A 1 de novembro a Igreja honra a multidão incontável daquelas e daqueles que foram testemunhas vivas e luminosas de Cristo.
Se um determinado número deles foi oficialmente reconhecido, no
seguimento de um procedimento denominado de "canonização", e são dados
como modelos para a Igreja, ela sabe bem que muitos outros viveram
igualmente na fidelidade ao Evangelho e ao serviço de todos.
É por isso que a 1 de novembro os cristãos celebram todos os
santos, conhecidos ou desconhecidos. Esta festa, solenidade litúrgica, é
por isso também ocasião de lembrar que todos os seres humanos são
chamados à santidade, por caminhos diferentes, por vezes surpreendentes
ou inesperados, mas sempre acessíveis.
A santidade não é um caminho reservado a uma elite: ela diz
respeito a todos que escolhem caminhar no seguimento dos passos de
Cristo.
A vida dos santos constitui uma verdadeira catequese, viva e
próxima. Ela mostra a atualidade da Boa Nova e a presença em ação do
Espírito Santo entre a humanidade. Testemunhas do amor de Deus, estes
homens e mulheres são-nos próximos também pelo seu caminho - não se
tornaram santos de um dia para o outro -, pelas suas dúvidas, os seus
questionamentos, numa palavra, pela sua humanidade.
Durante muito tempo a solenidade de Todos os Santos foi
celebrada próxima da Páscoa e do Pentecostes. O laço com estas duas
grandes festas confere o sentido original de Todos os Santos: saborear
desde já a alegria daqueles que colocaram Cristo no centro das suas
vidas e viver na esperança da ressurreição.
As origens
Desde o século IV a Igreja síria consagrava um dia para
assinalar todos os mártires, cujo número adquiriu tal grandeza que se
tornou impossível evocá-los individualmente.
Três séculos mais tarde, no seu esforço para cristianizar as
tradições pagãs, o papa Bonifácio IV transformou um templo romano
dedicado a todos os deuses - o Panteão - numa igreja consagrada a todos
os santos.
O costume expandiu-se no Ocidente, mas cada Igreja local
assinalava-os em datas diferentes, até que em 835 foi fixada a 1 de
novembro. Na Igreja bizantina o festa de Todos os Santos ocorre no
domingo após o Pentecostes.
Ser santo
O texto das Bem-aventuranças proclamado no Evangelho da missa de
Todos os Santos (Mateus 5, 1-12a) diz-nos, à sua maneira, que a
santidade é o acolhimento da Palavra de Deus, fidelidade e confiança
nele, bondade, justiça, amor, perdão e paz.
São requeridas três vozes para uma beatificação: a do povo
cristão, para a reputação de santidade; a da Igreja (o papa, com a ajuda
da Congregação para a Causa dos Santos), para a declaração da
heroicidade das virtudes (heroicidade significa um dom de si total e
durável no amor) ou do martírio do Servo ou da Serva de Deus, que é
então chamado Venerável; a voz de Deus para um milagre realizado em
ligação com a oração pela intercessão do Servo de Deus.
A beatificação de um mártir não exige milagre, dado que o martírio já testemunha uma ajuda especial recebida de Deus.
É pretendido um período de cinco anos após a morte da pessoa,
para não confundir a reputação de santidade com um entusiasmo popular
passageiro. Mas o papa pode dispensar esta regra, como foi o caso,
recentemente, para Madre Teresa de Calcutá e João Paulo II.
No termo de um inquérito rigoroso, sob a responsabilidade de um
bispo diocesano e o controlo de um promotor de justiça, os testemunhos e
documentos recolhidos, favoráveis ou não, são depositados na
Congregação para as Causas dos Santos.
É precisamente nesta instituição, no Vaticano, que se desenrola
um processo contraditório: um relator fica encarregado do dossiê; o
postulador promove o pedido; o promotor da fé avança com argumentos
contrários.
Intervêm historiadores e teólogos. Os cardinais e bispos da
Congregação dão a sua opinião sobre a heroicidade das virtudes ou sobre o
mártir. As suas posições favoráveis são transmitidas ao papa, a quem
compete declarar a heroicidade das virtudes.
O processo sobre o milagre – um facto prodigioso (com frequência
uma cura física) inexplicável no estado atual da ciência e em ligação
com a oração pela intercessão do Servo de Deus -, após um inquérito
diocesano conduzido com a participação de especialistas, faz intervir,
na Congregação do Vaticano, peritor, teólogos e o promotor da fé. Se os
cardeais e bispos são favoráveis, o dossiê chega à secretária do papa,
que, a sós, reconhece o milagre e decide a beatificação.
A canonização pode ser decidida pelo papa após o reconhecimento
de um outro milagre atribuído à intercessão da pessoa bem-aventurada e
ocorrido depois da beatificação. O papa pode também decidir dispensar
este milagre, tendo em consideração outras circunstâncias
suficientemente evidentes, como foi o caso do papa Francisco para a
declaração do papa João XXIII como santo.
Conferência Episcopal Francesa
Trad. / edição: SNPC
Publicado em 31.10.2017
Trad. / edição: SNPC
Publicado em 31.10.2017
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