o primeiro
encontro, fascinante e irresistível pela graça do enamoramento, que
suscitou nos dois jovens o desejo de reconstruírem juntos o mundo
iluminado pelo seu amor:
Um dia,
eu saía melancólica de um curso do professor Matruchot […] e vi
caminhar na minha direcção um jovenzinho com um bom rosto, abundantes
cabelos louros e uma barba rala, com uma postura um pouco curvada.
Apresentou-se, disse-me que estava a formar um comité de estudantes para
iniciar um movimento de protesto entre os escritores e os
universitários franceses contra o mau tratamento de que os estudantes
socialistas russos eram vítimas nos seus países (…). Pediu o meu nome
para este comité. Foi este o meu primeiro encontro com Jacques Maritain.
[…] Imediatamente nos tornámos inseparáveis. (…) Depois das aulas,
acompanhava-me a casa; às vezes outros companheiros uniam-se a nós; mas,
mais frequentemente, estávamos sós. Tínhamos muito caminho para andar e
as nossas conversas eram intermináveis. (…) Não existia nada fora
daquilo que devíamos dizer um ao outro: precisávamos de repensar,
juntos, o universo inteiro, o sentido da vida, a sorte dos homens, a
justiça e a injustiça da sociedade. (…) O tempo passava demasiado
depressa e não podíamos desperdiçá-lo nas banalidades da vida. Pela
primeira vez, eu podia verdadeiramente falar de mim, sair das minhas
reflexões silenciosas para comunicá-las, dizer os meus tormentos. Pela
primeira vez, eu encontrava alguém que, repentinamente, me inspirava uma
confiança absoluta; alguém que – eu sabia-o já desde aquele momento –
nunca haveria de me desiludir, alguém com quem, sobre todas as coisas,
eu tão bem me harmonizava. Um outro Alguém tinha preestabelecido entre nós uma harmonia soberana, apesar de tamanha diferenças de temperamento e de origem.
Quando Raïssa, tempos mais tarde, fez uma releitura deste encontro, decisivo para a sua vida e de Jacques, não
pôde deixar de reconhecer a mão de Deus naquele «Alguém» ainda
desconhecido que desempenha o papel de Terceiro entre os dois,
discretamente presente para solidificar o entendimento.”
Mais informação sobre a vida e obra do casal Maritain.
Informação sobre os Coordenadores desta obra:
Ludmiła Grygiel é tradutora e ensaísta polaca. Licenciada em Historia pela Universidade Jaguelónica de Cracóvia.
Stanisław
Grygiel é polaco, ensaísta, professor emérito de Antropologia
Filosófica no Pontifício Instituto João Paulo II para os Estudos sobre o
Matrimónio e Família, e director da Cátedra Karol Wojtyła do mesmo
Instituto. É redactor da revista Znak (Cracóvia), e co-fundador e antigo director da revista Il Nuovo Areopago (Forlì-Bolonha).
Índice:
Prefácio
– Pe. Marco Luís (Director do SDP Familiar de Setúbal); Carlos e Isabel
(SDP Familiar de Setúbal) | Introdução: Santidade dos dois [Ludmiła Grygiel] | [Dez perfis de santidade conjugal]: I – “Raïssa e Jacques Maritain – Um caminho de amor e de fé em casal” por Guilia Paola Di Nicola e Attililo Danese; II – “Luigi e Maria Beltrame Quatrocchi – A fecundidade do sacramento vivido” por Paola Dal Toso; III – “Gianna Beretta Molla e Pietro Molla – A força que vem do amor” por Pierluigi Molla; IV – “Franz e Franziska Jägerstätter – O testemunho realizado da vocação: o abandono em Deus” por Antonio Maria Sicari; V – “Viktoria e Józef Ulma: O testemunho do amor até ao martírio” por Mateusz Szpytma; VI – “Giovanni Gheddo e Rosetta Franzi – O heróico testemunho de uns pais «normais»” por Piero Gheddo; VII – “Louis Martin e Zélie Guérin – Educar para a santidade em família” por Dominique Menvielle; VIII – “Beata Vitória Rasoamanarivo – A fidelidade ao matrimónio na tribulação” – António Maria Sicari; IX
– “João Yu Jung-Cheol e Lutgarda Yi Sun-I – Esposos, virgens e
mártires: uma vocação excepcional para o amor em tempos de perseguição”
por D. You Heung-Sik Lazzaro; X – “Maria Santíssima e José de Nazaré” por Tarcísio Stramare.
Público-alvo: Jovem/Adulto
Ficha técnica:
Título – Esposos e Santos – Dez perfis de santidade conjugal | Coordenadores – Ludmiła Grygiel; Stanisław Grygiel| Editor – Paulinas Editora, 1 ed. Novembro 2014, págs.: 280 | ISBN: 978-989-673-424-4.
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