O nosso tempo é marcado por um egoísmo fundamentalista. Quase ninguém
vive sem se comparar com outros e sem competir por ter mais do que os
demais.
A nossa felicidade depende do que formos capazes de fazer uns pelos
outros. Tenho de sair de mim e ir ao encontro do outro, assim como
também tenho de me abrir a quem venha ao meu encontro.
A rede complexa de relações humanas em que cada um de nós está
envolvido é o contexto onde somos chamados a viver e a agir. A dinâmica
da realização plena não é individual, mas sim comunitária, diria até:
familiar.
As faltas do meu próximo são em parte da minha responsabilidade,
assim como também as suas virtudes. Devo estar atento e ajudar, num e
noutro caso.
Alguns dos que ficam para trás nesta corrida de loucos tornam-se
invisíveis aos olhos da sociedade. Ninguém quer saber da sua existência,
tão-pouco da sua desgraça. No entanto, quem quiser alcançar a
felicidade autêntica não pode ignorar os mais pequenos, nem viver como
se os problemas deles fossem menos importantes do que os seus.
O caminho de cada homem é único. Sonhado, construído e percorrido por
si. O destino, o rumo e as opções de cada dia são decisões pessoais.
Para onde se vai e por onde se vai, como se enfrenta cada adversidade,
tudo isto são escolhas individuais e íntimas.
Os egoístas pensam apenas em si, na sobrevivência da sua vida
egoísta. Afundam-se a pouco e pouco e julgam que tal se deve ao facto de
estarem ainda pouco empenhados no seu narcisismo, uma vez que não
questionam nunca o rumo que deram à sua existência.
Outros, na sua condição de heróis que buscam a felicidade, vivem e
lutam pelo bem-estar alheio como se fosse esse o seu, sem se fazerem
notar nem quererem reconhecimento.
É incrível como conseguimos esquecer pessoas às quais devemos boa
parte dos triunfos da nossa vida pessoal, apenas porque, na sua
generosidade, apenas quiseram fazer o que fizeram por nós, não que nos
lembrássemos disso.
Assim também, cada um de nós é chamado a ter uma vida perfeita e a ser feliz, sendo herói na vida de outros.
Uma vida perfeita está cheia de imperfeições. As pessoas felizes não fazem sempre tudo certo.
Só uma vida autêntica, virada para os outros, pode ser plena… de verdade, sentido e amor.
Por José Luís Nunes Martins
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