Carta aberta
Desculpem
a ousadia, mas desejamos entrar em vossa casa, na vossa vida... Como irmãos, pedimo-vos
licença para o fazer... Permitam-nos que, cheios de respeito, batamos delicadamente
à porta do vosso imenso coração para nele entrar...
Apenas
nos queremos sentar convosco e ouvir-vos, sentir-vos, atender-vos e fazer nossas
as vossas alegrias e esperanças, dores e angústias... Como o Papa Francisco,
quando chegou a Brasil, dizemos: “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi
dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor fraterno
que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação:
«A paz de Cristo esteja
convosco!»”
Muitos
de vós sois crentes, pertencentes à Igreja. Contudo, por incompreensão e falta
de acolhimento mútuo, sentis o peso da exclusão da grande comunidade dos discípulos
do Senhor. O vosso desencanto, desapontamento e decepção são um grito que nos acorda
todos os dias. Queríamos portanto encontrarmo-nos uns com os outros, e, com
todos, abrir um diálogo para partilhar as alegrias e os cansaços do nosso
caminho comum; para escutar um pouco do vosso quotidiano; para nos deixarmos
interpelar pelas vossas interrogações; para vos confiarmos os sentimentos e os
desejos que sentimos no nosso coração diante de cada um de vós.
Antes
de mais dizemo-vos que não somos estranhos. Vós sois irmãs e irmãos nossos, muito
amados e desejados. E esta nossa ousadia de entrar na vossa vida reveste-se de
uma fraternidade comunicadora de vida, de um sincero afecto e da consciência
que em vós existem perguntas e sofrimentos que muitas vezes vos parecem
negligenciados ou ignorados pela Igreja.
Queremos
dizer-vos que estamos atentos e comprometidos com a vossa angústia humana.
É
certo que nós, muitas vezes e de muitos modos, não vos compreendemos e acolhemos.
Outras vezes tivemos palavras que tinham sabor a julgamento sem misericórdia ou
a condenação sem apelo. Por isso, fostes alimentando a ideia de que fostes
abandonados e excluídos...
Por
isso, colocando-nos ao vosso lado, o que vos queremos manifestar é isto: “A
Igreja não vos esqueceu! Nem porventura vos julga, exclui ou vos considera
indignos. A Igreja está próxima de vós. A vossa ferida também é nossa!”
Esta é apenas uma
visita que abre à confidência. Esta é uma visita às tuas tribulações que se
abre à partilha. Entramos assim em tua casa com uma palavra. Aquela palavra
silenciosa que deseja apenas exprimir o quanto queríamos ser um sinal do amor
de Deus que te acompanha, que te abençoa, que te envia o Consolador... No
fundo, dizer-te que a tua tribulação está habitada pela graça e pela bondade e assegurar
bem alto com o Salmista: «O Senhor está próximo
daqueles quem têm o coração ferido»
(Sl 18, 2) e «Mas Tu vês a angústia e a dor» (Sl 10, 14).
Pelas Equipas de Pastoral Familiar de São Martinho de Brufe e Santo Adrião, VNF
*Cf. Dionigi Tettamanzi, Cardeal
Arcebispo de Milão: “Carta aos casais em situação de separação, divórcio e nova
união” em 2008; e “Carta às famílias em dificuldade”, em 2009. Tradução do
departamento Arquidiocesano da Pastoral Familiar de Braga.
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