No dia da Sagrada Família, papa realça papel dos avós e apela a «solidariedade concreta» com famílias sem saúde e trabalho.
Neste
primeiro domingo após o Natal, enquanto estamos ainda imersos no clima festivo
da festa, a Igreja convida-nos a contemplar a Sagrada Família de Nazaré. O
Evangelho de hoje apresenta-nos a Virgem Maria e S. José no momento em
que, quarenta dias depois do nascimento de Jesus, se dirigem ao templo de
Jerusalém. Fazem-no em religiosa obediência à lei de Moisés, que prescreve oferecer
ao Senhor o primogénito. Podemos imaginar esta pequena família, no meio de
tanta gente, nos grandes átrios do templo. Não se destaca ao olhar, não se
distingue.
Todavia, não
passa inobservada. Dois anciãos, Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo,
aproximam-se e louvam Deus por aquele Menino, no qual reconhecem o Messias, luz
dos povos e salvação de Israel. É um momento simples mas rico de profecia: o
encontro entre dois novos esposos cheios de alegria e de fé pelas graças do
Senhor; e dois anciãos também cheios de alegria e de fé pela ação do Espírito.
Quem os faz encontrar? Jesus. (...)
Jesus é
aquele que aproxima as gerações. É a fonte daquele amor que une as famílias e
as pessoas, vencendo cada divisão, cada isolamento, cada distanciamento. Isto
faz-nos pensar também nos avós: quanto é importante a sua presença. Quanto é
precioso o seu papel nas famílias e na sociedade. O bom relacionamento entre os
jovens e os idosos é decisivo para o caminho da comunidade civil e eclesial
(...)
[O papa
Francisco pede um aplauso para todos os avós do mundo]
A mensagem
que provém da Sagrada Família é antes de tudo uma mensagem de fé. Na vida
familiar de Maria e José, Deus é verdadeiramente o centro, e é-o na pessoa de
Jesus. Por isso a família de Nazaré é sagrada. Porquê? Porque está centrada em
Jesus.
Quando pais
e filhos respiram conjuntamente este clima de fé, possuem uma energia que lhes
permite enfrentar provações difíceis, como mostra a experiência da Sagrada
Família, por exemplo no acontecimento dramático da fuga para o Egito. Uma dura
provação.
O Menino
Jesus com a sua mãe Maria e com S. José são um ícone familiar simples mas muito
luminoso. A luz que irradiam é luz de misericórdia e de salvação para o mundo
inteiro, luz de verdade para cada homem, para a família humana e para as
famílias. Esta luz que vem da Sagrada Família encoraja-as a oferecer calor
humano naquelas situações familiares em que, por vários motivos, falta a paz,
falta a harmonia e falta o perdão.
A nossa
solidariedade concreta torne-se especialmente presente perante as famílias que
estão a viver situações mais difíceis devido à doença, a falta de trabalho, as
discriminações, a necessidade de emigrar. E aqui detemo-nos por alguns momentos
e em silêncio rezemos por todas estas famílias (...).
Confiemos a
Maria, rainha da família, todas as famílias do mundo, para que possam viver na
fé, na concórdia, na ajuda recíproca, e por isso invoco sobre elas a materna
proteção daquela que foi mãe e filha do seu Filho. (...)
O meu
pensamento vai, neste momento, para os passageiros do avião malaio desaparecido
enquanto viajava entre a Indonésia e Singapura, como para os passageiros do
navio que navegava nas últimas horas nas águas do mar Adriático, envolvido em
alguns incidentes. Estou próximo com o afeto e a oração dos familiares e de
quantos vivem com apreensão e sofrimento estas situações difíceis e a quantos
estão empenhados nas operações de socorro.
Hoje, a
primeira saudação vai para todas as famílias presentes. A Sagrada Família vos
abençoe e vos guie no vosso caminho. (...)
A todos
desejo um bom domingo. Agradeço-vos ainda os vossos votos e as vossas orações.
E continuai a rezar por mim. Bom almoço, e adeus!
Papa
Francisco
Alocuções
antes e depois da oração do Angelus
Praça de S.
Pedro, Vaticano, 28.12.2014 (Domingo da Sagrada Família)
Trad. /
edição: Rui Jorge Martins
Publicado em
#BeginDate format:Ge1 28.12.2014
http://www.snpcultura.org/papa_pede_solidariedade_concreta_pelas_familias_sem_saude_e_trabalho.html
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