Uma
pergunta que você pode responder hoje mesmo - e ser muito mais feliz depois
disso
Quem não se comove ao
ver uma mãe abraçando seu filho recém-nascido? A gravidez é motivo de grande
alegria. Cada criança que nasce é um verdadeiro milagre. Amor semeado, cresce,
cresce, cresce. E quando nasce, Deus fica feliz. Dá gargalhadas de alegria: “-
Luz! Luz! Luz!”, grita Ele sorridente. -“Luz para iluminar o mundo!” Quem
espera um bebê pode ter muitos medos mas o amor cobre uma multidão de temores e
a ansiedade de ver chegar a criança não cabe no peito.
E essa espera da mãe? De
nove meses, semana após semana, contando os dias, as horas, sofrendo as dores
de parto, esperando aquele momento único de abraçar o fruto do seu ventre? Noites
em vigília. Quantas vezes deve ter ouvido o título deste texto: “o que você
está esperando?” E lá se iniciava o relato da história de uma vida. Quanta
esperança renasce nos lares após o nascimento de um bebê.
E se essa criança for o
Salvador?
Esse evento natalício não só alegra a mãe, o pai, mas toda a humanidade. Sim,
Ele já nasceu entre nós. Deus de Deus. Luz da luz. Jesus Cristo, 100% homem,
igual a nós em tudo, menos no pecado, não é apenas um personagem que dividiu a
história ou um profeta que fez muitos milagres em vida. O que já seria algo
esplêndido. Jesus, o bebê que nasceu no ventre da Virgem Maria em Nazaré é 100%
Deus.
E o advento é o tempo
litúrgico onde relembramos e celebramos o nascimento de Nosso Salvador Jesus
Cristo, a chegada do Messias entre nós. Conforme escreveu Romano Guardini, “a
nossa salvação baseia-se numa vinda”. E é uma dupla espera, porque ao passo que
queremos celebrar e fazer memória de algo tão importante para toda a
humanidade, continuamos esperando a sua segunda vinda gloriosa. Essa espera
continua. E ficar esperando não pode significar apatia. Inércia. Precisamos
estar vigilantes, como sentinelas da manhã. Bem disse o poeta Cassiano
Ricardo,”sei que é preciso prestigiar a esperança, numa sala de espera. Mas sei
também que espera significa luta e não, apenas, esperança sentada. Não
abdicação diante da vida. A esperança nunca é a forma burguesa, sentada e
tranquila da espera. Nunca é figura de mulher do quadro antigo. Sentada, dando
milho aos pombos”.
Não dá pra ficar parado
deixando a vida passar em nossa frente como numa pracinha. Tudo em nosso tempo
é fast. A comida. Fast food, os relacionamentos. Fast love. Tudo é rápido demais, passageiro, descartável. O
tempo passa, o tempo voa e no ritmo da pós- modernidade, caminhamos apressados
com tudo o que fazemos. Há pressa na fila do banco, na mesa de casa, no
trânsito, até na hora de ir à missa. Seguimos cantando a música do homem
fragmentado, que vive aos pedaços. Nos distanciamos de nossa inteireza e
valores. É preciso parar um pouco. Olhar pra si mesmo. Olhar para o lado. Olhar
para os outros.
Quando
a mulher fica grávida seu corpo a obriga a desacelerar. Nestas quatro
semanas façamos esse exercício. Desacelerando nossos corações e
centralizando nossas atenções naquele que vai nascer: o filho de Deus! É
preciso gerar em nós o tempo de Deus. Um tempo onde sempre é Natal, onde há
mais solidariedade, onde a gente vê luzes na rua e dentro dos olhares cheios de
esperança mesmo naqueles que moram nas ruas. Já que o tempo do Natal desperta
tantas boas ações vamos fazer com que se estenda por todo o ano. Que esse clima
de fraternidade e expectativa da vinda do Senhor faça com que cada um de nós
saia de si mesmo e vá ao encontro do outro, como já exortou nosso amado Papa
Francisco: “a Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não
somente as geográficas, mas aquelas existenciais – do mistério do pecado, da
dor da injustiça, da ignorância, da falta de fé, do pensamento, de todas as
formas de miséria”.
Portanto
mais importante do que saber o que esperar é preciso saber o como esperar. Ser
cristão não é fechar os olhos para a realidade numa atitude alienada. Ao
contrário, aquele que vive o advento, essa feliz expectativa, quer despertar e
abrir os olhos para os desafios e tragédias que vivemos tendo sempre um olhar
de esperança. O monge trapista Thomas Merton em seu livro Tempo e liturgia,
afirma que “o mistério do Advento focaliza a luz da fé sobre o próprio sentido
da vida, da história, do homem, do mundo e de nosso próprio ser. No Advento,
celebramos a vinda e, em realidade, a presença de Cristo em nosso mundo.
Damos testemunho da sua presença mesmo no meio de todos os seus problemas
imperscrutáveis e de suas tragédias. Nossa fé no Advento não é uma fuga do
mundo para dentro de uma região nebulosa de ‘slogans’ e consolações que
declaram ser nossos problemas irreais e nossas tragédias inexistentes.”
Num
mundo que gira tão rápido e há tanto desespero, sejamos realistas mas
semeadores da esperança. Já que “fé sem obras é morta”, vivamos na prática o
que Cristo nos ensinou. Orar. Esperar. Amar. O que você está esperando?
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