O
arcebispo da Aparecida, no Brasil, o Cardeal Raymundo Damasceno, declarou ontem
à Família Cristã e à Agência Ecclesia que o caminho de discernimento que os
casais divorciados recasados fazem com o seu confessor ou orientador espiritual
pode «chegar até à comunhão e à confissão». «No contacto com um ou com outro
casal que deseje ser acompanhado», e depois de «um discernimento sobre a sua
situação», «quem sabe, num caso ou noutro, chegar até à comunhão e à
confissão», confirmou o cardeal, em declarações proferidas em Roma, no final da
missa conclusiva do Sínodo dos Bispos, que decorreu em Roma nas passadas três
semanas.
O
cardeal brasileiro explica que o «Sínodo não tomou nenhuma decisão» geral sobre
o assunto, antes determinando que cada caso seja avaliado individualmente. «O
Sínodo fala muito do discernimento, porque cada caso é um caso. Não podemos
generalizar as situações dos casais que vivem uma segunda união, porque cada um
tem uma situação muito concreta, muito especial, com todas as circunstâncias
que rodeiam a vida dessa pessoa», explicou o prelado.
Neste
sentido, o cardeal diz que o Sínodo apela a «um discernimento sério, objetivo,
com uma consciência bem formada, aberta também à vontade de Deus, para que,
quem sabe, se possa chegar a uma conclusão mediante a decisão de um confessor
ou de um orientador espiritual, que possa acompanhar o casal nessa situação, se
assim o desejar». «O documento do Sínodo está marcado por uma dimensão da
misericórdia, da ternura da Igreja, sobretudo com aquelas famílias mais
sofridas e que estão em situações mais difíceis, como é o caso das famílias dos
migrantes, de quem sofre pobreza extrema, ou violência e perseguição, e as
pessoas que vivem situações especiais na sua vida matrimonial», sustentou.
Nesta
situação estão «pessoas que não foram felizes na sua primeira união
matrimonial, se separaram, contraíram uma segunda união, e aí estão, muitas
delas participando na vida da Igreja nas nossas comunidades, com a limitação do
acesso à comunhão e à confissão», mas também muitas que «talvez nem procurem a
Igreja para resolver essa situação que estão a viver». É a essas que o Sínodo
quer chegar e integrar. «É importante a integração dos casais nas nossas
comunidades, abrindo espaços para eles e possibilitando, evitando qualquer tipo
de escândalo, a possibilidade de participar nos ministérios e se integrarem na
vida da comunidade», pede.
O
prelado brasileiro, que dirigiu os trabalhos do Sínodo, fez um balanço muito
positivo da reunião sinodal, explicando que a metodologia «possibilitou um
maior número de encontros por grupos de trabalho, e isso facilitou a
participação» de todos num documento «consultivo» que, sabem, é um apoio para
as decisões que o Papa irá tomar. «São estudos e propostas que os padres
sinodais oferecem ao Papa. Cabe agora a ele tomar alguma decisão no sentido de
publicar alguma exortação pós-sinodal ou qualquer outro tipo de documento, para
que então as conclusões possam tornar-se efetivas nas nossas dioceses e nas
nossas paróquias», conclui.
in
http://sinododafamilia.blogspot.pt/2015/10/presidente-delegado-do-sinodo-confirma.html
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