Ouçamos o P. Victor Feytor
Pinto:
É um tempo de esperança este
fim de século. Na
aurora do 3.º milénio queremos ser, em família, esperança para o mundo.
Perante a conceção da “não
família” que é a família nuclear, temos de aceitar o desafio da família alargada,
aberta ao encontro e diálogo de gerações.
Perante tantas famílias em
sofrimento pelas ruturas não provocadas, divorciados que se casaram de novo,
temos de aceitar o desafio de os acolher, ajudar e aproximar de Deus.
Perante a contradição da reprodução
medicamente assistida num mundo que se fechou à fertilidade, temos de
reinventar a fecundidade, ajudando as crianças que não têm família,
eventualmente através da adoção mais bem organizada.
Perante a contraceção, temos de
afirmar até à exaustão a paternidade responsável, com processos humanos que
respeitem a dignidade da pessoa e do casal e acompanhem os valores da natureza.
Perante as “fugas existenciais”
a que muitos jovens estão sujeitos, evadindo-se no barulho, na vertigem, no
álcool, no sexo anárquico, no tabaco, quando não na droga ou mesmo no suicídio,
temos de nos envolver nos processos de prevenção, sobretudo na prevenção
primária, através da educação para o sentido da vida.
Perante a crise económica
generalizada e que, na recessão, afeta tantas famílias, temos de conseguir a
partilha de bens, a partilha desempregos, mesmo alguma partilha da habitação,
para conseguir a sobrevivência de muitas famílias.
Perante o fenómeno das
migrações que desenraízam tanta gente, temos de nos educar para o acolhimento
ativo sobretudo nos estados e nas comunidades que têm trabalhadores de outros
países.
Perante a intromissão do estado
na privacidade de muitas famílias, havendo mesmo pressão sobre as opções a que
os casais têm direito, temos de conseguir leis que garantam sempre os direitos
da família, consagrados em texto e oferecidos aos governantes de todo o mundo pelo
Papa João Paulo II.
Finalmente, perante a primeira
responsabilidade dos pais cristãos que é educar na fé os seus filhos, temos de
conseguir nas nossas casas a educação cristã das crianças, adolescentes e
jovens, o que é possível numa verdadeira comunidade crente e evangelizadora,
comunidade de diálogo com Deus e comunidade aberta ao serviço dos mais pobres.
É mesmo tempo de esperança, se
os casais e as suas famílias, desafiando a
história, forem capazes de construir uma nova civilização: a civilização da
solidariedade e do amor.
P. Victor Feytor Pinto, Encontro
Internacional Fátima 1994
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