Choros ou gritos das crianças
podem atrapalhar, mas a comunidade deve incentivar a participação de toda
família.
“Chata!” Respondi à minha
avó quando me perguntou sobre o que eu havia achado da Missa. Na época, eu
tinha uns seis anos. E olha que cresci em uma família católica, frequentando
Missas e catequeses! Recordo que ir à Missa, muitas vezes, representava uma
soneca durante a homilia, pipocas doces e coloridas ou sorvete no fim.
Confesso que minha participação não era exemplar, porém, creio que essa liberdade
na participação foi ajudando a semear a fé em meu coração e em minha mente.
Conforme concluiu o Concílio Vaticano II, a Eucaristia é a fonte
e ápice da vida cristã. Conscientes da suma importância desse sacramento,
muitos pais ficam preocupados se seus filhos estão participando da Missa de
maneira adequada ou ainda se não estão atrapalhando as pessoas ao redor.
Afinal, olhares de recriminação são rapidamente percebidos. Paciência e
coragem! Vejam cinco conselhos do Papa Francisco para continuarmos indo à Missa
com nossas crianças:
1. O que fazer quando a
criança chora?
“O choro da criança é a
voz de Deus, é a melhor oração”, afirma o Papa Francisco. Disse que, quando
alguém fica incomodado ao ver uma criança chorando na igreja e pede para
retirá-la, está apagando a voz de Deus. “As crianças choram, fazem barulho em
todos os lugares. Mas nunca podemos expulsar as crianças que choram na igreja”,
completa. Afinal, o pedido de Jesus é claro: “Deixem as crianças virem a mim”.
2. O que fazer quando a criança
sentir fome?
“Amamente-os, não se
preocupem”, ensina. Muitas mães ficam constrangidas diante da necessidade de
alimentar seus filhos. “Vocês mães dão leite às suas crianças e, mesmo agora,
se eles chorarem por estarem com fome, amamente-os, não se preocupem”, disse o
Papa em uma celebração na Capela Sistina. Nesses momentos, rezem por tantas
mães pobres do mundo que não conseguem alimentar sua família.
3. Como ensinar as crianças?
O Santo Padre recorda que
tudo depende da atitude que temos para com as crianças. Francisco questiona se
o que se ensina às crianças com as palavras é vivido por quem transmite a fé.
“Com as palavras não serve… Hoje, as palavras não servem! Neste mundo da
imagem, todos estes têm telefone e as palavras não servem… Exemplo! Exemplo!”,
exorta o Papa.
4. Como deve ser a oração das
crianças?
“Rezem ao Senhor, rezem à
Nossa Senhora, para que ajudem vocês neste caminho da verdade e do amor. ‘Vocês
entenderam? Vocês vieram aqui para ver Jesus, de acordo? Ou deixamos Jesus de
lado?’ (As crianças respondem: ‘não!’). Agora, Jesus vem ao altar. E todos nós
O veremos! Neste momento, devemos pedir a Ele que nos ensine a caminhar na
verdade e no amor”, ensina Francisco.
5. Coração das crianças: lugar
de oração
O Papa destaca ainda
gestos muito delicados, como quando as mães ensinam os filhos pequenos a
mandarem um beijo a Jesus ou a Nossa Senhora. Falo disso em meu livro ‘Papa Francisco
às Famílias, os segredos para a conquista de um lar feliz’: “Quanta
ternura há nisso! Naquele momento, o coração das crianças se transforma em
lugar de oração. E é um dom do Espírito Santo. Não nos esqueçamos nunca de
pedir este dom para cada um de nós, porque o Espírito de Deus tem aquele seu
modo especial de dizer, nos nossos corações, ‘Abá’ – ‘Pai’. Ele nos ensina a
dizermos “Pai” propriamente como o dizia Jesus, um modo que nunca poderemos
encontrar sozinhos.”
Uma graça oferecida a todos
Não entendendo direito o
significado do que está acontecendo, os pequenos têm dificuldade de ficar
sentados e tranquilos durante uma hora (tempo que costuma durar uma celebração
dominical). Choros ou gritos de crianças parecem interromper a sacralidade das
funções. Criança é criança. Não teria sentido fingir uma participação, fazer
caras e bocas, já que o significado da celebração se aprende com o tempo.
Leia mais:
O que nos consola é saber que, na Missa, há uma graça
comunitária e pessoal oferecida a todos. Na Eucaristia, o Espírito Santo
transforma pão e vinho em Corpo e Sangue de Cristo, agindo na comunidade para
torná-la Corpo no Senhor. Meus pais e avós conseguiram transmitir a mim a fé,
minha maior herança. Agora, é minha vez de transmitir a fé ao meu filho e às
novas gerações. Claro, não estou sozinho, conto com pessoas mais experientes
como meus familiares e amigos de caminhada.
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