O bispo de Aveiro publicou hoje uma nota pastoral sobre o tema da
eutanásia, considerando que a eventual legalização desta prática
constituiria um “retrocesso civilizacional” para Portugal.
A legalização da eutanásia afigura-se como um sinal contraditório e
um retrocesso da nossa civilização. Em várias civilizações antigas, como
na Grécia e em Roma, a eutanásia era praticada e só com o novo
humanismo nascido com o cristianismo a valorização e a defesa da vida
humana se foi afirmando nas sociedades desenvolvidas. Todo este
património corre o risco de se perder nos tempos atuais”, assinala D.
António Moiteiro, num texto intitulado ‘Quem mais precisa, mais atenção
merece’.
O responsável lamenta que a atenção do Parlamento se centre na discussão sobre a legalização da eutanásia.
“O que deveria estar a discutir-se seriam os modos de atuar para
minorar o sofrimento e a dor de quem está perante o limite e a
fragilidade”, sublinha.
O bispo de Aveiro entende que a eutanásia, enquanto antecipação da
morte, “não poderá, de modo algum, considerar-se uma resposta
humanamente adequada”.
“Ela significa abandono, desistência e incapacidade de responder com o cuidado humanizado em favor de quem se encontra em situação de debilidade”.
A nota pastoral alude à experiência dos países que legalizaram a eutanásia, alertando para o “efeito de rampa deslizante”.
“Depois de legalizada, a eutanásia torna-se um horizonte que atinge
todos aqueles que, um dia, venham a necessitar dos cuidados de saúde.
Não apenas como uma possibilidade, mas como uma tentação: a de eliminar
quem passasse a sentir-se como um peso para si próprio e para os
demais”, alerta D. António Moiteiro.
O responsável considera um “erro” colocar ao abrigo da lei uma prática que “não acrescenta humanidade aos serviços de saúde”.
“A vida humana é inviolável”, insiste.
O bispo de Aveiro propõe, como alternativa, uma maior aposta nos
cuidados paliativos e continuados, com políticas que “favoreçam a
criação do estatuto do cuidador”.
“A eutanásia é a escolha de uma ideia de sociedade em que cada um não
se pensa como alguém em relação com os demais, mas fechado sobre si
mesmo. A cultura do cuidado não pode desistir, perante tal visão”, pode
ler-se.
A Igreja Católica em Portugal vai celebrar de 13 a 20 de maio a
Semana da Vida; D. António Moiteiro deseja que as comunidades católicas
recebam o folheto publicado recentemente com as perguntas e as respostas sobre a eutanásia.
“Uma sociedade será tanto mais moderna e avançada quanto melhor
cuidar dos seus elementos mais vulneráveis, criando leis e normas que
impeçam o mais forte de exercer o seu poder sobre o mais fraco”, conclui o bispo de Aveiro.
OC
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