"Alegria do
Amor" para um bom matrimónio:
O Papa Francisco usou o “hino da
caridade” de São Paulo, em sua primeira Carta aos Coríntios, a fim de dar
alguns conselhos sobre como sustentar um bom casamento durante os anos baseado
no amor verdadeiro.
O Papa Francisco usou o “hino da
caridade” de São Paulo, em sua primeira Carta aos Coríntios, a fim de dar
alguns conselhos sobre como sustentar um bom casamento durante os anos baseado
no amor verdadeiro.
“Vale a pena deter-se a esclarecer o
significado das expressões deste texto, tendo em vista uma aplicação à
existência concreta de cada família”, explicou.
1. Paciência: Esta, escreveu Francisco, “não é deixar
que nos maltratem permanentemente, nem tolerar agressões físicas, ou permitir
que nos tratem como objetos”, mas “o amor tem sempre um sentido de profunda
compaixão que leva a aceitar o outro como parte deste mundo, também quando atua
de um modo diferente ao qual eu desejaria”.
“O problema surge quando exigimos que
as relações sejam idílicas, ou que as pessoas sejam perfeitas, ou quando nos
colocamos no centro e esperamos que se cumpra unicamente a nossa vontade. Então
tudo nos impacienta, tudo nos leva a reagir com agressividade”, advertiu.
2. Atitude de serviço: O Papa destacou que em sua carta, São
Paulo “quer insistir que o amor não é apenas um sentimento, mas deve ser
entendido no sentido que o verbo ‘amar’ tem em hebraico: ‘fazer o bem’”.
“Como dizia Santo Inácio de Loyola, ‘o
amor deve ser colocado mais nas obras do que nas palavras’. Assim poderá
mostrar toda a sua fecundidade, permitindo-nos experimentar a felicidade de
dar, a nobreza e grandeza de doar-se superabundantemente, sem calcular nem
reclamar pagamento, mas apenas pelo prazer de dar e servir”.
3. Curando a inveja: “No amor não há lugar para sentir
desgosto pelo bem de outro”, sublinhou o Papa. Ao mesmo tempo, explicou que “a
inveja é uma tristeza pelo bem alheio, demostrando que não nos interessa a
felicidade dos outros, porque estamos concentrados exclusivamente no nosso
bem-estar”.
O Santo Padre indicou que “o verdadeiro
amor aprecia os sucessos alheios, não os sente como uma ameaça, libertando-se
do sabor amargo da inveja. Aceita que cada um tenha dons distintos e caminhos
diferentes na vida”.
4. Sem ser arrogante nem se orgulhar: Francisco destacou que “quem ama não só
evita falar muito de si mesmo, mas, porque está centrado nos outros, sabe
manter-se no seu lugar sem pretender estar no centro”.
“Alguns julgam-se grandes, porque sabem
mais do que os outros, dedicando-se a impor-lhes exigências e a controlá-los;
quando, na realidade, o que nos faz grandes é o amor que compreende, cuida,
integra, está atento aos fracos”, disse.
5. Amabilidade: “Amar é também tornar-se amável”,
precisou o Papa. E isto significa que “o amor não age rudemente, não atua de
forma inconveniente, não se mostra duro no trato.
Os seus modos, as suas palavras, os
seus gestos são agradáveis; não são ásperos, nem rígidos. Detesta fazer sofrer
os outros”.
6. Desprendimento: Ao contrário da frase popular que diz
que “para amar os outros, é preciso primeiro amar-se a si mesmo”, o Papa
recordou que neste hino à caridade, São Paulo “afirma que o amor ‘não procura o
seu próprio interesse’, ou ‘não procura o que é seu’”.
“Deve-se evitar de dar prioridade ao
amor a si mesmo, como se fosse mais nobre do que o dom de si aos outros”.
7. Sem violência interior: O Papa encorajou na Amoris Laetitia a
evitar “uma irritação recôndita que nos põe à defesa perante os outros, como se
fossem inimigos molestos a evitar”.
“O Evangelho convida a olhar primeiro a
trave na própria vista”, acrescentou, para logo exortar: “Se tivermos de lutar
contra um mal, façamo-lo; mas sempre digamos ‘não’ à violência interior”.
8. Perdão: Francisco recomendou não deixar lugar
“ao ressentimento que se aninha no coração”, mas sim trabalhar em “um perdão
fundado em uma atitude positiva que procura compreender a fraqueza alheia e
encontrar desculpas para a outra pessoa”.
O Papa assegurou que a comunhão
familiar “só pode ser conservada e aperfeiçoada com grande espírito de sacrifício.
Exige, de fato, de todos e de cada um, pronta e generosa disponibilidade à
compreensão, à tolerância, ao perdão, à reconciliação”.
9. Alegrar-se com os outros: “Quando uma pessoa que ama pode fazer
algo de bom pelo outro, ou quando vê que a vida está a correr bem ao outro,
vive isso com alegria e, assim, dá glória a Deus”, indicou o Santo Padre.
“A família deve ser sempre o lugar onde
uma pessoa que consegue algo de bom na vida, sabe que ali se vão congratular
com ela”.
10. Tudo desculpa: Isto, explicou o Papa, “implica limitar
o juízo, conter a inclinação para se emitir uma condenação dura e implacável:
‘Não condeneis e não sereis condenados’ (Lc 6, 37)”.
“113. Os
esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais
o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo o caso, guardam
silêncio para não danificar a sua imagem. Mas não é apenas um gesto externo,
brota de uma atitude interior”.
11. Confia: “Não se trata apenas de não suspeitar
que o outro esteja mentindo ou enganando”, explicou o Santo Padre.
“Não é necessário controlar o outro,
seguir minuciosamente os seus passos, para evitar que fuja dos meus braços. O
amor confia, deixa em liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir, a
dominar”, disse.
12. Espera: Esta palavra, indicou o Papa, “indica a
esperança de quem sabe que o outro pode mudar”.
“Não significa que, nesta vida, tudo
vai mudar; implica aceitar que nem tudo aconteça como se deseja, mas talvez
Deus escreva direito por linhas tortas e saiba tirar algum bem dos males que
não se conseguem vencer nesta terra”, assinalou.
13. Tudo suporta: O Santo Padre assinalou que isto “não
consiste apenas em tolerar algumas coisas molestas, mas é algo de mais amplo:
uma resistência dinâmica e constante, capaz de superar qualquer desafio”.
“O amor não se deixa dominar pelo
ressentimento, o desprezo das pessoas, o desejo de se lamentar ou vingar de
alguma coisa. O ideal cristão, nomeadamente na família, é amor que apesar de
tudo não desiste”.
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