Tudo começou com a afirmação de que não nos podemos mais deixar enganar por equívocos da história, recordando-nos que a família é a forma mais normal de ser Igreja. A família e a sua história fazem a Igreja. A mesa familiar é um lugar de intimidade assim como é a mesa eucarística. Duas solidões não constituem nenhuma história de amor, de vida. Só duas liberdades que se querem e se amam podem fecundar a Igreja e o mundo. Mas amar não como se tivéssemos um sentimento. Amar não é um sentimento. Amar é uma opção, é um querer bem ao outro, é um fazer feliz o outro, mas com um segredo: nada exigir em troca. Por isso casar-se é morrer. Morrer para si e viver para o amado. A cruz é a expressão máxima do "casar-se" de Deus e de Cristo com a humanidade. Por isso casar não é uma celebração bonita, bem preparada, espetacular… o casamento é diário e contínuo… uma pessoa realizada matrimonialmente é uma pessoa que se encontrou, isto é, na sua liberdade, esta pessoa quer aquilo que faz e não faz aquilo que quer.
E o que é que a família quer? A família quer ser para a sociedade o que Deus é para a pessoa. E Deus é para cada um de nós muito mais do que amor. Deus é amar. Isto significa que Deus não nos ama quando lhe "apetece", mas ama sempre, está sempre a amar… Deus escolheu amar… Deus optou amar-nos…
Diferentemente dos que se casam pelo civil, quando duas pessoas se casam na Igreja elas recebem uma missão: revelar ao mundo este Deus escolher amar. Bela e diária missão da família, esta de escolher amar "todos os dias da nossa vida".
Assim percebemos que a família será esperança para o mundo e para a sociedade quando a família quiser ser rosto de Deus. Consequentemente quando o rosto de Deus, ou a imagem de Deus ou ainda a ideia que temos de Deus está deturpada, a família deixa de ser esperança porque não diz o rosto do verdadeiro Deus. Isto é, não usa a liberdade e por conseguinte não opta amar.
O mundo vê a família com esperança não porque dá jeito mas porque precisa de encontrar Deus, de descobrir o rosto do amor. A esperança da família mostra que Deus está nela e com ela. A esperança é o sono do homem acordado. A esperança surpreende o próprio Deus.
As esperanças da família estão no dever cumprido, no trabalho a realizar, na corresponsabilidade entre todos, no equilíbrio dos afetos, na fidelidade a um projeto pensado, rezado, querido, não desejado.
A família é por si mesma esperança.
O P.e Carlos concluiu o encontro desafiando os presentes a não se deixarem incomodar por nada mas a comoverem-se em tudo fazendo assim sobressair a compaixão e misericórdia ativas por tudo e por todos.
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