É necessário «salvaguardar mais o cuidado da pessoa que o lucro»

O Papa afirma na Mensagem para o Dia Mundial do Doente, hoje publicada, que os cuidados de saúde exigem “profissionalismo e ternura” e pede às instituições de saúde católicas para “salvaguardar mais o cuidado da pessoa que o lucro”.

“A dimensão da gratuidade deveria animar sobretudo as estruturas de saúde católicas, porque é a lógica evangélica que qualifica a sua ação, quer nas zonas mais desenvolvidas quer nas mais carentes do mundo”, escreve o Papa na mensagem publicada pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Para Francisco, as “estruturas católicas são chamadas a expressar o sentido do dom, da gratuidade e da solidariedade, como resposta à lógica do lucro a todo o custo, do dar para receber, da exploração que não respeita as pessoas”.
“As instituições de saúde católicas não deveriam cair no estilo empresarial, mas salvaguardar mais o cuidado da pessoa que o lucro”, sublinha o Papa.
Francisco recorda que “a saúde é relacional”, afirma o valor da “interação com os outros” e da “confiança, amizade e solidariedade” e diz que o “cuidado dos doentes precisa de profissionalismo e ternura, de gestos gratuitos, imediatos e simples”.
“Contra a cultura do descarte e da indiferença, cumpre-me afirmar que se há de colocar o dom como paradigma capaz de desafiar o individualismo e a fragmentação social dos nossos dias, para promover novos vínculos e várias formas de cooperação humana entre povos e culturas”, escreve.
Francisco disse também que todas as pessoas precisam de cuidados de saúde, e que ninguém consegue “ver-se livre da necessidade e da ajuda alheia”, convidando todos a “permanecer humildes e a praticar com coragem a solidariedade, como virtude indispensável à existência”.
“Não devemos ter medo de nos reconhecermos necessitados e incapazes de nos darmos tudo aquilo de que teríamos necessidade, porque não conseguimos, sozinhos e apenas com as nossas forças, vencer todos os limites” lembra o Papa.
Francisco referiu que o XXVII Dia Mundial do Doente será celebrado de modo solene em Calcutá, na Índia, no dia 11 de fevereiro, e lembrou “com alegria e admiração” Santa Madre Teresa de Calcutá, “um modelo de caridade que tornou visível o amor de Deus pelos pobres e os doentes”.
A frase do Evangelho de São Mateus “Recebestes de graça, dai de graça” é o tema para a Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente, onde Francisco valoriza o papel dos voluntários nos diferentes ambientes dos cuidados de saúde.
“O voluntário é um amigo desinteressado, a quem se pode confidenciar pensamentos e emoções; através da escuta, ele cria as condições para que o doente deixe de ser objeto passivo de cuidados para se tornar sujeito ativo e protagonista duma relação de reciprocidade, capaz de recuperar a esperança, mais disposto a aceitar as terapias”, escreve o Papa na Mensagem para o Dia Mundial do Doente.

Cidade do Vaticano: 08 jan 2019

(Ecclesia)

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