Realiza-se no dia 21 de Maio, de 2016, a partir das 14h30, no Centro Pastoral de Santo Adrião de Vila Nova de Famalicão. A esta jornada está associado o Dia Arciprestal Jubilar da Família. Para além da formação a celebração da família. As equipas responsáveis pela Jornada deixam-nos uma primeira reflexão.
FAMÍLIA
UMA QUESTÃO JURÍDICA
OU UMA UNIÃO DE FACTO?!
XI JORNADA DA FAMÍLIA
O amor na família e o amor à família.
Poderíamos definir assim o contexto em que vamos
realizar a XI Jornada da família, promovida pelas equipas de Pastoral Familiar
da Unidade Pastoral de São Martinho de Brufe, São Martinho de Cavalões e de
Santo Adrião de Vila Nova de Famalicão, em parceria com a Equipa Arciprestal de
Pastoral Familiar de Vila Nova de Famalicão.
A família é o bem mais preciso de qualquer sociedade.
É um bem a cuidar e a preservar. Cuidar da família é desde sempre um tarefa
imprescindível que pertence a cada um mas também à sociedade e à Igreja. Não só
porque é um bem preciso, nem porque é a base celular de qualquer sociedade, mas
sobretudo porque é o berço onde nascemos, crescemos, existimos e morremos.
Em Cuba, o Papa Francisco disse: “As famílias não são
um problema, são sobretudo uma oportunidade; uma oportunidade que temos de
cuidar, proteger, acompanhar...”. Cuidar da família é cuidar da pessoa... Cuidar
a pessoa é cuidar do futuro da humanidade: “Sem família, sem o calor do lar, a
vida torna-se vazia; começam a faltar as redes que nos sustentam na
adversidade, alimentam a vida quotidiana e motivam na luta pela prosperidade. A
família salva-nos de dois fenómeno atuais: a fragmentação ou seja a divisão e a
massificação”.
A partir destas palavras colocamos esta interrogação:
“A família é uma questão meramente jurídica, que depende de uma constituição,
de uma lei, de um juízo de valor, ou é de facto uma união entre um homem e uma
mulher, como acontecimento natural, que traz realização e felicidade!?”
Na
verdade, a realidade tem vindo a mostrar que estamos a confundir tudo, que estamos
a padecer e a fazer sofrer a família devido a ideologias que igualizam tudo, negando
a alteridade e a complementaridade... Estamos a descuidar esta escola do amanhã
por falta de convicção e de afirmação da potencialidade da família como lugar e
centro de formação da humanidade. Não estamos a cuidar da família porque a
colocamos muito mais no âmbito dos laços jurídicos, portanto quebráveis de acordo
com a legislação, do que na fundamentação antropológica da coexistência familiar
e social, sem a considerar como uma instituição natural e desvalorizando todo o
seu papel no futuro para a humanidade. Olhar a família juridicamente reduz tudo
a um contrato de duas partes, que contêm letras pequenas, com o prazo de
validada mais tênue que existe: até ver... Esquecemo-nos, porém, que as duas
partes são duas pessoas, as letras pequenas são as particularidades da história
de vida de cada uma e que terá como sequência o surgimento de novas partes
(filhos). Tudo isto não cabe, nem é linguagem que o campo jurídico consiga
compreender. A isto só o verdadeiro conceito de família, união plena de duas
pessoas, projeto de vida a dois, abençoado por Deus no Matrimónio, pode
verdadeiramente abraçar. Diz-nos o Santo Padre na exortação pós-sinodal Amoris
Laetitia: “É verdade que o amor é muito mais do que
um consentimento externo ou uma forma de contrato matrimonial, mas é igualmente
certo que a decisão de dar ao matrimónio uma configuração visível na sociedade
com certos compromissos manifesta a sua relevância: mostra a seriedade da
identificação com o outro, indica uma superação do individualismo de
adolescente e expressa a firme opção de se pertencerem um ao outro.(…)Isto vale
muito mais do que uma mera associação espontânea para mútua compensação, que
seria a privatização do matrimónio.”(AL 131)
E
todo este descuidado está a entranhar-se desde o berço. Esta sociedade que não pugna
o egoísmo, o egocentrismo e a autorreferência... que não elimina o hedonismo
nem a autorrealização a todo custo... que individualiza todas as coisas e todas
as questões... está a percorrer um caminho sem saída, pois o mais importante deixa
de ser o nós para se concentrar apenas no eu, não nos nossos problemas, mas nas
minhas coisas... E desta realidade surgem as divisões, separações, violências,
feridas, traumas, frustrações, incompreensões... e quem mais sofre é a família... e por consequência os familiares.... “Hoje, a secularização ofuscou o valor duma união para toda a vida e
debilitou a riqueza da dedicação matrimonial.” (AL 162)
Acreditamos que há um caminho: recuperar o amor na
família e à família. É uma tarefa à qual a Igreja tem que se dedicar mais. Para
o efeito não poderá nunca deixar de lado a alegria do Evangelho, os
ensinamentos do magistério e a compreensão da antropologia cristã. Face às
ideologias vigentes, para além da misericórdia, é necessário mais empenho,
dedicação, convicção, e muitas vezes passar além da dor e do sofrimento do
confronto entre a verdade que professamos e que nos querem fazer passar por
nova verdade. Não se consegue tudo isto sem fundamentação nem amor à causa. O
caminho está bem aberto pelo Papa Francisco, ao colocar a família no centro da
ação pastoral da Igreja e do Mundo. Não podemos desperdiçar esta oportunidade.
Que a XI Jornada da Família possa ser um gota de água no oceano de trabalho que
temos pela frente.
Pastoral da
Família da Unidade Pastoral de São Martinho de Brufe, São Martinho de Cavalões
e de Santo Adrião de Vila Nova de Famalicão, em parceria com a Equipa
Arciprestal de Pastoral Familiar de Vila Nova de Famalicão
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