Tornar a Igreja mais próxima dos jovens e, numa diocese
geograficamente periférica, chegar através da cultura aos locais mais
remotos, constituíram duas das prioridades da intervenção da referente
da Pastoral da Cultura de Bragança-Miranda este sábado, em Fátima.
«Caímos muitas vezes no erro de olhar para os jovens como o
futuro da Igreja, esquecendo que eles têm de ter também uma palavra no
presente da Igreja», sublinhou Fátima Pimparel na 13.ª Jornada Nacional
da Pastoral da Cultura, que debateu o tema "'Out of the box: A relação
dos jovens com a Cultura".
Na conferência, que pode ser vista na totalidade no vídeo após
este texto, a responsável manifestou «preocupação» pelo facto de o
documento preparatório do próximo Sínodo dos Bispos, que em 2018 se vai
centrar nos "jovens, a fé e o discernimento vocacional", «não ter sido
ainda alvo de atenções».
«Depois queixam-se de que os sínodos não são caminhar juntos,
que é isso que significa o sínodo», vincou, antes de sublinhar: «Os
documentos preparatórios são entregues muito antes precisamente para que
se preparem os sínodos, e de facto temos dado pouca atenção a este
documento».
Fátima Pimparel expressou o desejo de que na Igreja em Portugal a
Jornada Nacional da Pastoral da Cultura seja «uma chamada de atenção
para a necessidade de se olhar para o documento preparatório».
Sobre a realidade da ação da Igreja entre a juventude da diocese
transmontana, a referente explicou que aos 18 anos a «grande maioria»
dos jovens «sai e não volta», pelo que que não se pode falar de
Pastoral Juvenil, mas «Pastoral da Adolescência».
A preferência do Secretariado é «levar atividades a zonas mais rurais,
abrir a porta e mostrar aquilo que são as expressões culturais e
artísticas da diocese de Bragança-Miranda», e convidar para visitar o
território os artistas mais distantes, «fazendo do longe perto»
O «grande cancro da Igreja» em Portugal ocorre aquando do Crisma,
apelidado de "sacramento do adeus" por marcar a despedida da Igreja,
situação que o papa Francisco também mencionou aquando da visita "ad
limina" dos bispos a Roma, em 2015, quando se referiu a «um vazio na
oferta paroquial de formação cristã juvenil pós-Crisma».
Para Fátima Pimparel, «levar os jovens a participar uma vez [nas atividades] não é difícil; o difícil é que eles voltem».
Mesmo as Jornadas Mundiais da Juventude, que concentram doses
elevadas de entusiasmo, nem sempre têm reflexos nas dioceses: «Por vezes
os frutos dessas experiências esbatem-se ao fim de pouco tempo. A
manutenção é que é a dificuldade», apontou, acrescentando que se olha
muito «para o grupo de jovens e atenta-se pouco no jovem concreto».
Referindo-se ao Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura, a
que preside, Fátima Pimparel salientou que uma das prioridades é a
«descentralização» de eventos, agendando-os para fora de Bragança,
opção «muito importante porque há vilas e cidades que não têm qualquer
proposta cultural durante muitos meses».
«Há poucos dias levámos uma peça de teatro dos jovens do
Seminário Conciliar de Braga a Vinhais, vila onde vive pouca gente;
quando abriu a cortina, aqueles 11 jovens ficaram dececionados porque
já tinham feito cinco apresentações na arquidiocese de Braga sempre com
casa cheia, e viram poucas pessoas. Mas em Vinhais, essas poucas
pessoas são muitas», exemplificou.
A preferência do Secretariado é «levar atividades a zonas mais
rurais, abrir a porta e mostrar aquilo que são as expressões culturais e
artísticas da diocese de Bragança-Miranda», e convidar para visitar o
território os artistas mais distantes, «fazendo do longe perto».
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