Fé, sexualidade ecologia e questões económicas e sociais. Recorde aqui as
frases mais polémicas e mais consensuais, incluindo as que nem sabia que ele
tinha pronunciado.
Esta Economia mata...
Evangelii Gaudium (EG), #53
Os direitos humanos não são apenas violados pelo terrorismo, repressão ou
assassinato, mas também por estruturas económicas injustas, que criam enormes
desigualdades.
Críticas ao governo argentino, em 2009, antes de ser eleito Papa
Se uma pessoa é homossexual e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu
para julgar? O Catecismo da Igreja explica isso muito bem. Diz que eles não
devem ser discriminados, mas integrados na sociedade.
Conversa com jornalistas no regresso do Brasil, Julho de 2013
Aquele que se confessa tem de se envergonhar do pecado: a vergonha é uma
graça a pedir, é um bom factor, positivo, porque nos torna humildes.
Em “O Nome de Deus é Misericórdia”
É uma espécie de terceira guerra mundial travada “aos pedaços”
Homilia de missa campal na Bósnia, Junho de 2015
Há alguns meses, 23 coptas egípcios foram degolados numa praia da Líbia.
Naquele momento pronunciaram o nome de Jesus. “Ai, mas não são católicos!” Mas
são cristãos! São nossos irmãos! São os nossos mártires! Isto é ecumenismo de
sangue!
Discurso aos membros do movimento Renovação Carismática, em Roma, Julho
2015
O problema não está ligado ao celibato. Se um padre é pedófilo, é pedófilo
antes de ser padre. Quando isto acontece nunca se pode desviar o olhar. Não se
pode estar numa posição de poder e destruir a vida de outra pessoa.
Sobre o Céu e a Terra, escrito antes de ser eleito Papa, com o rabino
Abraham Skorka
Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem
terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o
trabalho dá.
Discurso aos movimentos populares, em Roma, Outubro de 2014
Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas
estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às
próprias seguranças.
EG #49
Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É inútil
perguntar a um ferido grave se tem o colesterol ou o açúcar altos. Devem
curar-se as suas feridas. Depois podemos falar de tudo o resto. Curar as
feridas, curar as feridas... E é necessário começar de baixo.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
Aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de
tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor.
EG #44
Os males mais graves que afligem o mundo hoje em dia são o desemprego dos
jovens e a solidão dos idosos.
Frase atribuída a Francisco pelo jornalista Eugenio Scalfari, Outubro de
2013
Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento
homossexual e uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível. Eu não falei
muito destas coisas e censuraram-me por isso. Mas quando se fala disto, é
necessário falar num contexto. De resto, o parecer da Igreja é conhecido e eu
sou filho da Igreja, mas não é necessário falar disso continuamente.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
Alguns pensam, e desculpem o termo, que para serem bons católicos devem ser
como coelhos.
Conversa com jornalistas no regresso das Filipinas, referindo-se à
procriação, Janeiro de 2015
Consola-me e dá-me esperança ver tantas famílias numerosas que acolhem as
crianças como verdadeiros dons de Deus.
Audiência Geral 1 de Janeiro de 2015
A corrupção produz um vício e gera pobreza, exploração, sofrimento. E
quantas vítimas não existem no mundo de hoje!
Angelus dominical, Setembro de 2016
Uma das coisas mais féis sobre a corrupção é que aquele que se torna
corrupto pensa que não precisa do perdão.
Homilia da missa diária, Janeiro de 2016
É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se ele, grande amigo,
ofender a minha mãe, pode esperar um murro. É normal!
Conversa com jornalistas no voo para as Filipinas, Janeiro de 2015
Na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina, na África, nalguns países
da Ásia, existem verdadeiras colonizações ideológicas. E uma delas – digo-a
claramente por “nome e apelido” – é o gender! Hoje às crianças – às crianças!
–, na escola, ensina-se isto: o sexo, cada um pode escolhê-lo. E porque ensinam
isto? Porque os livros são os das pessoas e instituições que te dão dinheiro.
São as colonizações ideológicas, apoiadas mesmo por países muito influentes.
Conversa com bispos polacos à margem da JMJ, Agosto de 2016
Não sejamos ingénuos, não é uma mera luta política; é uma intenção
destrutiva do plano de Deus. Não é um mero projecto legislativo (isso é apenas
o instrumento), mas antes uma manobra do pai das mentiras, que deseja confundir
e enganar os filhos de Deus.
Carta às carmelitas a propósito da proposta de lei para legalizar o
casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina, Setembro de 2013, quando
ainda era arcebispo de Buenos Aires
Homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do dinheiro e do consumo. Se
uns sem-abrigo morrem congelados na rua, isso não é notícia. Por outro lado,
uma queda de 10 pontos na bolsa de algumas cidades é vista como uma tragédia. É
assim que as pessoas são descartadas. Nós, pessoas, somos descartados, como se
fôssemos lixo. A vida humana, a pessoa, já não são vistas como valores
primordiais a respeitar e a proteger, sobretudo se forem idosos e deficientes,
se ainda não tiverem utilidade – como as crianças não nascidas – ou se já não
tiverem utilidade – como os idosos.
Audiência geral, Junho de 2013
“Uma pessoa que só pensa em fazer muros, seja onde for, em vez de fazer
pontes, não é cristão. Isso não é do Evangelho. Sobre votar ou não votar, não
interfiro; digo apenas que este homem não é cristão. Se é que ele disse isto
assim; é preciso apurar se ele disse mesmo assim. Por isso, dou-lhe o benefício
da dúvida.
Papa em conversa com jornalistas no regresso da visita ao México,
questionado sobre Donald Trump e a construção do muro na fronteira com o
México, Fevereiro de 2016
Encorajo-vos a acolher os refugiados nas vossas terras e nas vossas
comunidades, para que a sua primeira experiência na Europa não seja a experiência
traumática de dormir nas ruas frias, mas de acolhimento caloroso.
Papa aos alunos de escolas jesuítas da Europa, em Roma, Setembro 2016
Jesus jamais nos pediria para sermos assassinos; antes, chama-nos a sermos
discípulos. Ele jamais nos enviaria para a morte, mas pelo contrário, tudo
neles fala de vida. Uma vida em família, vida em comunidade; famílias e
comunidades para o bem da sociedade.
Papa aos jovens do México, Fevereiro de 2016
Bento XVI encarna aquela relação constante com o Senhor Jesus sem a qual
nada é verdade, tudo se torna rotina, os padres tornam-se funcionários
salariados, os bispos tornam-se burocratas e a Igreja não é a Igreja de Cristo,
mas um produto nosso, uma ONG supérflua.
Prefácio de “Ensinar e aprender o amor de Deus”, uma colecção de textos de
autoria de Papa Bento XVI
A filosofia e a teologia permitem-nos adquirir as convicções que estruturam
e fortalecem a inteligência e iluminam a vontade… Mas tudo isto apenas dá fruto
se for feito de mente aberta e de joelhos.
Discurso do Papa a representantes de universidades pontifícias em Roma,
Abril de 2014
Por causa dos condicionalismos ou dos factores atenuantes, é possível que
uma pessoa, no meio duma situação objectiva de pecado – mas subjectivamente não
seja culpável ou não o seja plenamente –, possa viver em graça de Deus, possa
amar e possa também crescer na vida de graça e de caridade, recebendo para isso
a ajuda da Igreja. (Em certos casos, poderia haver também a ajuda dos
sacramentos.)
Amoris Laetitia (AL), #305, sobre pessoas em uniões irregulares
A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se
nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos.
Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra
oprimida e devastada, que “geme e sofre as dores do parto”.
Laudato si (LS), #2
Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante
um preocupante aquecimento do sistema climático. Nas últimas décadas, este
aquecimento foi acompanhado por uma elevação constante do nível do mar, sendo
difícil não o relacionar ainda com o aumento de acontecimentos meteorológicos
extremos, embora não se possa atribuir uma causa cientificamente determinada a
cada fenómeno particular. A humanidade é chamada a tomar consciência da
necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para
combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou
acentuam.
LS #23
Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente,
alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões
internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as
ajudas económicas a determinadas políticas de “saúde reprodutiva”. (…)
Pretende-se, assim, legitimar o modelo distributivo actual, no qual uma minoria
se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível
generalizar, porque o planeta não poderia sequer conter os resíduos de tal
consumo.
LS #50
Embora suponha também processos evolutivos, o ser humano implica uma
novidade que não se explica cabalmente pela evolução doutros sistemas abertos.
Cada um de nós tem em si uma identidade pessoal, capaz de entrar em diálogo com
os outros e com o próprio Deus.
LS #81
Não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não
parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos
rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá protecção
a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incómodos e
dificuldades.
LS #120
Um teólogo que não reza, ou que não adora a Deus, acaba por se afundar no
mais repugnante narcisismo. E esta é uma doença eclesiástica. O narcisismo, nos
teólogos e nos pensadores, é prejudicial e repugnante.
Discurso do Papa a representantes de universidades pontifícias em Roma,
Abril de 2014
Infelizmente essa tragédia, esse genocídio, foi o primeiro de uma série de
catástrofes deploráveis do século passado, tornado possível por objectivos
raciais, ideológicos ou religiosos deturpados, que escureceram as mentes dos
algozes, ao ponto de planear a aniquilação de povos inteiros.
Discurso em Yerevan, Arménia, Junho de 2016
Nós, cristãos, deveríamos acolher com afecto e respeito os imigrantes do
Islão que chegam aos nossos países, tal como esperamos e pedimos para ser
acolhidos e respeitados nos países de tradição islâmica. Rogo, imploro
humildemente a esses países que assegurem liberdade aos cristãos para poderem
celebrar o seu culto e viver a sua fé, tendo em conta a liberdade que os
crentes do Islão gozam nos países ocidentais.
EG #253
O verdadeiro Islão e uma interpretação adequada do Alcorão opõem-se a toda
a violência.
EG #253
A proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas
eclesiais, nunca envelhece. Jesus Cristo pode romper também os esquemas
enfadonhos em que pretendemos aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a sua
constante criatividade divina
EG #11
Um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais
agradável a Deus do que a vida externamente correcta de quem transcorre os seus
dias sem enfrentar sérias dificuldades.
EG #44
Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o
anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas
como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um
banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas “por atracção”.
EG #14
Desejo afirmar, com mágoa, que a pior discriminação que sofrem os pobres é
a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial
abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a
sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a
proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção
preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude
religiosa privilegiada e prioritária.
EG #200
Penso, aliás, que não se deve esperar do magistério papal uma palavra
definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao
mundo. Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento
de todas as problemáticas que sobressaem nos seus territórios. Neste sentido,
sinto a necessidade de proceder a uma salutar “descentralização”.
EG #16
A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há
uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano.
EG #55
Sempre me angustiou a situação das pessoas que são objecto das diferentes
formas de tráfico. Quem dera que se ouvisse o grito de Deus, perguntando a
todos nós: ‘Onde está o teu irmão?’ (Gn 4, 9). Onde está o teu irmão escravo?
Onde está o irmão que estás matando cada dia na pequena fábrica clandestina, na
rede da prostituição, nas crianças usadas para a mendicidade, naquele que tem
de trabalhar às escondidas porque não foi regularizado? Não nos façamos de
distraídos!
EG #211
44- Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predilecção,
estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje
se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece,
tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir
(...) esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer
direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e
inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento.
EG #213
45- A nossa tristeza e vergonha pelos pecados de alguns membros da Igreja,
e pelos próprios, não devem fazer esquecer os inúmeros cristãos que dão a vida
por amor.
EG #76
46- “Um dos sinais concretos desta abertura é ter, por todo o lado, igrejas
com as portas abertas. Assim, se alguém quiser seguir uma moção do Espírito e
se aproximar à procura de Deus, não esbarrará com a frieza duma porta fechada.”
EG #47
47- Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem
vocações genuínas. (...) Por outro lado, apesar da escassez vocacional, hoje
temos noção mais clara da necessidade de melhor selecção dos candidatos ao
sacerdócio. Não se podem encher os seminários com qualquer tipo de motivações,
e menos ainda se estas estão relacionadas com insegurança afectiva, busca de
formas de poder, glória humana ou bem-estar económico.
EG #107
48- Por conseguinte, ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para
a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e
nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil,
sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos. Quem
ousaria encerrar num templo e silenciar a mensagem de São Francisco de Assis e
da Beata Teresa de Calcutá?
EG #183
49- Pelo menos digamos ao Senhor: “Senhor, estou chateado com este, com
aquela. Peço-Vos por ele e por ela”. Rezar pela pessoa com quem estamos
irritados é um belo passo rumo ao amor, e é um acto de evangelização. Façamo-lo
hoje mesmo.
EG #101
50- A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é
um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os
fracos. Estas convicções têm também consequências pastorais, que somos chamados
a considerar com prudência e audácia. Muitas vezes agimos como controladores da
graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa
paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa.
EG #47
51- O sacerdócio reservado aos homens, como sinal de Cristo Esposo que Se
entrega na Eucaristia, é uma questão que não se põe em discussão, mas pode
tornar-se particularmente controversa se se identifica demasiado a potestade
sacramental com o poder. (...) O sacerdócio ministerial é um dos meios que
Jesus utiliza ao serviço do seu povo, mas a grande dignidade vem do Baptismo,
que é acessível a todos.
EG #104
52- A dignidade da pessoa humana e o bem comum estão por cima da
tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios.
EG #218
53- Ninguém deveria dizer que se mantém longe dos pobres, porque as suas
opções de vida implicam prestar mais atenção a outras incumbências. Esta é uma
desculpa frequente nos ambientes académicos, empresariais ou profissionais, e
até mesmo eclesiais.
EG #201
54- Às vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente
distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana,
que toquemos a carne sofredora dos outros. Espera que renunciemos a procurar
aqueles abrigos pessoais ou comunitários que permitem manter-nos à distância do
nó do drama humano, a fim de aceitarmos verdadeiramente entrar em contacto com
a vida concreta dos outros e conhecermos a força da ternura. Quando o fazemos,
a vida complica-se sempre maravilhosamente e vivemos a intensa experiência de
ser povo, a experiência de pertencer a um povo.
EG #270
55- “O que seria da Igreja sem vocês? Faltaria a maternidade, o afecto, a
ternura e a intuição de mãe! A consagrada é uma mãe e não uma solteirona!”
Discurso a superiores de ordens religiosas femininas, Maio de 2013
56- O sacerdote que sai pouco de si mesmo, que unge pouco, perde o melhor
do nosso povo, aquilo que é capaz de activar a parte mais profunda do seu
coração presbiteral. Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se
pouco a pouco um intermediário, um gestor. Daqui deriva precisamente a
insatisfação de alguns, em vez de serem pastores com o “cheiro das ovelhas”,
pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens.
Homilia da Missa do Crisma, Março de 2013
57- Apenas posso dizer que os comunistas roubaram-nos a bandeira. A
bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho… Os
comunistas dizem que isto é tudo comunismo. Certo, mas vinte séculos mais
tarde. Por isso quando falam, podemos-lhes dizer, “Mas então tu és cristão”.
Entrevista ao jornal Il Messaggero, Junho de 2014
58- De vários lados se colhe uma impressão geral de cansaço e
envelhecimento, de uma Europa avó que já não é fecunda nem vivaz. Daí que os
grandes ideais que inspiraram a Europa pareçam ter perdido a sua força de
atracção, em favor do tecnicismo burocrático das suas instituições.
Discurso no Parlamento Europeu, Novembro de 2014
59- Aos recém-casados, sempre dou este conselho: discutam o quanto
quiserem; não se preocupem se voarem alguns pratos. Mas nunca terminem o dia
sem fazer as pazes. Nunca!
Visita a Assis, Outubro de 2013
60- Vocês ouvem os avós? Abrem o vosso coração à memória que nos dão os
avós? Os avós são a sabedora da família, são a sabedoria de um povo. E um povo
que não ouve os avós, é um povo que morre! Ouçamos os avós!
Discurso aos participantes da Peregrinação das Famílias, Outubro de 2014
61- Uma vez uma pessoa, de modo provocatório, perguntou-me se aprovava a
homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com uma outra pergunta: “Diz-me:
Deus, quando olha para uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com
afecto ou rejeita-a, condenando-a?” É necessário sempre considerar a pessoa.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
62- A Igreja não tem as portas fechadas para ninguém. Os divorciados não
estão excomungados como alguns pensam, e não podem ser tratadas como tal, elas
fazem sempre parte da Igreja.
Audiência geral, Agosto de 2015
63- Quem é Jorge Bergoglio? Sou um picador. Essa é a definição mais
correcta. Não é uma figura de estilo, um recurso literário. Sou um pecador.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
64- Em Portugal, só estive uma vez no aeroporto, há anos, quando vinha para
Roma, num avião da Varig que fazia escala em Lisboa, por isso, só conheço o
aeroporto. Mas conheço muitos portugueses. E, no Seminário de Buenos Aires,
havia muitos empregados, emigrantes portugueses, gente boa, que tinha muita
familiaridade com os seminaristas. E o meu pai tinha um colega de trabalho
português. Lembro-me do seu nome, Adelino, bom homem. E uma vez conheci uma
senhora portuguesa, com mais de 80 anos, que me deixou boa impressão. Quer
dizer, nunca conheci um português mau.
Entrevista
à Renascença, Setembro de 2015
65- O clericalismo, que é uma das doenças mais graves de que a Igreja
padece, distancia-se da pobreza. O clericalismo é rico. Se não é rico em
dinheiro, é rico em orgulho. Mas é rico: Há no clericalismo um apego às posses.
Conversa com os jesuítas presentes em Roma para a XXXVI Convenção Geral,
2016
66- Tenho a impressão de
que o meu pontificado será breve – quatro ou cinco anos, talvez até dois ou
três. Dois já passaram. É uma sensação um bocado estranha. Sinto que o Senhor
me colocou aqui por pouco tempo.
Entrevista ao canal
mexicano Televisa, Março de 2015
67- A Palavra de Deus
não se apresenta como uma sequência de teses abstractas, mas como companheira
de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma
tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho.
Amoris Laetitia (AL),
#22
68- Também nos custa
deixar espaço à consciência dos fiéis, que muitas vezes respondem o melhor que
podem ao Evangelho no meio dos seus limites, e são capazes de realizar o seu
próprio discernimento perante situações onde se rompem todos os esquemas. Somos
chamados a formar as consciências, não a pretender substitui-las.
AL #37
69- Precisamos de
encontrar as palavras, as motivações e os testemunhos que nos ajudem a tocar as
cordas mais íntimas dos jovens, onde são mais capazes de generosidade, de
compromisso, de amor e até mesmo de heroísmo, para convidá-los a aceitar, com
entusiasmo e coragem, o desafio do matrimónio.
AL #40
70- A eutanásia e o
suicídio assistido são graves ameaças para as famílias, em todo o mundo. A sua
prática é legal em muitos Estados. A Igreja, ao mesmo tempo que se opõe
firmemente a tais práticas, sente o dever de ajudar as famílias que cuidam dos
seus membros idosos e doentes.
AL #48
71- Nas situações
difíceis em que vivem as pessoas mais necessitadas, a Igreja deve pôr um
cuidado especial em compreender, consolar e integrar, evitando impor-lhes um
conjunto de normas como se fossem uma rocha, tendo como resultado fazê-las
sentir-se julgadas e abandonadas precisamente por aquela mãe que é chamada a
levar-lhes a misericórdia de Deus. Assim, em vez de oferecer a força sanadora
da graça e da luz do Evangelho, alguns querem “doutrinar” o Evangelho,
transformá-lo em “pedras mortas para as jogar contra os outros”.
AL #49
72- Devemos reconhecer a
grande variedade de situações familiares que podem fornecer uma certa regra de
vida, mas as uniões de facto ou entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, não
podem, simplisticamente, ser equiparadas ao matrimónio. Nenhuma união precária
ou fechada à transmissão da vida garante o futuro da sociedade.
AL #52
73- [A educação] não é
apenas um encargo ou um peso, mas também um direito essencial e insubstituível
[dos pais] que estão chamados a defender e que ninguém deveria pretender
tirar-lhes. O Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária,
acompanhando a função não delegável dos pais, que têm o direito de poder
escolher livremente o tipo de educação – acessível e de qualidade – que querem
dar aos seus filhos, de acordo com as suas convicções.
AL #84
74- Comprometer-se de
forma exclusiva e definitiva com outrem sempre encerra uma parcela de risco e
de aposta ousada. A recusa de assumir um tal compromisso é egoísta,
interesseira, mesquinha; não consegue reconhecer os direitos do outro e não
chega jamais a apresentá-lo à sociedade como digno de ser amado
incondicionalmente.
AL #132
75- As famílias
numerosas são uma alegria para a Igreja. Nelas, o amor manifesta a sua
fecundidade generosa.
AL #167
76- Talvez a maior
missão de um homem e de uma mulher no amor seja esta: a de se tornarem, um ao
outro, mais homem e mais mulher.
AL #221
77- Frequentemente a
educação sexual concentra-se no convite a “proteger-se”, procurando um “sexo
seguro”. Estas expressões transmitem uma atitude negativa a respeito da
finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse
um inimigo de que é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade
narcisista, em vez do acolhimento.
AL #283
78- A misericórdia é
verdadeira, é o primeiro atributo de Deus. Depois, podem-se fazer reflexões
teológicas sobre doutrina e misericórdia, mas sem esquecer que a misericórdia é
doutrina. Contudo, gosto mais de dizer: A misericórdia é verdadeira.
Em “O Nome de Deus é
Misericórdia”
79- A família é também a
primeira escola da misericórdia, porque se é amado e se aprende a amar, se é
perdoado e aprende-se a perdoar. Penso no olhar de uma mãe que trabalha muito
para comprar o pão para o filho toxicodependente. Ama-o apesar dos seus erros.
Em “O Nome de Deus é
Misericórdia”
80- A prostituição é
pecado, e as prostitutas são chamadas mulheres de má vida ou simplesmente más
mulheres. Socialmente diz-se que são execráveis, porque contaminam a cultura e
a boa educação. E a mesma pessoa que diz isto vai à festa do terceiro casamento
de uma conhecida (depois do segundo divórcio), ou aceita que fulana ou sicrana
tenha umas aventurazinhas (desde que sejam de bom gosto), ou que se publiquem
as insatisfações amorosas de tal actriz de cinema, que muda de companheiro como
quem troca de sapatos. O meu ponto é: há uma diferença entre a prostituta e a
dita senhora sem preconceitos. A primeira ainda não perdeu o seu pudor; a
segunda, aparentemente, está para lá do pudor, numa atitude de desfaçatez, que
as convenções sociais convertem em pudica.
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