Em
uma de suas passagens, o livro-entrevista do Papa Francisco, que será
publicado em breve nas livrarias francesas, fala sobre comunhão aos
divorciados. Nós traduzimos alguns fragmentos do livro “Política e
sociedade”, escrito pelo sociólogo francês Dominique Wolton, adiantados
com exclusividade pela revista de fim de semana do jornal parisiense Le Figaro.
Há um grande perigo em condenar somente a moral “da cintura para baixo”
Papa Francisco: Mas nós, os católicos, como ensinamos a moral? Não
podemos ensinar apenas preceitos como: “Você não pode fazer isso, tem
que fazer aquilo, você pode, você não pode”. A moral é uma consequência
do encontro com Jesus Cristo. Para nós, católicos, é uma consequência da
fé. E para os demais, a moral é uma consequência do encontro com um
ideal, ou com Deus, ou consigo mesmo, mas com a melhor parte de si
mesmo. A moral é sempre uma consequência. […] Algumas pessoas preferem
falar de moral em homilias ou em cursos de teologia. Há um grande perigo
para os pregadores, que é cair na mediocridade… condenar somente a
moralidade – desculpe-me – “da cintura para baixo”. Mas os outros
pecados, que são mais graves, o ódio, a inveja, o orgulho, a vaidade,
matar o outro, tirar a vida… não se fala tanto deles.
“É possível dar comunhão aos divorciados?”
[…]Algumas pessoas com tendências demasiadamente tradicionalistas combatem isso, dizendo que esta não é a verdadeira doutrina.
Sobre a questão das famílias irregulares, eu disse no capítulo oitavo [da Exortação Apostólica Amoris Laetitia] que
há quatro critérios: acolher, acompanhar, discernir as situações
irregulares e integrar. Não se trata de uma norma rígida. Isso abre um
caminho, um caminho de comunicação. Imediatamente, me
perguntaram: “Mas é possível dar a comunhão aos divorciados?”. E eu
respondo: “Conversem com o divorciado, com a divorciada, acolham essas
pessoas, acompanhem-nas, integrem-nas, diferenciem as situações!”
Infelizmente, nós, os sacerdotes, estamos acostumados com normas
rígidas. E assim é difícil para nós “acompanhar o caminho, integrar,
discernir, dizer coisas positivas”. Essa é minha proposição […].
Na realidade, o que acontece é que as pessoas dizem: “Não podem
comungar”, “Não podem fazer isso ou aquilo”: essa é a tentação da
Igreja. Mas não, eu não! Nós encontramos esse tipo de proibições no
drama de Jesus com os fariseus. É a mesma coisa! Os grandes da Igreja
são os que têm uma visão que vai além, os que compreendem: os
missionários.
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