Urge uma nova pedagogia para construir a família - reflexão a partir dos resultados do Inquérito "A Família que somos"
A equipa de pastoral Familiar do Arciprestado contou com a presença do P.e Rui Alberto para apresentar os resultados do inquérito sobre a família, lançado em janeiro do corrente ano. Tratou-se de uma tertúlia, marcado pela presença de quase uma centenas de pessoas, com vários casais e famílias do Arciprestado de Vila Nova de Famalicão.
O referido inquérito surgiu dos desafios lançados pelo Sínodo dos Bispos sobre a Família e pela consequente Exortação Apostólica do Papa Francisco, Amoris Laetitia.
Sabendo que se trata de um sector da pastoral da Igreja que deve ser prioridade na vida e ação da Igreja, o P.e Rui Alberto, não deixou de salientar a importância de comparar algumas estatísticas nacionais com as respostas aos inquéritos. E por aqui se pode perceber que não é óbvio que o casamento seja a regra para que toda a gente seja feliz.
A prova disso é o aumento dos divórcios. Ao longo dos anos as estatísticas evidenciam grandes mudanças na sociedade: diminuição de natalidade, de matrimónios religiosos, diminuição do número dos elementos dos agregados familiares...; aumento dos casamentos civis e das uniões de facto, dos divórcios...
Apesar de o tema dos avós não estar presente no inquérito, o P.e Rui Alberto não deixou de referir que este tema não pode ser esquecido, deve ser mais trabalhado e estudado...
Da questão “porque é que há jovens que não se casam?” sobressaiu o medo de assumir um compromisso. Contudo, o conferencista perguntou: será por cobardia!? Segundo ele, muitos dos jovens não se casam por um acto de inteligência. Ou seja, ao olharem a realidade, ao verem o que se passa com o divórcio dos seus pais e amigos, interrogam-se sobre o casamento... As situações de sofrimento, de tristeza, de zanga que eles vem nos outros fazem com que tudo seja muito mais ponderado e por isso também o casamento seja retardado... Aliás, hoje é preciso mais tempo para se ser adulto, pois tudo é muito mais exigente. E tudo isto faz pensar. Por isso, vale a pena pensar e tratar do tema da juventude com mais tempo e propriedade.
A partir da realidade, e o inquérito talvez não tenha sido tão abrangente para o revelar, percebemos que as famílias de hoje são muito diferentes na sua presença na sociedade. Há uma multiplicidade de famílias que nos fazem pensar na forma como podemos, com solicitude, tratar delas, dos que as habitam...
Quanto aos temas de desenvolvimento que o inquérito apresentava, o P.e Rui Alberto, salientou a importância do acolhimento, do acompanhamento, do caminho de discernimento, da integração e misericórdia, reforçando a importância da partilha de ideias e experiências, dos momentos de encontro com os casais, quer sejam mais jovens ou mais adultos. Referiu sobretudo que a Igreja há de acolher sempre toda a gente, mas ao mesmo tempo não poderá renunciar aos valores do evangelho; não há de discriminar nem condenar, pois, na Igreja há sempre lugar para todos. Não há lugares reservados nem de distinção. Para o efeito é importante atender a todas as situações, num acolhimento pessoal, sem entrar nas abstracções mas entrar na realidade concreta da vida de cada pessoa casada ou divorciada, em união de facto ou recasada... É desejável uma criatividade para reconstruir a pertença à Igreja.
Como que em jeito de conclusão, o orador, disse que o ideal cristão de matrimónio e de família é um dom viável e fonte de alegria. Contudo não é óbvio nem fácil. É dom de Deus mas requer o nosso empenho e esforço, sem grandes “boleias” da sociedade...
Por fim o P.e Rui Alberto concluiu afirmando: há urgência em criar uma pedagogia para construir a família segundo o coração de Deus. E apontou quatro ideias para uma pedagogia do “fazer” família. A primeira: ser. Isto é, todos devemos cuidar do rosto uns dos outros e aprender a aceitar os “monstros” que existem em nós. A segunda: Ser de. Isto é, cuidar das nossas origens. Perceber que não somos o princípio das coisas, mas somos filhos de, somos e damos continuidade à vida... A terceira: Ser com. Isto é, cuidar do outro, amparar o outro, ser solícito para com o outro diferente de si... E por fim a quarta ideia: ser para. Isto é, cuidar do sentido e da abertura a Deus, ou seja, acolher e construir este Amor que dá esperança.
Desta forma, na perspectivada da esperança, o P.e Rui Alberto concluiu a sua intervenção, manifestado o seu regozijo pela ousadia do arciprestado ter levado avante o inquérito assim como este encontro familiar de partilha e reflexão sobre os resultados do mesmo.
P’la equipa de Pastoral Familiar do Arciprestado de Vila Nova de Famalicão
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