Natal, tempo de voltar a casa!
Tornou-se viral, nos últimos dias,
o anúncio publicitário, de origem alemã, no qual se alerta para uma situação
cada vez mais frequente da nossa sociedade: o abandono dos mais velhos. Isto
ocorre particularmente numa sociedade competitiva em que nos situamos, quando
os mais novos se dedicam, sofrega e vertiginosamente, às suas vidas, às suas
coisas, aos seus trabalhos, a si e só a si...
Sim, vivemos no tempo da amnésia e
do alzheimer! Do esquecimento e da ingratidão! Vivemos no tempo dos filhos que
se esquecem dos pais e dos pais que se esquecem dos filhos. Dos irmãos que não
se falam, dos vizinhos desconhecidos.
Colectivamente, perdemos a memória.
Da casa, do lar, da família, da reunião.
Que bom se redesenhássemos as
relações e reatássemos as comunhões! Que bom se o Natal fosse, outra vez, o
tempo de voltar a casa!
Misericórdia, outro nome do
Natal!
Chega o Natal em tempo de
misericórdia. O Papa Francisco convocou toda a Igreja para a celebração de um
Jubileu Extraordinário da Misericórdia, neste ano pastoral, celebrando-se os 50
anos do encerramento do Concílio Ecuménico Vaticano II.
O Verbo de Deus é o rosto da
misericórdia do Pai, que é clemente, paciente e compassivo para com todos os
seus filhos. O Deus feito Menino, em Jesus de Nazaré, é o amor em movimento, a
misericórdia feita acção, porque Deus toma a iniciativa, dá o primeiro passo
para vir ao nosso encontro, viver e ficar connosco, até ao fim.
A misericórdia é, pois, outro nome
do Natal. Atingidos por esse rio inesgotável da misericórdia do Pai, sejamos
pois capazes de ser misericordiosos como o Pai.
Natal de porta aberta!
Sim, chega o Natal. E com ele
chegam luzes e sons que soam a falsidade.
A denúncia é desse homem, que veio
"do fim do mundo", para abanar e abalar os nossos comodismos
eclesiais, eclesiásticos e sociais. Diz Francisco que as festas de Natal
tornam-se vazias e soam a falso perante um mundo que escolheu “a guerra e o
ódio", que deixam um rasto de ruína por toda a parte.
Não sei se o Papa Francisco é ou
não ouvinte dos UHF. Mas, em todo o caso, no "longínquo" ano de 1995,
lançaram uma dessas canções intemporais que são autênticas profecias ou
orações:
Podia haver uma luz em cada mesa
E uma família em cada casa
Jesus em Dezembro, aqui na Terra
Podia ser Natal e não ser farsa.
A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador
Podia ser notícia o fim da amargura
Que divide os homens por trás dos
canhões
A fome e a miséria servem a loucura
Que forja profetas e divide as
nações.
A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador
Podia ser verdade o tom e o
discurso
Desse velho actor falando aos fiéis
Mas nada se passa na noite do mundo
Máscaras de dor, pequenos papéis
A história certa é
Natal de porta aberta
A ceia servida é a vida
Do Criador
A história certa é
Natal de porta aberta
Podia ser Natal...
Texto publicado na edição do
Correio do Vouga, de 16 de Dezembro de 2015
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