A nossa esperança não é um conceito, não é um sentimento, não é um telemóvel, não é uma pilha de riquezas, a nossa esperança é uma Pessoa», viva e presente em cada ser humano, sublinhou hoje o papa, no Vaticano.
Na audiência geral semanal, Francisco frisou que da
esperança «não se deve tanto dar razões a nível teórico, com palavras, mas
sobretudo com o testemunho da vida, e isto quer a nível interno da comunidade
cristã, seja fora dela».
«Se Cristo está vivo e habita em nós, no nosso
coração, então devemos deixar que se torne visível, não o esconder, e que aja
em nós. Isto significa que o Senhor Jesus deve tornar-se cada vez mais o nosso
modelo de vida e que nós devemos aprender a comportar-nos como Ele se
comportou. Fazer o mesmo que fazia Jesus», apontou.
Por isso, a esperança cristã «não pode permanecer
escondida», porque seria «débil, que não tem a coragem de sair e fazer ver-se»,
antes «deve necessariamente emanar para fora, tomando a forma excelente e
inconfundível da doçura, do respeito e da benevolência para com o próximo» e do
perdão.
Quando, «mesmo nas situações mais pequenas ou
maiores» da vida, se aceita «sofrer pelo bem», é como se fossem semeadas
«sementes de ressurreição de vida», fazendo «resplandecer na escuridão a luz da
Páscoa»
«Uma pessoa que não tem esperança não consegue
perdoar, não consegue dar a consolação do perdão e a ter essa consolação. Sim,
porque assim fez Jesus, e continua a fazer através daqueles que lhe dão espaço
no seu coração e na sua vida, na consciência de que o mal não se vence com o
mal, mas com a humildade, a misericórdia e a mansidão», declarou Francisco.
Os mafiosos, prosseguiu, «pensam que o mal se vence
com o mal e recorrem à vingança e a todos os crimes que conhecem, mas não
conhecem o dom da esperança e do perdão, os mafiosos não têm esperança».
A meditação do papa baseou-se num excerto do texto
bíblico da primeira Carta de Pedro (3, 8-17), cujo último versículo acentua que
«melhor é padecer por fazer o bem, se é essa a vontade de Deus, do que por
fazer o mal».
«Não quer dizer que é bom sofrer, mas que, quando
sofremos pelo bem, estamos em comunhão com o Senhor, que aceitou padecer e ser
colocado na cruz pela nossa salvação», observou.
«Agora compreendemos porque é que o apóstolo Pedro
nos chama "felizes" quando temos de sofrer pela justiça. Não é só por
uma razão moral ou ascética, mas é porque de cada vez que tomamos a parte dos
últimos e dos marginalizados ou que não respondemos ao mal com o mal, mas
perdoamos, sem vingança e abençoando, de cada vez que fazemos isto
resplandecemos como sinais vivos e luminosos de esperança»
Quando, «mesmo nas situações mais pequenas ou
maiores» da vida, se aceita «sofrer pelo bem», é como se fossem semeadas
«sementes de ressurreição de vida», fazendo «resplandecer na escuridão a luz da
Páscoa».
«Não pagueis o mal com o mal, nem a injúria com a
injúria; pelo contrário, respondei com palavras de bênção, pois a isto fostes
chamados: a herdar uma bênção», lê-se no fragmento bíblico: a bênção, declara
Francisco, «não é uma formalidade, não é só um sinal de cortesia, mas é um dom»
recebido e que pode ser «partilhado».
A bênção aceite e distribuída «é o anúncio do amor
de Deus, um amor desmesurado, que não se esgota, que nunca falha e que
constitui o verdadeiro fundamento» da esperança cristã.
«Agora compreendemos porque é que o apóstolo Pedro
nos chama "felizes" quando temos de sofrer pela justiça. Não é só por
uma razão moral ou ascética, mas é porque de cada vez que tomamos a parte dos
últimos e dos marginalizados ou que não respondemos ao mal com o mal, mas
perdoamos, sem vingança e abençoando, de cada vez que fazemos isto
resplandecemos como sinais vivos e luminosos de esperança, tornando-nos assim
instrumentos de consolação e de paz, segundo o coração de Deus», afirmou.
O papa concluiu a intervenção com uma síntese da
sua proposta: «Em frente com a doçura, mansidão, ser amáveis e fazer o bem
mesmo àqueles que não nos querem bem ou nos fazem mal, em frente».
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