A resposta de Braga aos recasados

A arquidiocese de Braga - apesar da sua história milenar e de muitas vezes ser considerada conservadora e até retrógrada - está a ser pioneira ao olhar de frente para os problemas da família, em particular para os dos divorciados a viver numa nova união civil.
Está portanto, desta forma, a corresponder aos desafios que o Papa Francisco propôs à Igreja na Exortação Apostólica "Alegria do Amor".

Na Carta Pastoral "Construir a Casa sobre a Rocha", D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, faz uma abordagem global da família, desde a preparação do matrimónio, passando pelo acompanhamento aos casais jovens, sem esquecer os casos em que a aliança matrimonial se rompe e se refaz numa nova união. Foi esta última, como se compreende, a que mereceu maior destaque na Comunicação Social, dada a audácia da arquidiocese em propor soluções concretas e caminhos a trilhar em ordem à reintegração dessas pessoas na comunhão da Igreja.

Neste processo, o primeiro passo é verificar a validade do primeiro casamento canónico e ponderar a hipótese de este ser declarado nulo. O Papa tornou esse processo mais célere e pediu às dioceses que ele não fosse muito oneroso. Os valores divulgados, a rondar os 1500 euros, não são exagerados, havendo a possibilidade de o processo ser totalmente gratuito se as pessoas não conseguirem suportar esse custo.

Caso a anterior união não possa ser declarada nula, propõe-se uma caminhada com um acompanhante espiritual que ajude o casal em situação irregular a fazer o seu discernimento, o qual - como propõe o Papa - lhe poderá permitir, ou não, o acesso aos sacramentos. Foram disponibilizados sacerdotes para esse papel.

Em síntese, propõe-se para estas situações concretas o que deveria ser a práxis habitual de todos os cristãos: ter o seu acompanhante espiritual. Só que poucos pedem esse acompanhamento e apenas alguns o têm noutros contextos, caso de alguns movimentos laicais.

Por falar nisso, os movimentos vocacionados para acompanhar casais que refizeram a sua união poderiam ser apoiados pela Igreja e "credenciados" para garantir esse serviço. A condição seria que garantissem um acompanhamento sério e equilibrado, nem exageradamente rigorista, nem a deslizar para o laxismo.

Caso a anterior união não possa ser declarada nula, propõe-se uma caminhada com um acompanhante espiritual que ajude o casal em situação irregular a fazer o seu discernimento, o qual - como propõe o Papa - lhe poderá permitir, ou não, o acesso aos sacramentos.

Por Fernando Calado Rodrigues | ©JN
 
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