1 de Novembro: Dia de todos os Santos e Dia de Família



1 de novembro.
Não falta azáfama.
Há um corre, corre…
todos estão em estado de presença e de mobilidade…
Ninguém é esquecido (?).
Há mistério e saudade.
Há silêncio e frenesim…
Há lágrimas e palavras soltas, leves, próximas…
Há cor e cores exteriores
que tendem a demonstrar o sentimento da cor e das cores do interior.
Ora, predomina o branco festa… ora, surge o preto luto.
Há cheiros e há alegria nas flores.
Há cera e há luz… tudo a apontar para algo maior e transcendente…
O finito e o infinito abraçam-se e convivem pacificamente,
cheios de dúvidas e plenos de esperança, confiança, ânimo…
Há uma liturgia anual
que nos introduz no sentido último e primeiro da nossa existência terrena.
 
Porquê?
1 de Novembro é um dia maior, um dia grande, onde cabem todos… É o dia de todos nós. É o dia de todos os nossos. É o dia do Homem todo, inteiro e íntegro, não espartilhado e divido entre o céu e a terra, mas unido pelo mesmo fio da vida e do amor. É o dia de todos: dos que já participam da plenitude da vida e dos que a esperam com confiança.
Acredito que aqui está a resposta ao "porquê?". Este é um dia tão humano, tão familiar, tão fraterno que nos faz de tal forma vizinhos e próximos que este se torna num dia memorável, inesquecível… Ao celebrarmos este dia, colocamo-nos todos no mesmo patamar de entendimento. Este dia torna-se num belo ponto de encontro: não há mais lugar para as diferenças e para as divergências. Quando dizemos no nascer e no morrer somos todos iguais estamos a dizer que há uma única humanidade. Estamos unidos pela mesma esperança vital. Entendamos então, que este dia não é apenas um momento que deve passar depressa. Este dia é um acontecimento com tradução visível em cada corpo, em cada rosto, em cada pessoa. O mistério da vida e da morte não permite que passemos ao lado, com indiferença e apatia… Por isso, é tão importante celebrar-se este dia tanto quanto o nosso aniversário. E mais ainda, assim como celebramos o nosso aniversário em família, assim também este dia não pode deixar de ser a festa da família, da minha e da tua, da família humana e do seu futuro. O que vives hoje há de dar forma ao teu futuro e ao futuro dos teus familiares e amigos.
Encara e encarna o dia 1 de novembro como um desafio e um convite a deixares-te tocar pelo mistério que a vida e a morte nos permitem alcançar.
Dizemos que é o dia de todos os santos porque tal mistério nos chama a algo maior e mais nobre, mais sagrado. O convite à santidade abre-te as portas para entrares naquele verdadeiro sentido a que a vida te trouxe. Não te perguntes apenas quem sou? e o que estou aqui a fazer?. Antes, deixa-te questionar: para quem vivo?, para quem sou?
A lógica da tua vida encontra uma nova dimensão que não apenas a terrena. O teu horizonte não está apenas no que os teus olhos conseguem ver mas naquilo que o coração e a inteligência se esforçam por quem viver. 
 P.e Francisco Carreira

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