Faz pouco mais de um ano que o
meu pai faleceu e, durante a missa do funeral, enquanto nos despedíamos dele,
eu senti ao mesmo tempo uma dor imensa e uma intensa alegria. Depois,
conversando com as amigas que me acompanhavam, eu me lembro de ter dito que o
meu maior agradecimento ao meu pai era pela fé e pela confiança na providência
divina que ele tinha me transmitido. Era aquela, para mim, a herança mais
preciosa. É ela que me mantém de pé sobre rocha.
E esta é a herança que eu também
quero deixar para os meus filhos, familiares e amigos.
O primeiro passo é ser
conscientes da sua importância. Podemos deixar muitas coisas para os nossos
filhos: estudos, bons colégios, viagens, esporte, computadores, idiomas,
cursos... Tudo isso é muito bom e necessário. Mas se nos esquecemos de ensinar
a eles o imenso Amor de Deus ou o escondemos no fundo do nosso coração ou nos
limitamos a uma série de costumes e tradições, vamos deixá-los indefesos diante
da vida e das tormentas que os esperam. Estaremos construindo sobre areia.
Por onde começar? Tornando-nos
como crianças. Não precisamos ficar lembrando as nossas tentativas frustradas
nem os bons momentos em que tudo parecia um mar de rosas, antes que os nossos
filhos entrassem na adolescência, por exemplo. Temos é que olhar para frente,
segurando firme na mão de Deus.
Seria bom meditarmos e conversar
com Deus para saber o que Ele quer para cada um de nós e para as nossas
famílias. Nada melhor do que os exercícios espirituais para isso. E é bom
fazê-los todos os anos, porque nós e as nossas famílias vamos mudando: o que é
bom hoje, talvez não seja o melhor amanhã.
Comecemos por nós mesmos:
renovemos o nosso amor a Deus e a nossa fé, porque ninguém dá o que não tem.
Depois podemos passar para a parte prática e de organização. Quais são os
tempos de oração que existem na minha casa? Cada família é única e tem que
encontrar o seu próprio caminho. Mas há orações que pedem a participação da
família: o santo terço, as orações da manhã e da noite, a bênção da mesa, a
Santa Missa dos domingos e das festas de guarda… E cada um pode acrescentar o
que quiser, para começar a sua própria tradição familiar.
Enquanto escrevo, folheio o que
o papa disse na homilia deste domingo e encontro estas palavras: “As crianças
são o elo de uma corrente. Vocês, pais, têm um filho ou uma filha para batizar,
mas, dentro de alguns anos, serão eles que vão ter que batizar um filho ou um
sobrinho. Essa é a corrente da fé! O que significa isso? Eu só queria dizer
isto: são vocês que comunicam a fé, vocês são os transmissores; vocês têm o
dever de comunicar a fé a essas crianças. É a herança mais bela que eles podem
receber: a fé. Só isso. Levem para casa este único pensamento. Temos que ser
transmissores da fé. Pensem nisso e em como transmitir a fé às crianças”.
E não é preciso dizer mais nada.
Por Eva Carreras del Rincón
MADRI, 13 de Janeiro de 2014 (Zenit.org)
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