Há projetos difíceis nas
nossas vidas. Há projetos que são um prazer enorme. Ser pai é um desses.
Escrever sobre isso é que é difícil. Tentemos.
Pai é aquele que acompanha sem
atrapalhar. Pai é aquele de braços abertos acolhe as filhas como são e
não como desejava que fossem. Pai é ser amigo, mas não o melhor amigo.
Pai é ser aprendiz desta viagem da paternidade em conjunto com a mãe e
com o filhas. Pai é ser capaz de sofrer em silêncio sempre que as filhas
nos “partem” o coração. Pai é desejar o melhor para as filhas: que elas
vivam a sua vida, como a desejarem. Pai é saber que as filhas, as
nossas filhas, não são nem serão como nós. Pai é ser o herói que chora,
que assume que erra e que procura ser o mais congruente possível. Pai é
relação. Pai é ser presente.
Pai é sofrer com o silêncio. Um dos
episódios mais marcante desta aventura que começou há doze anos foi o
silêncio da madrugada do dia do nascimento da filha mais velha, a Clara,
foi dilacerante. Depois de toda a adrenalina, trabalho de parto de
dezasseis horas, ir para casa sozinho foi angustiante, uma sensação de
vazio, de angústia. Marcou-me imenso.
Porquê este título, perguntarão alguns.
Porque é o que acredito: quanto mais pai inconsciente eu for mais
conscientemente irei agir como pai. Não há o pai perfeito. Possivelmente
eu sê-lo-ei para as minhas quatro filhas. Como todos os pais o serão
para os seus filhos. Importa em cada momento agir de acordo com as
ferramentas que se tem. Recordar sempre: o manual de instruções dos pais
são as filhas. As filhas fazem os pais. Tenhamos a humildade de
aprender com as nossas filhas.
P.S.: Texto escrito no feminino: filhas.
Tenho quarto. Sou um sortudo: tenho um harém familiar constituído por
cinco mulheres que todos os dias fazem de mim melhor pai. A começar com a
companheira desta aventura da paternidade, a mãe Sónia, passando pela
Clara, Inês, Sofia e terminando na benjamim Maria.
Comentários
Enviar um comentário