As actividades lectivas acabaram, a maior parte dos
Professores ainda está nas escolas a terminar milhentas tarefas em que
sobressaem os inúmeros relatórios que vão ficar, na sua maioria, cuidadosamente
guardados em ficheiros, e os Pais lamentam-se porque não sabem o que hão-de fazer
aos filhos e criticam “as longas férias dos Professores”. E esta situação
obriga-me a colocar uma questão: O que é que os Pais sabem da Escola e dos
Professores?
Se os Pais conhecessem melhor a escola e aqueles a
quem entregam os seus filhos, certamente que a sua posição seria diferente, mas
nós, portugueses, fazemos, de facto, muito pouca vida comunitária. E eu
pergunto-me o que eles fariam se fossem obrigados a fazer algumas tarefas que
os encarregados de educação têm de realizar em alguns países. Por exemplo, nos
Estados Unidos não se fazem visitas de estudo sem que haja acompanhamento de
alguns pais. Na Hungria, onde há uma pausa lectiva para a neve, em que os
alunos têm que fazer actividades na montanha, os pais têm que se revezar no
acompanhamento dos alunos. As actividades de recepção no início do ano lectivo
incluem sempre a participação dos pais e não é em regime de voluntariado. Tem
que ser!
Quando digo estas coisas costumam perguntar-me se
estes pais não trabalham. Claro que trabalham mas sabem que têm de se organizar
de modo a prestarem este serviço à comunidade. E aí entram em conta as relações
de vizinhança, de amizade, de entreajuda social. A maior parte destas pessoas
não sonha com um mês de férias, seguidas ou intercaladas, pois têm que ter em
conta as suas obrigações para com o estabelecimento de ensino que recebe os
seus filhos.
A participação dos pais portugueses em actividades
deste tipo, ao longo do ano lectivo, traria muitos benefícios e penso mesmo que
um dos principais seria uma melhoria nas relações pais-professores, em que
sempre vi, com as excepções da praxe, uma incompreensão mútua que não abona a
favor de nenhum dos lados. Estou convencida de que se se conhecessem melhor nem
os professores diriam (ou pensariam…) que os pais “despejam” os filhos na
escola e se demitem dos seus deveres nem os pais diriam que os professores têm
férias a mais no Verão, o que, ainda por cima, é falso, pois apenas têm direito
a 22 dias úteis. E a escola arranja-lhes sempre que fazer quando não há actividades
lectivas…
Se nós fôssemos menos individualistas, não se
veriam tantos carros a receber alunos à porta das escolas, haveria mais
crianças juntas na praia ou no campo, a fazer férias em conjunto, enquanto uma
parte dos pais ainda trabalha. E, mesmo grátis ou apenas por uma pequena
quantia, há inúmeras organizações, autárquicas ou de solidariedade social, que
promovem e realizam actividades para que as crianças e os jovens possam ter
férias gratificantes, que lhes permitam revigorar o corpo, alimentar o espírito
e crescer mais harmoniosamente.
Havemos de lá ir… Uma das coisas que eu agradeço a
Deus é esta capacidade que tenho, apesar da idade, de continuar a sonhar que as
coisas só podem melhorar!
(Fartei-me de dizer coisas comuns, não apresento
nenhuma solução transcendente, mas não é a Vida real feita de coisas
comuns?comuns, não apresento nenhuma solução transcendente, mas não é a Vida
real feita de coisas comuns?
Por Maria do Carmo Cruz
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