Como
vivemos em família? Como trabalhamos? Como formamos comunidades? Como nos
relacionamos uns com os outros? O que falamos uns com os outros? Que valores
temos? Que influência exercemos?
Todas
estas questões traduzem as vertiginosas e rápidas mudanças na família e
consequentemente na sociedade...
O que
fazer? A observação leva-nos à reflexão. Há já dez anos que a Pastoral
Familiar, motivada pelos desafios pastorais da Arquidiocese e do Papa, se ocupa
e se propõe a fazer esta reflexão.
A família
é uma particular e, ao mesmo tempo, fundamental comunidade celular de amor e de
vida, sobre a qual se apoiam e vivem as outras comunidades e sociedades. Por
isso ela é insubstituível. Não há outra comunidade ou instituição que a possa
substituir. A família ocupa o lugar central. Bem sabemos que aquilo que não se
aprende na família muito dificilmente outra instituição o poderá ensinar. Ou
seja, o que na família se alcança, nenhuma outra instituição obterá os mesmos
resultados. O que realmente educa é o ambiente que a família cria e não aquilo
que os seus membros decidem fazer.
João Paulo
II, no encontro mundial das família no Brasil, em 1997, afirmou: “...através da
família, toda a existência humana está orientada para o futuro. Nela o homem
vem ao mundo, cresce e amadurece. Nela
se converte em cidadão cada vez mais responsável pelo seu país e em membro cada
vez mais consciente da Igreja. A família é também o ambiente primeiro e
fundamental onde o Homem descobre e realiza a sua vocação cristã e humana.”.
Percebemos
assim que a família é um centro de possibilidades de desenvolvimento humano e
social das pessoas e também, por que não dizê-lo, de desenvolvimento económico dos
povos. As famílias estáveis são as principais autoras de um desenvolvimento
sustentável. Este desenvolvimento depende principalmente da maturidade social,
emocional, espiritual, cultural e política de todos os membros da família.
Tudo afeta
a família. E a família afeta tudo. Se a mais pequena democracia se constrói no
coração da sociedade, assim também o seu desenvolvimento e sucesso. Tudo
depende do processo. O sucesso de uma sociedade ou instituição está no seu
processo. E o processo, lento e atemporal, atualiza-se e concretiza-se na família.
A família
é muito mais do que aquilo que se pensa dela: a sua influência é determinante
para o desenvolvimento da humanidade e consequentemente da sociedade.
A família
é um capital social que deve ser âmbito de ocupação e preocupação de todos,
desde as ciências políticas e económicas à responsabilidade pessoal e
comunitária de cada um, porque é uma instituição que veicula valores inerentes
à convivência, à sociabilização, à fraternidade e à solidariedade. Isto é, a
família é o lugar primeiro e fundamental para o desenvolvimento bio-psico-socio-espiritual
do Homem. Da família se espera afeto, compreensão, respeito, tolerância,
responsabilidade, honestidade, honra, bom trato, perdão, educação... ou seja,
aquilo que está previsto na declaração dos direitos humanos e possibilita que cada
pessoa possa coexistir pacifica e harmoniosamente.
O futuro
da humanidade está nas mãos da família. Por isso, a comunidade não pode ficar
alheia e apática ao que se passa na família. É preciso arregaçar as mangas e
meter as mãos à obra.
A função e
responsabilidade da família como produtora de bem social e de bens sociais
qualitativos é uma missão intransmissível, que não pode ser delegada em mais
ninguém. A sociedade e os seus governantes devem ocupar-se com o saber
acumulado que a família veicula para garantir que o mesmo saber não se perde
por desleixo ou indiferença. O saber familiar perde-se quando o valor cultural
família está em risco de sobreviver.
Em muitos
meios fala-se na importância do capital humano. Mas de que serve falar do
capital humano se este não encontra a sua raiz num núcleo familiar forte, protegido,
onde a vida e a coexistência se pauta pelo amor criativo e mútuo entre todos os
membros. Uma família, forte e protegida, assegurará um capital humano e social
forte e desenvolvido, criativo e gerador
de valores e de paradigmas estruturantes para a sociedade.
Equipa interparoquial da Pastoral Familiar de Sto Adrião e São Martinho de Brufe, Vila Nova de Famalicão
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