Como viver o Natal em família?

O Natal tornou-se ao longo do tempo uma festa incontornável, quer se seja ou não crente. Podemos lamentar o exagero comercial que provoca, mas também alegrarmo-nos por aquilo que cada pessoa prepara para manifestar nesse dia a ternura, a presença ou, simplesmente, a fidelidade àqueles que lhes são próximos.
Alguns dirão que festejam o aniversário de Jesus. Que bela expressão, porque festejar o aniversário de uma pessoa é dar-lhe todo o lugar e dar graças por aquilo que ela é hoje, pelo seu crescimento e pela alegria do que ela é. 
E com Cristo no mundo e em cada uma das nossas vidas? Após dois mil anos, o Reino de Deus expandiu-se, os crentes são mais numerosos, o Evangelho foi semeado pelo mundo...
Preparemos então a casa e o presépio como preparamos o espaço para receber alguém que nos visita e que nos dá a felicidade de acolher. 
Dar graças juntos
Em família reservemos tempo para olhar para o ano que passou, para dar graças por esse crescimento individual, familiar e coletivo: os perdões possíveis, as reconciliações acolhidas, os medos ultrapassados, as alegrias familiares, dos amigos... e todos os projetos por concretizar. Cristo vem sem cessar para o meio de nós.

Ousemos também nomear as mágoas e as perdas, depondo-as nas mãos de Deus, Ele que vem para consolar o seu povo, Ele que as conhece e não esquece nenhuma.
Entrar juntos no mistério do Natal
O Natal não é uma festa individual; é toda a Igreja que através do mundo acolhe Cristo com a mesma fé. Não há fronteiras: a liturgia convida-nos a entrar neste grande mistério de Deus feito homem, salvador de todo o ser humano, convida-nos a estarmos presentes neste acontecimento único.
Trazer cada pessoa a esta festa
Não podemos acolher Cristo sem trazer em nós os outros seres humanos. Para esse efeito, cada pessoa poderá encontrar a maneira de tornar presente os ausentes: pequenas luminárias, nomes escritos em torno do presépio, fotografias daqueles que nos deixaram, um mapa-mundo para confiar a Deus aqueles que ainda não o conhecem ou que são perseguidos em seu nome.
Não hesitemos em sermos atenciosos e delicados com pessoas que à nossa volta experimentam situações dolorosas: uma carta, alguns bolinhos, uma personagem para o presépio feita pelas crianças...
Não basta reunir as condições exteriores de felicidade para se ser realmente feliz: a verdadeira alegria, profunda, duradoura, nasce da relação: com Deus, com os outros, consigo próprio.

 Anne Mayol, Coordenadora da Pastoral Familiar da diocese de Paris, França 
In "Fêter Noël", Trad: Rui Jorge Martins, Publicado em 18.12.2014

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