Há muitas pessoas que vivem de
costas voltadas para a sua vida, nem consigo mesmas conseguem falar.
Sobrevivem. Não têm tempo para lutar por si mesmas, pelos seus sonhos,
perdendo-se em tantos trabalhos que julgam ser mais importantes, mas
que, afinal, não prestam para nada.
A verdade é que o tempo passa mais
rápido para os desatentos. A vida vai-nos provando que não há sonhos
impossíveis, apenas sonhadores que não querem deixar de o ser, são
preguiçosos, preferem apenas suspirar em vez de se pôr a caminho.
Não sabemos quanto tempo temos, pelo que
julgar que será muito é tão imprudente quanto considerar que a nossa
vida terminará hoje. E esta dúvida não é má. A falta de certezas é sinal
de que há mistérios que se podem revelar excelentes surpresas.
Há quem passe o tempo no passado,
perdendo-se no que passou... nos ontens que viveu e nos que não teve,
mas que gostava de ter tido. Alguns chegam a dar conta do tempo que
desperdiçaram, mas não aprendem.
Também há aqueles que pairam em futuros
longínquos, perdendo-se em realidades que, longe no tempo e na
realidade, não são nada ainda e poderão nunca chegar a ser. É comum
sonhar-se que tudo aparece feito sem termos que fazer nada. Afinal,
dizem, se é para sonhar, que se sonhe em grande! Pobres que não sabem
sequer que boa parte da felicidade tem de ser fruto das nossas mãos.
São muitos os homens e mulheres que nunca mais foram nada desde que foram crianças e quiseram deixar de o ser...
Quem não tem tempo para a sua vida está morto, apesar das aparências.
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