Ser frágil é ser feliz

Podia dizer-vos que é fácil deixar tudo e partir. Não é. Não fica. Nunca será. Mas vale a pena. Podia dizer-vos que não te tira muito de ti, que não te faz sofrer, que não dói e que não magoa. Mas dói, faz-te sofrer e magoa-te.
Traz à tua pele toda a tua fragilidade. E à medida que caminhas frágil e sensível percebes que isso é viver a felicidade. Viver a felicidade é ser capaz de viver frágil e sensível e ainda assim alegrar-te com os pequenos milagres que Deus opera todos os dias.

Cresci e vivi a aprender a fragilidade e a sensibilidade como fraqueza. Chegar aqui fez-me compreender que a fragilidade é caminho para a coragem e a sensibilidade é o primeiro passo da caridade. Foi preciso chegar aqui para compreender na pele, no corpo, na amizade e na vida do dia-a-dia a importância de te permitires ser frágil e imperfeito. Perpetuar a imagem de que a vida é fácil e de que conseguimos caminhar sem dificuldades só alimenta a imagem da perfeição que não existe. Por isso que me vejam cair. Que me saibam insegura, medrosa, envergonhada. Que me vejam duvidar. Que me vejam frágil e sensível. Que nos vejam tal e como somos. Percamos o medo de nos mostrar despidos de perfeição.

Deixemos que as nossas fraquezas nos aproximem e que as inseguranças e medos nos façam unir-nos. Mostrar-nos tal e como somos cria pontes de amor, gera caminhos de amizade, faz amanhecer verdadeiros laços de carinho. Lembremo-nos que foi Jesus o primeiro que nos mostrou todas as suas chagas, todas as suas feridas ao morrer na cruz. Sigamos-lhe o exemplo. Compreendemos a plenitude deste amor de Deus por nós quando partilhamos fragilidades, medos e inseguranças sendo tal como somos. Ganhamos plenitude quando nos percebemos lados de uma mesma moeda, quando compreendemos que nos completamos, que somos parte do mesmo puzzle e que precisamos do outro para atingir e compreender a imensidão do amor de Deus. Não somos completos sozinhos precisamos do outro. A fragilidade traz-nos à memória a importância do outro na nossa felicidade. A felicidade só é real quando partilhada. O amor só se concretiza quando vivido em comunidade. A alegria só é verdadeira quando te mostras o cru ao mundo.

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