Pediram-me um testemunho do
que para mim é ser Mãe. Difícil tarefa de expressar em palavras. Como
descrever algo que se vive sobretudo em afectos, onde as alegrias e as
dores se medem numa escala diferente, onde as expectativas e os anseios
ganham ou perdem importância apenas com um sorriso ou uma lágrima?
Ser Mãe exige saber dar sem esperar
contrapartida, sabendo que esta existe sempre; saber ouvir e calar;
saber ver e ignorar. Exige sobretudo uma sabedoria que vem do coração. É
saber deixar voar, acompanhando sem limitar. É ter a certeza que o amor
exige respeito e humildade de aceitar mesmo o que parece
incompreensível. É tempo dado incondicionalmente, com a certeza que é
sempre ganho. É dar muito e agradecer sempre sem cobrar, sem modelos ou
estereótipos que muitas vezes não correspondem à realidade possível.
Cada filho é diferente de nós e dos
outros: é único e especial. E tudo o que for dado, é recebido, mesmo que
por vezes não no tempo ou com o ritmo, que poderia ser ambicionado.
Ser Mãe é uma graça de Deus que nos faz
sair de nós próprios, encontrando forças no amor, mesmo nas adversidades
e incompreensões. Amor verdadeiro e firme, que exige respeito e limites
e não cedência por facilitismo ou falta de tempo.
Tudo o que dermos, recebemos. E haverá
maior compensação do que ver os filhos felizes e autónomos? Sabendo que a
Mãe é um porto de abrigo que espera sem exigir, que consola sem cobrar,
que goza as alegrias e dá a mão nas tristezas?
Fui abençoada com cinco filhos que sabem
bem, embora cada um à sua maneira, que podem contar com o meu amor. E
que me dão todos os dias o seu. E é esta realidade que nos faz felizes e
agradecidos à vida, e fortes para aceitar o que ela trouxer.
Por Isabel Jonet
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