Falar com Deus como um amigo fala com outro amigo. É este um dos convites de Santo Inácio nos Exercícios Espirituais.
Aprender a conversar com as pessoas com quem vive, aprender a dar nome
ao que vive e ao que sente pode ser o primeiro passo de uma criança em
direção à oração. É através deste hábito que a criança descobre o
sentido da oração. Rezar é falar com alguém de quem somos amigos e com
quem gostamos de partilhar o que nos acontece de bom, de alegre, de mau
ou de triste com a certeza de que somos ouvidos e ajudados.Rezar em família, dando lugar a que cada um se expresse à sua maneira, ajuda a criança a compreender que quanto mais ligada estiver aos pais, mais ligada estará a Deus.
Sendo a fé uma relação de confiança, a procura de ter em Deus o seu grande apoio, aprender a rezar é também aprender a confiar e descobrir que Deus confia em nós. Educar com base no medo e na ameaça pode dificultar o caminho para Deus. É num ambiente de confiança que se ensina a confiar.
A quem rezar?
Aprender a conversar com Jesus, a falar com Ele sobre as coisas do dia a dia sem grandes formalismos é uma boa forma de começar a rezar. Depois disso, podemos falar do Pai de Jesus como aquele que nos dá tudo. À medida que a proximidade da criança com Deus se vai consolidando, vai-se aproximando o momento de lhe ser apresentada Maria, a mãe de Jesus. Maria deverá ser compreendida pela criança sempre à luz de Jesus, sempre como a mãe de Jesus. E, porque Maria é a Mãe de Jesus, também pode ser nossa Mãe!
A criança, sentindo-se filha de Maria, sente-se segura e capaz de recorrer a Ela como recorre à própria Mãe. No entanto, a criança não pode considerar, nunca, Maria superior a Jesus.
Por isso, os pais, na oração da criança com Maria, não devem ensiná-la a rezar diretamente a Maria, mas devem ensinar a rezar a Jesus com Maria e como Maria, com a certeza de que Ela intercederá sempre pela criança junto de Jesus.
Enquanto mais pequena, o contacto da criança com Deus é quase a brincar. Mas, à medida que a criança vai crescendo, o seu desenvolvimento religioso vai progredindo e assim vai-se apercebendo do amor e da bondade de Deus, pelo que de bom tem e pelo bem que vive, no dia a dia. Aprende a dizer obrigado, a louvar, a ser sensível, pedindo pelos que não têm. Mas aprende também a pedir desculpa, sabendo que Deus perdoa sempre.
Com o crescimento, a criança vai percebendo que os pais não têm poder para resolver todos os problemas nem satisfazer todos os seus desejos, não porque não queiram, mas porque não podem. Confiar apenas nos pais não é suficiente. Sem a ajuda de Deus, nem os adultos podem resolver todos os problemas ou evitar as aflições que vão surgindo.
Graças a estas experiências, a criança, ao ir crescendo, intui que, acima dos pais existe Alguém que toma conta dela, da família e até dos pais que, afinal, não são «deuses».
Assim, a criança é encaminhada para reconhecer Deus como o verdadeiro apoio, que só Ele basta. Para a criança chegar a este ponto, é fundamental que quem a acompanha no crescimento de fé esteja atento e próximo nas alegrias e nas tristezas, nas conquistas e nos fracassos.
Domingas Brito e José Maria Brito, s.j.
in Mensageiro do Coração de Jesus – julho 2017
(Fotografia de: Ratiu Bia – Unsplash.com)
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