«Se amanhã eu não estiver cá…»

Há dias em que não me é fácil saber que não chego para as encomendas, que me questiono ser a mãe que precisas, que fico com os nervos em franja e não tenho a calma suficiente para falar contigo e fazer-te entender que apenas quero o melhor para ti. Que o teu bem é a minha felicidade maior e o motivo pelo qual eu vivo.

Às vezes olho para ti e perco-me em pensamentos de como será que vês o mundo e como encaixarás nele ao longo da tua vida. Não consigo evitar de pensar na minha mãe, que me conhecia tão bem que sabia exatamente o tipo de filho que eu teria. Também ela certamente pensou vezes sem conta no meu futuro e no dos meus irmãos, principalmente quando soube que não iria estar para nos acompanhar e fazer parte dele.
Se amanhã eu não estiver cá meu filho, não quero saber se dobras o pijama ou se andas descalço no chão frio.
Quero apenas saber que escolhes o caminho do bem, que respeitas as escolhas dos outros e não deixas que desrespeitem as tuas. Aceita as partidas da vida como experiências que te enriquecem e ainda que chores, não te prendas a elas.
Voa o mais alto que possas fora e acima de tudo dentro de ti. Encontra o silêncio da respiração e aprende a estar sozinho porque é aí que a maior parte das respostas residem, em ti.
Não optes pelo fácil só porque é fácil e aquilo que fizeres, faz com dedicação e com amor (ainda que em alguma altura pareça o contrário, isso será sempre recompensado).
Ajuda quem podes e não fiques à espera que te ajudem, mas também não recuses a ajuda quando ela chegar. Fica atento, porque há sempre alguém por perto merecedor do teu amor, mas também há quem não o mereça de todo. Aprende a distingui-los e não desperdices a tua energia.
A vida pode não ser nada daquilo que esperas dela, mas será sempre essa tua coragem, determinação e sentido de humor que te farão único e que servirão de ferramentas para te adaptares aquilo que virá.
Se amanhã eu não estiver cá para te dar a mão e a vida apertar, lembra-te que ela é como o mar com ondas intercaladas ora de alegria ora de revolta… por isso nas ondas pesadas, respira, mergulha e deixa-as passar.
Quando vieres à tona já tudo aliviou!
Com amor da mãe.

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